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domingo, 29 de abril de 2012

Low Cura


Eu talvez nunca chegue a ser mais que um cifra-a-dor. Mas o que não entendo é como os mais engajados do que eu no que só nos serve (e não forma) conseguem ter tempo pra mais do que inventar-se. É possível outra tessitura?

Já não entendo tampouco por que é que a dor havendo tanta alguém não se ocupe de torná-la outra coisa e se empenhe, se jogue mesmo, em ser decifra-a-dor. O decifra-a-dor, parece-me, está sempre ocupado da dor alheia, o que é uma adição. Comisera-se. A dor própria não se decifra. A dor apenas se pode cifrar.


Psicanálise? Já não sei! Tanto brinquei que me daria a "psicanalhices" que já cismo que é só o que é possível. Embora, é verdade, não me pareça haver problema em querer (tentar, é o que se faz) livrar alguém dos sofrimentos estéreis (dos estéreis, porque "inútil" é apanágio de todo o bem. O útil mal se presta, não me enriquece). 


E vai-se a vida. E se vai-se em vida morre-se nela. Cosa fatta...

"A gravata ainda está meio enrolada ao redor do colarinho que eu tirei".


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Hay que endurecer, peroooo

Atordoado por conflitos que sempre me partem e fazem partir, tenho incomodado os amigos oferencendo-me a sua complementação de minhas análises de mim. Às vezes dão-me toques no ponto, e vêm-me os “Gabriel, como você aprendeu a andar?” ou “O Gabriel é MUITO inteligente pra MUITO POUCA coisa”, ou “Resolva esse conflito entre o narcisismo e o estado fusionário com o outro”. E é tudo justo. Mas às vezes participam-me a existência de gente outra muito bem resolvida quanto a tudo e de cuja existência jamais participei.  Pode ser que meus olhos atordoados nao se prestem a certa visão, ou pode ser que por aí confundam certeza com discrição.

O fato é que muito do que me dizem me ajuda, tão incômodo quanto seja, e há às vezes dureza que não é cem por cento benfazeja. Pus-me a pensar no quanto me tenho furtado a meus amigos em não lhes dizendo exatamente o que penso ou, às vezes pior, tendo-lhes dito o que parecem querer ouvir, o que um atento sente-se convidado a dizer. Mas, ainda que animal político, não sou político-homem-do-povo (muitas e muitas aspas no “do povo” por favor); não sou então homem-do-povo-por-favor, mas homem-dos-meus-e-minhas-por-amor. E calhava, talvez, agir como tal.

Mas é difícil, porque quem sou eu pra ter certeza do que digo, e quem é e como está o outro para ouvir o que profiro? E como é muita a tentação de agradar tanto quanto ajudar! É preciso um difícil e constantemente reavaliado misto de coragem e ternura para ajudar um amigo. Não se desperta com tapa inopinado o do braço recém tatuado, nem se detém com apito, o desabalado, o aflito.

É preciso, penso, uma firmeza doce, mas sem “doce”.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Habilidade: Culpa

Quando eu nasci não lembro se houve anjo ou não safado, mas já me diziam que havia muito alguém pagara o pato. Então de onde nos vem tanta culpa? Se quem não deve não teme a minha dívida é inata. O que terei feito de tão mau além de jogar uns balões de água da varanda, fazer um par de provas de inglês pra colegas aflitos, lançar-me a seduções (que não podiam mesmo ser castas), olhar para de onde não me queriam visto, desejar sem fazer por lograr e só querer o que quiser?

Convicto? Convicted!

De onde a culpa de ver deambularem cães vadios pela rua? Os canis que fizeram sua aposta em se nos fazerem familiaris e isso de nada lhes valeu? A de dispensar a diarista que grunhe o incompreensível enquanto reduz a casa a pó quando só deveria tirá-lo? A de dar aulas de línguas de escasso emprego quando os que por elas pagam os tem muito bem remunerados? A de cobrar, sendo panificador, a dívida que lhe têm do pão (mas o pão!) anotada em caderneta os que nem por terem-na deixaram seus turismos e supérfluos?

Bah! Flua!


PS: Oswaldo, e se puder, sem medo!

domingo, 8 de janeiro de 2012

Freudezói


Em "O mal-estar na civilização", Freud, a certa altura, diz da felicidade que advém a certos indivíduos ao, transformando um instinto em um impulso inibido na meta, livrarem-se do jugo a que se submetem os que dependem da resposta do objeto amoroso. Fariam isso ampliando o objeto de seu amor:

"Tais pessoas se fazem independentes da concordância do objeto, ao deslocar o peso maior de ser amado para amar; elas protegem-se da perda do objeto, ao voltar seu amor igualmente para todos os indivíduos, e não para objetos isolados(...)"

Pra quem não entendeu, e em nome de amigos que me têm molhado os mais ou menos vastos ombros conquistados à custa de alguma preguiçosa natação, e também por que sou chegado à extrapolação do poder de síntese, a aprisionantes frases feitas  e a palavras de ordem, verto:

Troque um amor confuso por amor difuso!

É um Pink-Freud-Flintstone a dizer: "Funda contra o que te afunda!"

domingo, 9 de outubro de 2011

Vai e Racha!

O coração é sempre o mesmo: gosta de gastar-se, não gosta desgastar-se. Ser um dia um atleta retirado, com as fotos e os efeitos do vivido contando a história que o livrou das cartilagens, ou tê-las, a estas, intactas, mudas, estéreis.