No Estação Botafogo
apenas elegantes senhoras,
elegantes à outrora,
veem passar o tempo.
Irmandade Lumière.
já não têm (ou tiveram) maridos,
e seus rapés.
Estão ali tão livres!
E convertem o tédio em festejos.
Lembram-se do que não vejo.
Do que em verdade nunca vi.
Ou talvez tenha visto de outra feita
e, contrafeito, me esqueci.
O tempo dilata-se,
como é próprio do domingo.
Minha juventude aquilata-se,
não há outros jovens comigo.
Eu que nasci para ser livre,
ou só(,)para ser sozinho.
Rio, 20/11/2016.
(Meu "Poema (de) Contínuo". Con-verso afiado, ou fiado. Música pra ver (quanto tem ritmo ler). Qualquer outra coisa que se ache.Em geração espontânea, emanações sinceras. No meu jargão, meus vocábulos prediletos, às vezes os invento, às vezes desenterro. Meu idioleto, mesmo se obsoleto.Versos leves, levianos até. Versos tão livres como uma mulher.Às vezes só gloso, com graça. E o gozo, não vejo trapaça. Se pudesse, você o faria? Então verse, pra ver o que acontece, o mundo tá cheio de poesia.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
HABEAS PALAVRAS
Na flor da idade
à flor da pele.
Ninguém a lhe falar
(ninguém se atreve!).
Parece indiferente,
mundo particular.
E nós, um mundo de gente,
ninguém para articular
as palavras que firam o silêncio,
que curem a moça esquecida
dessa vida de convento.
Que a resgatem das falsas alturas,
essa vida trancada em torre,
que é vida de sepultura.
à flor da pele.
Ninguém a lhe falar
(ninguém se atreve!).
Parece indiferente,
mundo particular.
E nós, um mundo de gente,
ninguém para articular
as palavras que firam o silêncio,
que curem a moça esquecida
dessa vida de convento.
Que a resgatem das falsas alturas,
essa vida trancada em torre,
que é vida de sepultura.
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
TEM QUE SER AGORA: ANO 90
Sim, o meu cérebro vai-se deteriorar, porque não jogo "Paciência", nem Sodoku e sou um homem de rituais. E nos primeiros dias das férias em que não viajo (não?) venho a isto e volto no tempo, e estou na quarta série. Os mais velhos cantam "Era um garoto..." no especial (sabe, o ônibus escolar...). E tem amigo oculto e quero o disco que tenha essa canção. E me dão. E é bom. E é a primeira coisa que escolhi pra mim. E quero ser aquilo. O que é aquilo? E quanto tempo leva pro cabelo crescer? Quem é Mathias Rust? Pra que um exército? E pra que ser eterno (e quem tem escolha?)? E o tempo passa e nada fica pra trás, porque tudo é o tempo todo. E o analista não diz nada (Eles não dizem nada, e nem sei se acham alguma coisa. E eu é que tenho que achar, e me encontrar...). A psicóloga é melhor. Diz um monte. Diz que tenho de terminar o que começo, que coisa inconclusa é muito ruim. "Mas, Maria, eu não quero conclusão. Até escrevi um poema que falava do juiz..." E a terapeuta testa elementos e sou só intuição e emoção. "Eles têm razão, mas a razão é só o que eles têm. A lâmina ilumina a mão, a lâmina cria a escuridão. Há muita grana atrás de uma canção. Ninguém se engana com uma canção..." E o Maltz diz que me falta terra (e com outros dois já combinara ser estrangeiro). Três até, se tiver medo de atirar em estrangeiros. E a filosofa diz que tenho problemas com regras e contenções mas eu não tenho. Vou fugir da ABNT a toda velocidade, escrever um livro chamado "Feito Diverso" e a primeira canção do primeiro disco era esta:
"Não interessa o que o bom senso diz.
Não interessa o que diz o rei.
Se no jogo não há juiz
não há jogada fora da lei.
Não interessa o que diz o ditado.
Não interessa o que o estado diz.
Nós falamos outra língua.
Moramos em outro país."
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
UM NATAL (Vendo Lojas)
Nosso Natal é estranho!
Não é um Natal brasileiro,
é um norte-americano.
Ou é um Natal europeu.
Natal elegante de inverno,
não um Natal de plebeu.
O sol racha sobre nossa raça.
Um sol longo, nada breve.
Mas o brasileiro, de pirraça,
veste seu Natal de neve.
E não é sequer novidade.
Sempre tivemos desfiles
de ternos por nossas cidades.
Um calor desgastante
e a gravata os sufocando,
numa morte elegante.
Todo dia se morre um pouco.
Quanto ao ponto é mais livre
um qualquer do povo.
Esqueça, meu irmão,
adereços de vária cor,
e prefira dar o endereço
de seu coração ao Senhor.
O Natal é o Dele,
sob Ele todos irmãos.
E há de nos perdoar
vivermos cada um em sua estação.
Não é um Natal brasileiro,
é um norte-americano.
Ou é um Natal europeu.
Natal elegante de inverno,
não um Natal de plebeu.
O sol racha sobre nossa raça.
Um sol longo, nada breve.
Mas o brasileiro, de pirraça,
veste seu Natal de neve.
E não é sequer novidade.
Sempre tivemos desfiles
de ternos por nossas cidades.
Um calor desgastante
e a gravata os sufocando,
numa morte elegante.
Todo dia se morre um pouco.
Quanto ao ponto é mais livre
um qualquer do povo.
Esqueça, meu irmão,
adereços de vária cor,
e prefira dar o endereço
de seu coração ao Senhor.
O Natal é o Dele,
sob Ele todos irmãos.
E há de nos perdoar
vivermos cada um em sua estação.
sábado, 5 de novembro de 2016
PAÍS DA VONTADE
Sou o país da vontade.
Preciso de seu concurso
pra penetra-lhe a intimidade.
Sou o país do tesão.
Sei que a proximidade
não lhe parece invasão.
Sou o país do sexo.
Sei que vai-se entregar
e vociferar o sem nexo.
Sou o país do samba.
Sei que não vai-me negar
guerra santa em sua cama.
País da satisfação.
Ignoremos as notas
da pedrarrolante canção.
Somos países vizinhos.
E não demora tanta vontade
fundir-nos no mesmo ninho.
Somos países fronteiriços.
Valem laços de amizade,
mas sem domínio ou feitiços.
Somos de um só continente.
É quase a mesma língua
para o jogo do contente.
Com outros somos vasto mundo.
Outros nomes dariam rima,
ainda sem solução.
Apenas se lembre do claro:
Quanto mais "sim!" menos "não!".
Preciso de seu concurso
pra penetra-lhe a intimidade.
Sou o país do tesão.
Sei que a proximidade
não lhe parece invasão.
Sou o país do sexo.
Sei que vai-se entregar
e vociferar o sem nexo.
Sou o país do samba.
Sei que não vai-me negar
guerra santa em sua cama.
País da satisfação.
Ignoremos as notas
da pedrarrolante canção.
Somos países vizinhos.
E não demora tanta vontade
fundir-nos no mesmo ninho.
Somos países fronteiriços.
Valem laços de amizade,
mas sem domínio ou feitiços.
Somos de um só continente.
É quase a mesma língua
para o jogo do contente.
Com outros somos vasto mundo.
Outros nomes dariam rima,
ainda sem solução.
Apenas se lembre do claro:
Quanto mais "sim!" menos "não!".
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