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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

AMPLIAÇÃO (IN UTERO)

Orly, 18 de setembro de 2013.

Às portas da volta, olho fixamente o guichê de check in da companhia aérea portuguesa, que não abrirá antes de escoada a madrugada. Vão-me atender em português? A esta altura já desejo que sim. A esta altura o português luso já me soa poético, de uma poesia já doméstica. Pouco me importa que seu fuso esteja mais perto deste, francês. Vou voltar no tempo. Voltar no tempo...

Esta semana exibi uma foto de um inopinado arco-íris na Champs-Élysées, o que levou uma amiga a comentar que queria estar ali, longe não sei de quê. Pareceu-me claro que não era o desejo do destino, mas uma refutação da origem. Não sei se algum dia alimentou-me uma tal ilusão. Gosto de ir e, no entanto, hesito sempre. Não. Não gosto de ir. Gosto de "estar ido". E talvez do que tenha medo é do que descubro sobre mim, a meu desrespeito, estando longe. É sempre muito. É sempre sobre o mais vulnerável de mim, o mais indefeso de mim. E lá pelas tanta, abatido por ter andado comigo, nasce-me um desejo urgente de regresso. E volto contra o fuso e confuso. E não era mesmo fuga. Volto com mais de mim do que parti, tudo ampliado, tudo às escâncaras. E preciso logo me esconder no diuturno. 

Eu fujo é de volta!


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

INDIGÊNCIA

Paris, 17 de setembro de 2013.

No meu dia de despedida da cidade passo, nas proximidades da Sorbonne, por um clochard que ignorava calmamente o seu copo de moedinhas, absorvido que estava pelo livro que parecia devorar. Nunca antes na vida pareceu-me tão próxima a indigência, nunca antes consegui ver-me tão bem num quadro tão supostamente distante. Ver-me bem? Mas é que não sei exatamente o que seja a indigência, e sei de grandes homens que investiram tanto tempo em integrar-se (entregar-se desintegrando-se em páginas) que não tiveram tempo de se locupletar. E o senhorzinho que lê diante do copo? Tão distraído que nem vê a indigência desfilar-lhe ante os olhos pejada de sacolas...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

METRÔ

Paris, 12 de setembro de 2013.

No metrô de todo o dia experimentei um inédito orgulho da diversidade  da terrinha, a partir da constatação boba de que todos ali, ou melhor, de que qualquer um ali poderia ser brasileiro. Depois, dentro disso, pareceu-me estranha, surpreendeu-me a dessemelhança que sentia em relação à porção do todo que mais me cativava a atenção. Não demorou muito para ter, num estalo, a percepção de que não era dos franceses que me distanciava, mas dos jovens.
E foi duro perceber que não duraria mesmo muito no chão duro do Champ de Mars, mesmo o vinho sendo francês, nem muito nos bancos duros da Savassi, mesmo muitos me tratando de "você".
É, envelhece-se!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

AROMA

Roma, 09 de setembro de 213.

Eu tenho dito que todos os caminhos levam aroma quando se está perfumado. E não poderia deixar de pensá-lo, na cidade eterna, onde recebendo instruções sobre como fazer como os romanos fica é mesmo patente que a essência que aqui exala é brasileira. O calor, mesmo forte, não é o nosso. O sorvete não é o nosso. A massa decididamente não é a nossa! Mas o meu jeito de os sentir, o meu jeito de os reunir sob a rubrica do diverso, é todo nosso! E aí nenhuma canção italianamente efusiva me ocorre, mas a calmaria do nosso Geraldo: "Fico pensando que por mais que eu ande, eu não consigo me afastar de mim." Que bom! Mas a Fonata Di Trevi é mesmo muito bonita!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

FLUXO


Paris, 06 de setembro de 2013.

A pressa, parece, é a mesma partout. Pas la paresse de ces jours! Há qualquer coisa sedutora na indolência dos franceses que desfrutam qualquer verde que se lhes depare. Estiram-se por todos os jardins, espraiam-se à margem do rio. É a alegria concentrada de quem sabe que a estação  não lhes dura nada. É um afã de perpetuidade. Não sei nada do eterno, mas o terno e simples espetáculo me fica, porque todos somos capazes disso. Pobre do maldito que, numa tarde de enguiço, não sabe desfrutar a alegriazinha besta de uma rede amarela; uma rede para pensar nela ou só para não se estar a trabalho. Uma rede para se estar ao agasalho do sonho, mesmo se desperto. Uma rede, uma tarde... A felicidade anda perto. Vagabundo aqui, vagabundo em Paris, vagabundo onde a sorte me quis. A sorte de andar à toa. Andar à toa é um pouco de infância, o tempo da Samoa. Alma que se expande e dilata. Alma que aquilata que nada atordoa. Só vago, tudo é vasto! Sem tramas, sem embaraços. Minha alma é amplidão!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Uma questão demérito



Eram inseparáveis. Talvez fosse mais justo alcunhá-los comparsas do que chamá-los amigos. Onde quer que uma boa farra os chamasse, acorriam e acudiam-se. Um era mais forte e(o que talvez não espante)abrutalhado. O outro, não propriamente frágil, tinha mais bonitos os traços e era versado na polidez, essa imitação de virtude bastante ao trânsito social.

Eram mais de ação que de expressão; o primeiro em harmonia com o conjunto, o segundo porque, sua beleza não lhe exigindo muito da expressão, acabou levando a que esta já não a pudesse mesmo socorrer.

A oportunidade do fim de semana desses colegiais era um calourada, congraçamento de juristas noviços. Não, juristas não! "Operadores do Direito", em formação em uma dessas casas em que mais de desfila do que se lê. Ali chegados, sem mais delongas (a tristeza musical de um pagode os exasperava) partiram para a ação. O belo, tendo-se-lhe apresentado imediatamente uma chance que impunha a ação unitária, deixou de lado o comparsa que, em apuros diante da inopinada, rara e inconveniente solidão, apurou-se ainda mais:

-Oi!
-Oi!
-Tudo bem?
-Tudo bem!
-Tá gostando?
-Tô. Como você se chama?
-Bretas. E você? Você estuda aqui?
-Meu nome é Lara, mas a caloura é a Claudinha, que abduziu ali o seu amigo. Bandida!... (em invejoso aplauso)
-Hum.
-E você, o que você faz?
-Estudo Direito! (triunfante, o peito arfado da mentira)
-Que legal! Onde?
-Federal! (ainda)
-Que legal!! Cabeção, hein! Em que período cê tá?
-No quinto! (sempre)
-Noturno ou diurno?
-Noturno, é que também trabalho, sabe! (ainda mais).

E eis que a menina, que ele chegara a tomar por tola secundarista, surpreende, à Holmes:

-Uai! Direito, Federal, quinte período, noturno... Você é da minha sala!

É, o cabeção preferia estar no quinto, mas no quinto mesmo! Doravante:

-Meu nome é dotado... anedotado!

terça-feira, 10 de abril de 2012

De Extinto



Não comecei dedicado, mas na dedicada. "Dedicado a Mathias Rust, e sua solitária invasão do espaço aéreo soviético". O exército de um homem só! De saída pareceu-me o exército de apenas um homem. Só depois vi que... Só, depois, vi que era o exército de um homem a penas. 

Camicazes incapazes de ir à luta! E aonde a potência? Giratória! Demolidora! Furtar-se a juízes tornando legais todas as jogadas, sem bandeiras, indistinto. De instinto...

"Ando Só" martelada demais. Só eu sei por onde andei; pra onde ir, ninguém. Mapa dos meus passos? Sem chance! Tchau radar! Em quartos de hotéis espelho retrovisor futuro... Nowhere man...just sees what he wants to see...cego!

Nasce só. Morre só... Só  nasce...e morre. Pó!

Batalhas de ICBEU, lonely x alone. Escala? Diferença qualitativa... Disputada a quem mesmo? Pó! A esmo... A paixão vernacular é que o explicava, é que o explica. A celeuma, barafunda!

Helder, Dourado, Lobo...Devo inscrever-me em uma tradição?! Mas quem ma defere? Quem in? Quem fere?

A vontade besta de distinção que vai em chamarem algo "exclusivo". Que exclusividade na oferta aberta? O positivo que vai em chamarem-no "singular"... A estranheza ainda atrativa em chamarem-no "suis generis", e o patético em chamarem-no "solitário". Só! Pó!

Solitária cresce e te toma a porção mais... o seu mais...intestino! E eclode! 

Mas dizem que quem chama não resta só. Bobagens! Só chama o só. E até quem chama... até quem em chamas... Pó!


"Eu não seria o que sou sem minhas repetições"
                           Nelson Rodrigues
"It's all over for the unknown soldier"
                             Jim Morrison

sábado, 7 de abril de 2012

Segunda Pessoa


Threatened by shadows at night
and exposed to the light

E te enfurnas no quarto diuturna e taciturna a mente e constróis represas que o dia não presa e irrompe e arrebenta e água jorra, jorra, jorra! E olhos aquosos e quebradiços se dilatam espanto e ouvidos não alcançam e se fecham mesmo se as orelhas não, hão de negar-te abrigo. És.


You raise the blade, you make the change

You re-arrange me 'till I'm sane

You lock the door

And throw away the key
There's someone in my head but it's not me.


E quantas vezes (não contas? Não contam!?) te relacionas com quem não se relaciona contigo mas com a distância a que estás de com quem, julgam, deviam se relacionar! As emendas oferecem-se a ti, que não tens emenda! E emendas aos que não têm emenda são, sabes, como remendos juninos de esfarrapados. Esfarrapados e puros, mas a isso não se volta; ou se permanece ou se perdeu! Te perdeste? Te entornaste! Em ti tornaste?

Perto desses, espertos, ex perto, longinquas... Loquazes ou quase em desbaratino e o louco o trazes tu! Tu!? Tu!? Tu!?

Não há beleza se te adiantas. E não adianta se ao depois te retardas, que não há deixar-se estar. Não os há parados, só os há em progresso! Progredidos? Crônicos! Agudos! Agudos!

There must be some mistake
I didn't mean to let them 
Take away my soul
Am I too old?
Is it too late?

Where has the feeling gone?
Will I remember the songs?
The show must go on

O barco partiu, partiu-se, nanotitanic? Não! Não e não! Essa é a cena vista de lá! A vista aquela. E o de lá ninguém sabe. Au-delà é encenado. Aí é antes de lá! Antes! Não há regresso se o egresso não partiu (nem se é partido...) 
Ao largo! Ao largo! Não há pró-cura!

Nobody knows where you are
How near or how far
Shine on you, crazy diamond!

Estiveste?
Vou restar em segunda pessoa.
Uma é pouco!
Três são "dê mais!" demais!
Tri pálio?
Tripálio!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Deca Dance



1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, pim!

Ela está aqui. É aqui. É esta? Dormir demais é intervalar a vida. E quem quer levar a vida entre valas, jogá-la em valas? Deixar a vida estar de cama, inválida? Valas só saltá-las, diminutas, por minutos, e olhe lá!... a vida que nos reclama.... acordados!

Acordamos nisso? Acordamos pro que qui-sermos, se bem quis-ermos.



Ele diz que se os índios não retribuíssem os espelhos aqui falariam a dos franceses, no Nordeste a dos holandeses. Seriam outros pequenos países! Mais prósperos? De outros poetas! Tétricos!

Os poetas criam-se no amor: ou do amor, ou para o amor. As águas rolaram e o discurso do Águas rebate qual onda que quebra, arrebentação! O sentido de tudo é o amor! A direção de todos é o amor! Apenas não sempre todos no mesmo sentido, porque uns do contra-sentido, outros no ressentido.


A natureza des-pré-fixa: os dois irmãos, em atrelagem fraterna, terna, sempiterna, e em diferenças de abrigar, não de brigar. Um em vidigal conturbação, outro em condensada vegetação.

O amor é a direção, mas e o sentido? A coisa da vida é o medo de amar! Mas a vida... A vida está em outro lugar!

Muité nada!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Uma Ideia Pangeia



Lá estávamos nós, na aurora dos anos 2000, matriculados em um curso de francês com ares de coisa oficial, todos animados e orgulhos do heroico esforço de nos despojarmos da cama, por conta própria, em plena manhã de sábado, para pagarmos tributo a Balzac, Voltaire, Descartes, Sartre, Rimbaud, Baudelaire, e companhia quase ilimitada, apesar de exclusiva, de um certo ponto de vista.

Sacrifício, sim, mas as aulas de sábado na Aliança, no entanto, têm um je ne sais quoi... Aliás, vírgula! Je sais! Têm um ponto social bacana, já que a aula é cindida, havendo um intervalo que superfavorece a socialização.E sempre me joguei...

E eu me apegara a isso! Tendo como tantos contemporâneos ido cedo bater à porta de um curso de inglês, adorava já esse tipo de ambiente. E já dali à Ibéria de Almodóvar e Cervantes para passar então a essa nossa boa empresa francófona.

E não era privilégio meu. Lembro-me bem desse cara, Juliano, que estudava por força do trabalho também o espanhol, e que não hesitava, muito positivo, a responder a todas as perguntas de Madame Suzana com um corajoso “Si!”. Só lhe faltava o “como no!?”. Tinha também a Grazi, que também cumpria pena em Faculdade de Direito (coisa endêmica naquela família) e que também já zanzara outras línguas.

Mas, como diria o Oswaldo, não era isso que queria falar!

Como bem mostrava meu exemplo, e o do tal Juliano, e tantos outros, lá estávamos nós, em meio à globalização feroz do virar do século, cumprindo uma sua suposta imposição, passo árduo-prazeroso do processo: a aquisição da língua do outro. Eu, já em vias de me tornar servidor público, não via utilidade imediata naquilo, privado que seria dos livres concorrentes, mas bem me aprazia então me lançar um dia ao em que agora me vejo metido, a leitura de originais.

O fato, cara, é que como sabemos, bem antes de aviões e internets e tais, já o povo perambulava por aí. E não pense o senhor que a Aliança veio dar aqui no navio que trouxe o Tomé de Souza. Atrevida gente zanzando o Globo!

E não é que já nas primeiras aulas lá estava o Flávio, primo do nosso bom Ronaldo, pedindo dicas turísticas parisienses à Madame? Assustado daquela aparente ousadia, indaguei:

-Mas Flávio, a gente ainda está no básico 1 e lá vai você sem par à França?
-Gabriel, Gabriel! E o senhor acha que mudos não viajam?
  
Atrevimento avança!
Fiquei mudo; besta já era, está visto.
Com ou sem visto, mundos viajam!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Há Mar Morto

Notícias ondulantes: 

Descobertos nas adjacências do Mar Morto fragmentos inéditos respeitantes à vida do mais célebre Nazareno a ter pisado a superfície da Terra ... e das águas. “Empapirado” numa composição de aramaico e hebraico, línguas de mais difícil decifração que o alemão (só bem manejado por filósofos e escritores insignes – claro, tedescos -  e imprestável a compositores populares,como se sabe), o documento, decaído no domínio público há aproximadamente 1909 anos, está a ser submetido a tradução, sendo invertido diretamente ao português, sem passagem pelo francês e nem mesmo pelo espanhol. Tal privilégio deve-se, disse o décimo-sexto, a quem o documento foi entregue em primeira mão, ao fato de o Brasil ser, sem sombras em dúvida, o país a abrigar o maior número de ainda interessados. Em um exemplo das mudanças trazidas pelos novos relatos, a conhecida passagem em que se aconselharia aos ofendidos “oferecer a outra face”, quereria dizer, em verdade, “virar ao outro a face”.

Intricadas declinações!

Saulo, direto da Sucursal Oriental


Advertência: A agência Heuters avisa que são muitos os hojes e que não se responsabiliza pela congruência dos sugeridos empregos materiais, jurídicos, linguísticos , filosóficos e nem mesmo pela dos fatos, tudo factício.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Hay que endurecer, peroooo

Atordoado por conflitos que sempre me partem e fazem partir, tenho incomodado os amigos oferencendo-me a sua complementação de minhas análises de mim. Às vezes dão-me toques no ponto, e vêm-me os “Gabriel, como você aprendeu a andar?” ou “O Gabriel é MUITO inteligente pra MUITO POUCA coisa”, ou “Resolva esse conflito entre o narcisismo e o estado fusionário com o outro”. E é tudo justo. Mas às vezes participam-me a existência de gente outra muito bem resolvida quanto a tudo e de cuja existência jamais participei.  Pode ser que meus olhos atordoados nao se prestem a certa visão, ou pode ser que por aí confundam certeza com discrição.

O fato é que muito do que me dizem me ajuda, tão incômodo quanto seja, e há às vezes dureza que não é cem por cento benfazeja. Pus-me a pensar no quanto me tenho furtado a meus amigos em não lhes dizendo exatamente o que penso ou, às vezes pior, tendo-lhes dito o que parecem querer ouvir, o que um atento sente-se convidado a dizer. Mas, ainda que animal político, não sou político-homem-do-povo (muitas e muitas aspas no “do povo” por favor); não sou então homem-do-povo-por-favor, mas homem-dos-meus-e-minhas-por-amor. E calhava, talvez, agir como tal.

Mas é difícil, porque quem sou eu pra ter certeza do que digo, e quem é e como está o outro para ouvir o que profiro? E como é muita a tentação de agradar tanto quanto ajudar! É preciso um difícil e constantemente reavaliado misto de coragem e ternura para ajudar um amigo. Não se desperta com tapa inopinado o do braço recém tatuado, nem se detém com apito, o desabalado, o aflito.

É preciso, penso, uma firmeza doce, mas sem “doce”.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Para todo o mal?

Num acurado exame dos “meandros cegos” dos que os mantêm abertos e perto de nós, vejo uma exagero de demanda por cura. Se ele não pode com mulheres fortes, precisa “trabalhar isso”; se ela não gosta de homens débeis, “precisa superá-lo” . Quem não sabe lidar com responsabilidades de vulto precisa a tudo custo aprender, ou te condenam a... vulto de ti mesmo.

E onde é que foi parar a opção? Todos temos de ser... grandes? Quem é que projeta pirâmides com só ápice, prédios com só cobertura, bois que só rendem filés (sim, bois já se projetam, soube....)? E os que não projetamos senão o daqui no depois?

Já num tempo de muita produtividade apegava-me por vezes,  na discussão do sentido daquilo, à opção (que então não era nem parcialmente a minha) daquele “fracassado” que escolheu olhar a Goiabeira, mascando o que seja, pra só vir à lume se lhe aparecesse algum Guimarães de caderneta. É-lhe dado! São seus os dados, e há quem os jogue por um e quem os jogue por seis.

No fim e ao cabo acho inútil a discussão do estilo. Abnegadas figuras de exceção não me convencem de que a trajetória do homem médio (talvez só o  urbano?) é a da busca por distinção. E alguns a vemos em pensar o belo e talhá-lo em palavras que o mereçam; outros em retalhá-lo. Uns por saberes que bem se pagam e que, sim, podem ser postos a serviço do “bem"; outros a veem em signos mais prontamente identificáveis de “prosperidade”, em carros, roupas e tais. Alguns até em nada ter nem saber.

Não me curo de mim, mas sou curador de mim.
Não me torno em você e nem você, talvez, então, a mim .
Ah, próspera idade a do respeito à distinção!

“uma faca excelente na mão de um homem mau não é menos excelente por isso(...) Se todo ser possui seu poder específico, em que excele ou pode exceler (assim, uma faca excelente, um remédio excelente...) perguntemo-nos qual é a excelência própria do homem(...) a virtude de um homem é o que o faz humano, ou antes, é o poder específico que tem o homem de afirmar sua excelência própria, isto é, sua humanidade (no sentido normativo da palavra). Humano, nunca humano demais...” André Comte-Sponville - "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Freudezói


Em "O mal-estar na civilização", Freud, a certa altura, diz da felicidade que advém a certos indivíduos ao, transformando um instinto em um impulso inibido na meta, livrarem-se do jugo a que se submetem os que dependem da resposta do objeto amoroso. Fariam isso ampliando o objeto de seu amor:

"Tais pessoas se fazem independentes da concordância do objeto, ao deslocar o peso maior de ser amado para amar; elas protegem-se da perda do objeto, ao voltar seu amor igualmente para todos os indivíduos, e não para objetos isolados(...)"

Pra quem não entendeu, e em nome de amigos que me têm molhado os mais ou menos vastos ombros conquistados à custa de alguma preguiçosa natação, e também por que sou chegado à extrapolação do poder de síntese, a aprisionantes frases feitas  e a palavras de ordem, verto:

Troque um amor confuso por amor difuso!

É um Pink-Freud-Flintstone a dizer: "Funda contra o que te afunda!"