domingo, 19 de janeiro de 2020

PÉS DE NUVEM

Para Fafá.

Aos olhos do amante,
sentindo-se em despertamento,
nutrindo-se do ineditismo,
sempre lhe parece tudo recente invenção.


Cria-se.
Cria-se do amor.
Entretece seu próprio revestimento,
confortável, embora sobressaltado.


Fulgura em discrição.
Ou assombra!
(mais que o primeiro luar do sertão...)


O mundo que se palmilha
se descobre.
Nada há de tão visto
que não se renove.


Ao que ama a esperança
é a de que a vida finalmente comece.
Antes de que possa agir
a própria ideia da morte fenece.


O amor a ultrapassa.
A sua dança de nunca antes
nenhum salão conhece.


Ela é a da mata virgem.
Orvalha-se,
depois busca o sol da manhã.


O amor me repousa
mas não descansa.
O amor é afã.


O amor é vigor.
Não será jamais debelado.


O amor?
É tão simples
que lhe basta você ao meu lado.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

A QUE SE COMEMORA

Fafá é o mar e o cais.
É um sono-sonho que me refaz.
É meu porto, desporto, brincadeira.

Fafá me faz planejar uma vida inteira,
mesmo sabedor de que a vida os evita, 
infensa a planos.

Fafá me faz duvidar de que nos limitamos.
Faz mito o limite do infinito
(que há muito se vinha cantando).

Fafá é a surpresa estar-se antecipando.
Pois por diferente que tudo seja
é-me constante estar amando.

Amo quando a assusto,
como amo pensar que a encanto.
Mas encantados são meus olhos.

Nada é mais intenso do que contemplar o Cosmos
em íris discretas que não furtam cores 
mas dão-nas.

Sou intenso, penso,
porque Deus o quis.
Como quis dar-me você.

A paz que eu devo aprender,
que faz mais doce a alegria,
a febre tendo hora.

Essa é a vida que se comemora.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

!

Para Fafá.

Te amo!
Impossível dosar o quanto.
Te quero
(por volta do mesmo tanto!).


Não há flores que bastem
pra tanto campo.
Pra tanta fertilidade.
De ideias, de quereres!

Ainda hei de,
por necessidade,
inventar-te artes
de jamais esqueceres.

Nada do que pudesse criar
poderia equiparar-te.
Então gasto esta doce vida
em reparar-te.

É a função da menina dos meus olhos
pra eu depois representar-te.
Mas não há palavras tão boas!
Nem haveria se me esmerasse...

(Nada te entoa!)

Mas não posso depor a caneta,
tenho fome de viver!
Mas a tinta já não dá a vida,
que me é extinta longe de você.

E não tenho a ilusão de tanto,
mas Deus me dê vidas
pras nos entender!

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

MANCHEIA

A vida é bonita.
Com dores, com tudo.
A vida é mais questão
de sabermos ir-lhe ao fundo.


Mais que estudo
a vida pede atenção.
Pede despertar.
A vida pede estarmos.


A vida pede nos darmos
bem, ao bem, sem peias!
A vida é mancheia,
é fartura.


A vida pede trabalho
por sobre sua estrutura.
A vida é plena
e contudo é indício.


A vida, entenda,
é só o início.
Cabe a nós a completarmos,
contemplarmos a sorte que nos toca.


A vida abriu-nos a porta,
entremos!
Nos recebamos, convidemos.
Não desperdicemos nem migalha
do fausto banquete terreno.


A vida é crescimento.
A vida supera.
A vida não a detém
nenhuma esfera.


É dádiva do Sol,
é estreia.
A vida nem quando acaba
ela nos encerra.


Ela nos desvela
a força de ir além.
Ela nos empresta
a leveza das asas também.


Mesmo que não as vejamos.
É trabalharmos contentes
para que as mereçamos.


Glória a Deus nas alturas.
Paz na Terra!
E a nós todo o bom ânimo.
Toda a boa vontade


para nos sermos de verdade!
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