sábado, 4 de agosto de 2012

Tinteiro



                                                                                                                        É preciso estar atento e forte.
                                                                                                                       Não temos tempo  de temer a morte.
Não há tempo
de fingir-se a  vida.
O perigo assoma e
nos arromba; ferida.


Baldado o esforço
de proteger-se;
os caminhos se cruzando,
é perder-se!


Sei do conforto de casa,
como sei!
Mas mais cresce (é da Lei!)
o que à estrada se larga!


Não se tema a solidão,
se for a condição andar sozinho.
Seguir picada pronta é vão!
Dê-se asas! Ao caminho!


A vida me suja,
me lanço ao chuveiro.
A tinta recolho,
alimento o tinteiro.


Corpo e alma limpos,
mergulho-lhe a pena.
E a alma, vertida,
só assim se faz plena.




(147)

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Orquestra do Acaso


Meu doce é tempo de cama,
que amanhã é temprana a labuta!
E d'agosto o projeto  perfeito
do teu filho; não fujo à luta!


Meu filho 'inda me ouve dizer,
quando estiver de mim chateado,
e lhe direi com oportuno prazer:
Foste o acidente mais buscado!


Acidente (quem não sabe?!)
de relevo,e te concebo para a liberdade.
Não te projeto (como tantos) para espelho,
nem te protejo, dura ou doce,
da verdade.




(150)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Corte



Acho muito duras
as pessoas duras.
(Compostura!)


Acho muito fortes
as pessoas fortes.
(Porte!)


E quanto duro
sem medo da morte,
mas medo da faca,
sangrando do corte?




(43)