segunda-feira, 31 de agosto de 2020

COM O VENTO


 

Quem me dera se francamente
eu não desse a mínima!

Mas posso enlouquecer me importando,

se Deus não em ilumina.

Mas Ele faz!
Amanhã é outro dia,
folha em branco.
E até lá...merecemos descanso!

Entre uma existência e outra,
entre insistências.
O descanso é necessidade,
não precisa muita ciência.

Preciso é o refazimento,
a restauração das forças.
O futuro não perde em nos esperar,
e que desde o presente nos ouça.

O intervalo é dádiva,
tomar distância é bênção.
Pra amanhã, num salto maior
outro locupletamento.

Lícito,
merecido até.
Com nossa força de homem,
nossos brios de mulher.

Um tempo pra perspectiva
ajustar-se à realidade.
Com a calma de quem sabe
que amanhã..não, não é tarde!

Haverá amanhã,
e ele há de ser melhor.
Essa lição, com empenho,
já vou sabendo de cor.

De cor e não salteado.
Os dias um por um,
lado a lado no calendário.

O tempo é matéria da vida,
não podemos desperdiçá-lo.
Não nos é dado.
O tempo nos é emprestado.

Ele é uma ostra,
e pra saber o que lhe vai dentro
não precisa ser nenhum gênio.

Mas me desculpe a mentira,
a ostra em verdade é você!
O tempo de agora é ajustado,
você que não trabalha pra ver!


quinta-feira, 13 de agosto de 2020

MAIS UM DIA

Paralisia da alma,
petrificação do pensamento.
Deprimido, a depressão
não é senão tormento.

Os olhos se turvam.
O paladar ignora.
Tudo antes tão vivo
apresenta-se morto agora.

Porque o entorno faz-se de mim,
que sou insulamento.
Faz-se de mim,
distraído em afogamento.

Preso a correntes,
não aproveito a correnteza.
Não me lembra ter talentos,
não percebo a gentileza.

A vida não me é grata,
não tem motivo ou valor.
Minha estação é estática,
padeço frio e calor.

Pareço infenso à melhoria
e só o que se me apresenta
é uma estranha alforria,
torto desejo de libertação.

Mas algo dentro de mim
denuncia a ilusão:
Não se escapa à vida,
ela é o tudo de todos.

A alma que se crê fugida
já está nela de novo.
Ou está nela ainda.
É uma escola obrigatória,

(e pro insurgente é reformatório).

A vida só melhora com o amor,
é inútil ter-lhe ódio.
É inútil o desgosto.
É inútil detestar-se.

Só o que é útil na vida
é o intuito de melhorar-se,
o esforço de ascensão.
Na reluzente escola da vida
até bomba é recuperação.

O aprendizado dá-se e
a quem não recolhe impõe-se.
A vida é esta escola hoje,
a mesma que já era ontem.

E eu tenho dito sempre:
toda escola tem mais lição que recreio.
E não o digo pelo prazer de pregar-te
mas por ser de fato no que creio.

Então recolha suas penas,
que pelo resultado são outras tantas alegrias.
Recolha toda chance, grato,
e vamos a mais um dia!

terça-feira, 4 de agosto de 2020

MANCHEIAS

Não me desmancho,
o manche é meu!
Seu foi o aeroplano
que arremeteu.
Não sou kamikaze;
enfrento a ferida,
gozo a gaze.

Ela é cura,
é recuperação.
Meu plano segue reto
para a retificação.

Meu plano é ascendente.
Sonho nas nuvens com pés no chão.
Meu sonho desata correntes
contra a corrente do aluvião.

Meu sonho vigia a meta,
vigiando minha intenção.
Vigiando meus processos.
Ao senhor doidivanas, se retire!
(Eu lhe peço!)

Nada de escola da incúria.
Nada de pra se molhar
fugir da chuva.
Nada dessa precipitação.
Aqui vivemos como se deve:
adequados à estação.

De nada me serve ver neve no Sol
ou galhos secos nas frutas.
Não vive nenhuma verdade
o que ao cuidado se furta.

A vida real se perscruta,
admira, entende.
A vida tem suas verdades,
se isso te surpreende.

Quem não tem coragem não se esforça.
Retaguarda é atenção.
E na vida a mais bela atitude
conserva-me o manche na mão.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

domingo, 2 de agosto de 2020

IMENSA

"Estamos bem
na medida do possível",
essa medida que queremos tanto ampliar
e a vida posterga.

Nega-nos a festa,
impõe a reflexão.
Mal sabia a vida sabida
que faço festa clandestina
no solitário coração.

Mantido sempre limpo
pra caso ela apareça.
Está com tudo enfeitado
e os talheres sobre a mesa.

Ornado com música que comove,
brilho nas janelas da alma,
e uma Esperança que ignora a morte.

A Esperança sorrida que sabe
que o futuro é um mistério
mais bonito que as lembranças.

Porque lá longe vem a angelitude,
tão mais fulgurante
que a esmaecida decrepitude.

Nem museu vive de passado,
mas dos futuros visitantes.
E são convidados pra minha festa
os presentes circunstantes.

Vão comigo pelo caminho,
este em que nunca nada é à toa.
A canção inspirada por um
este outro é que a entoa.

E a vida nunca fez segredo
de que a possível é que é a boa.