sexta-feira, 29 de junho de 2018

VEM-NOS

Para Olga e Tom (quando não se sabia tal).

Nosso maior contentamento:
a Alegria no ventre.
Vai-lhe dentro nosso rebento,
quer seja ela ou ele.

Tão considerada nossa criança!
Não custou atender ao chamado.
Dará novo nome à esperança,
bem-amada ou bem-amado.

Venha-nos o serzinho,
nos ajudar a crescer.
Fazer-nos corpo discente,
e nos será doce aprender.


São Paulo, 8/4/2018.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

AUTOESTRADA

Sim!
O menino é poeta!
É ele que o decreta,
ou decretaram-no tal.

(Tê-lo-á tornado poeta
 a tia que o escolheu pro jogral?)

Escolheu-o pelo seu semblante,
e por seu aparato vocal.
Teria tido ideia do que vocalizaria,
do tipo de aparato usado para tal?

Despojar-se das vestes
já bem lhe serviria.
Serviu na Capela
àquele a quem se tornaria fiel.

Serviu-lhe a concatenação
da vermelhidão de POA.
Até hoje faz caso e tributo
ao que o bom gaúcho entoa.

Não se fez poeta
por lhe terem beijado a boca!
(Embora versos se façam
e também se lancem à toa.)

Fez-se porque a voz se ouve,
faz-se antes que o atordoe.
Talvez diminuto delegado
de um delegado do que sempre houve.

Não se preocupa com legado,
mas vigia o que assopra.
Vigia porque boas ideias
são coisa melhor do que ganhar uma Copa.

Faz-se ouro cada converso
ao propósito de ao menos tentar.
Cada elo na corrente
é menor chance de se arrebentar.

Gira-se a catraca e lhe damos curso.
O progresso é certo e o atrito é impulso.

Merlin Bardo cingido da Cruz.
Nunca esqueço o mastro e as bandeiras que depus.
Agora só vermelhas e brancas,
só as cores fraternas!

Só os bons auspícios
de Paz e Amor na Terra.


quinta-feira, 21 de junho de 2018

#TBT (Pronto!)

Para Leonardo Cattoni. Para mim.

Você queria estar lá.
Lá onde esteve.
Lá onde estará.
(Será que não percebe?!)

Onde você está?
Parece claro mas não se enerve!
É fundamental perguntar,
e eu sou o que se atreve!

O mais real de você é a saudade.
A saudade está aqui sempre.
E você é o que não sabe ficar,
o que nunca se deteve!

Vença a mente em favor do tato,
que enxerga mesmo no escuro.
Enxerga justo o que o toca!
(o que é mais justo que tocar o futuro!)

Se mal tem certeza do que vê,
esqueça o que virá!
Esqueça o que passou!
Você não vai pra lá!

Ou só vá às quintas,
como a modernidade fez costume.
Mas vá pelo quinto do tempo,
para evitar que se habitue!

E vamos amando pelo trajeto,
melhor sinal e melhor cronômetro.
Não se meta a arquiteto,
é pra hoje que estamos prontos!


SAPOC, 21/6/2018.

ARTISTA

Ela era artista. Só não ganhava pra isso. Mas, como sabemos, isso não é da essência. Só ser da Essência é da essência.

terça-feira, 19 de junho de 2018

HÃO! (Nina III)



Nem precisa ninar Nina!
Na-na-ni-na-não!
Nina é serenidade 
repousando sobre a mansidão.

Nina é a alma da paz,
pouco importa a confusão!
Pouco importa o sobressalto do pai
quando chamam do portão.

Bebê é muito atraente!,
a temporada é de visitação.
Todos muito contentes
de a verem ou lhe pegarem da mão.

Aquela mãozinha mínima,
como mínimo é o coração.
Mínimo se visto em músculo,
mas semente de amplidão.

Não consigo trocar a rima,
pois bebês são sempre "hão!".
Hão de mudar nossa sina,
pois ensinam a revolução.

Nina, dorme e sonha o futuro!
Multiplica o que lhe legamos.
Expanda-se, plena de amor,
é o que lhe desejamos!

sexta-feira, 15 de junho de 2018

BELO TOM (Tom III)

Para Tom

Meu filho,
de onde você vem?
De que lados?

Meu filho,
como você vem?
Em que estado?

Sei que vem de longe,
será que chega cansado?
Cansados estávamos nós,
do muito esperá-lo.

Você tem bom plexo,
melhor do que imaginávamos.
Melhor do que a sorte e a chance
de estarmos misturados.

O que pensa enquanto nos olha?
Quanto tempo até que nos fale?
Tenho mais fome de escutá-lo
do que tenho de falar-lhe!

Não quero falhar-lhe,
dizer que é o que não seja.
Ou disfarçar o que não se quer
que esse menino perceba.

O que mais quero é que tenha o brilho
de saber o que almeja.
Saber que a sua verdade
são as flores que vicejam.

Soe seu belo Tom!
Insista-o em Alegria.
Não se dê com correntes,
seja todo alforria!

Sua mãe é a Liberdade,
seu pai não é escravidão.
É seu o tom da tarde,
são seus os tons da manhã.

Tanto poeta é mineiro!
Tantos são pernambucanos!
Quantos sejam seus dons
com todos eles te amamos!

MUSICOFÍLICO

A Literatura é música nos livros.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

INDÉBITO

Para Rayane Rosário

A Bahia te deu régua.
A Bahia te deu compasso.
A Bahia te deu tudo!
A Bahia só não te deu um laço.

E vai com isso a moça solta,
passos largos, afoita,
numa grande fome de mundo,
que tem a gente desenvolta.

Novas entradas em Sabará
ou é a moça bandeirante?
Será que vai cravar
sua bandeira em Belo Horizonte?

Ou será que alarga a conquista,
alija a bandeira formal,
e vai caçar ser benquista 
por infantes de Portugal?

Mas a infância já está morta!,
salvo no que se preserva.
E pra quem retém a vontade
o sucesso se reserva.

Mas antes de atingi-lo
talvez convenha saber o que quer.
Ou só saberá ao cantá-la
os versos de falso Baudelaire.

Estimo que por onde vá
a moça conserve o brilho.
Porque o que é desde já
é a Bahia ser o infinito!

segunda-feira, 11 de junho de 2018

S'ALEGRE

Não me exponho.
Não me guardo.
Deixo a janela aberta.

(E se acaso o acaso entrar com cara de sorte?
 Não é coisa que se aproveita?)

Nada é tão lógico,
nem sua tristeza!
A felicidade (é esse o negócio...)
não tem receita.
Ela precisa de coragem!
Ela precisa de leveza.

(E você empregando em ser miserável
 sua tão esforçada destreza!)

A felicidade não é suspeita!
Ela é natural.
Não precisa de calendário,
não espera o carnaval.
Não se vigia no relógio,
não é coisa pro Natal.

A felicidade não implora
nem carrega arsenal. 
A felicidade não é combate,
é arte!

Dança, canta, toca, esculpe.
Se você a interpretou mal
sugiro que se desculpe!
Desista de malfalá-la!
Desista de se esconder.

(Insistir em tristeza besta
 é tão penoso mister!)

Não afunde onde, no passado,
afundou o quase sábio
desperdiçando a existência
produzindo alfarrábios.
Para bobos do futuro
aplaudirem-no sem que os visse.

Larga a mão de ser besta e escuta
o que eu sempre disse com urgência!:

A felicidade é sempre riqueza!
A tristeza ou é fase ou indigência!


SAPOC, 11/6/2018

sábado, 9 de junho de 2018

CENA DESCRITA (De bom Tom, Tom II)

Para Tom


O poeta fita o papel.
A fita da máquina já secou há muito.
As ideias seguem-no em tumulto.

Tem medo da criação.
Medo do novo
brado do antigo.

Nada pode garanti-lo.
Só o que é certo é a concepção.
O concepto!

(Existe esse palavrão?)

As ideais são boas.
São, sim, coisa que se entoa.
O amor não se conforma.

(Nenhum plano o transforma.
Ele é múltiplo)

Quem vive duvida.
E o fundo da dúvida é uma crença.
Não há mesmo diferença.

Eu quero a prosperidade.
O voo imperturbado da verdade.
A boa nova corre por minhas lentas velhas veias.

O que é chegado apeia.
Tudo é saudação.
Tudo é abraço.

(É tudo beijo!)

Como acredito e vejo!
Gosto do Tom que percebo.
Viceja e me acalma.

Que seja tua a hora!
Nesta e em toda a casa!

quarta-feira, 6 de junho de 2018

E HÁ CANÇÃO

Se vocês pelo menos pudessem ultrapassar
o limitadas que minhas palavras são...
Se elas me pudessem ultrapassar a mim.
Se eu, enfim, desconhecesse confins,
se não se me marcassem.

Mas a essência não se permite os graus últimos da expansão.
Tem medo de desnaturar-se.
Ah, se ela mais que se amasse!
Se se apercebesse!

O meu amor é desses!
Impõe-se ao espaço,
tributário da arrecadação de quanto afeto atravessa-lhe o caminho.
É robusto.
Escoa-se.
Não precisa de salvo-conduto.

Viver é de si perigoso,
legou-nos o Cordisburgo alemão.
O maior coração que aquelas terras já viram.
Qual Goethe!
Sem cacoetes de sofrimento.
É liberdade o firmamento!

Se eu também os pudesse libertar tanto quanto almejo
meu nome seria uma árvore no bosque de um vilarejo.
O desejo da alma é imenso!
Quer-se burilar.
Quer ensinar, inclusive, o que ainda tem fome de aprender.
Ou pelo menos essa fome,
que lhes cairia tão bem, 
erguendo-os.

Asas, asas, asas!
E haja tempo de adquiri-las
(e admirá-las!)
Quando me virá o costume de ser alado?
Eu que dispenso os fatos para trajar substâncias do Tejo,
ultrajar o tédio com tanta pujança,
tanta vibração!

Eu vou até que me detenham,
mas entendam: não vão!
O fim da estrada é o seu sonho menos são.
Apenas um subterfúgio a serviço da dilapidação.
Qual bruto diamante?
Bruto me fora o carvão!

Nenhum anel me prende.
Nenhuma jura de amor.
O amor não se promete,
conjura-se!
Amor é revolução!

Acabou o tirano,
já não tem razão!
Tudo já é tão etéreo!
Descortinou-se o mistério!

Só na união total tem-se o falanstério.
Só é possível quando desnecessário.
Entende?
Perdoa o ter eu sido arbitrário.
Eu te abandono ao descanso diário,
mas não descuro de ti.

Bem-te-vi e à canção!

segunda-feira, 4 de junho de 2018

PRESENTE

O tempo nunca será bastante,
mas será sempre o suficiente.
A boa vontade abre frentes
antes insuspeitadas.

Falta coragem à empreitada,
a força pra arregaçar as mangas.
Pegar seja do livro ou da enxada
e deixar ao amor o comando.

E a você, que também se governa
quando não se perde em distrações.
Quando vê do exterior o que lhe vai dentro,
quando entende sua composição.

Não existem outros
e as coisas são ilusão.
Só existe composição,
só existe complemento.

Aprenda esta nova integridade,
a fusão que realmente aproveita.
É passado o tempo dos combates,
passado o tempo das seitas.

Aceita o beijo.
Aceita o abraço.
É tudo laço
e somos presente.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

O QUE SE PUDER (Principal)

Chovo amor sobre quem quer distância.
Insisto contra a recalcitrância.
Suas sombrinhas fechadas,
com cores só por dentro.

Por fora guardam chuva,
todos pretos, num luto sem recesso.
Nada almejo senão tê-los por perto,
são meus dessemelhantes.

São-no por estarem prefixos.
Eu não quero compromisso!
Quero uma alegria solta
(desconfiam do que me sai da boca!)

Não gostam de minha roupa.
Não gostam do meu colóquio.
Não gostam dos meus acessórios,
e desconhecem o principal.

O que quero comunicar-lhes
é uma espécie de senha.
Cada um tenha o seu esquema,
mas acessem seu interior.

O que vou-lhes dar é chave!
Por favor ouçam o que eu digo:
esqueçam seus umbigos!
Acordem pra tudo que é!

É tudo questão de fé!
Por favor me façam confiança:
Eu sou o arauto da esperança!
E o melhor, o que se puder...