sábado, 31 de dezembro de 2022

PARAOANO

Para o ano, Mãe,
que se incentivem todas as sementes. 
Que o afeto se diga,
e que o dito se implemente.

Para o ano que a criança sorria,
e que o velho não esteja cansado.
E que se estampe na cria
o prazer de haver criado.

Que A Deus seja mais rota
do que tem sido despedida.
E que haja mais gente achada
do que coisas perdidas.

Para o ano um novo impulso,
e que os que pairam em águas rasas
se atrevam a mergulhos profundos.

Para o ano melhoramentos
pelo esforço de sanar-se.
E que os novos empreendimentos
sejam dignos de se lembrarem.

Para o ano o festejado começo
de um quadriênio mais feliz;
Inclusivo, diverso, superlativo até!
Um tempo dos mais propícios para as realizações da fé.

Para o ano as cores da flâmula francesa
em todo bioma brasileiro.
Para o ano a compreensão
de que, em verdade, não há estrangeiros.

Para o ano que a verdade se diga
sem desculpas para a brutalidade.
A franqueza existe e é bonita,
se existe em suavidade.

Para o ano que eu comece a ser tudo o em que anuí
num contrato misterioso em esferas mais altas que aqui.

Para o ano 365 degraus
e chances de evoluir.
Para o ano um "Tudo de bom!"
pra vocês e pra mim!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

DE NOVO

Na madrugada, atento,
eu mesmo penso as feridas 
que penso. 

As que crio.
As que passam pelo meu crivo,
cravejado por dardos de nada.

Pulsa minha veia criativa
a maternidade de minhas feridas.

Foram a minha âncora.
Hoje são minha catapulta;
me lançam a minha forma mais pura.

A minha melhor versão,
esta em elaboração.
O que faço com grande denodo. 

E amanhã a esta hora
de novo!

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

DEMO

Tonitrua a voz docente
em laivos de Constituição.
Legalidades incompreensíveis,
ademais ínfimas,
para quem não as aplica.

Lá fora o sol não brilha,
mas a temperatura é clemente.
Lá embaixo é onde há gente,
e onde a beleza acontece.
Sobretudo silente.

Sim!
Todos são mais bonitos calados,
e o seu discurso é inventado.
Dita-o o meu bel-prazer.
E falarão o que eu gostaria,
lido, de ouvir.

Não sou tão democrata quanto julgava
(ou nem julgava tanto assim...).

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

RWW

Havia um destino que não se cumpriu.
Na escolha abortada.
Na opção frustra.
Na definição revogada.

E assim se vive como se não
(em nenhum sentido da direção).

É círculo.
É vertigem.
É a terra culta
voltar a ser virgem.

Reverter o fruto.
Impedir a flor.
Devolver a semente
ao semeador.

O que Deus pensaria
se precisasse pensar?
Se arrependeria
de nos criar?