segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Para todo o mal?

Num acurado exame dos “meandros cegos” dos que os mantêm abertos e perto de nós, vejo uma exagero de demanda por cura. Se ele não pode com mulheres fortes, precisa “trabalhar isso”; se ela não gosta de homens débeis, “precisa superá-lo” . Quem não sabe lidar com responsabilidades de vulto precisa a tudo custo aprender, ou te condenam a... vulto de ti mesmo.

E onde é que foi parar a opção? Todos temos de ser... grandes? Quem é que projeta pirâmides com só ápice, prédios com só cobertura, bois que só rendem filés (sim, bois já se projetam, soube....)? E os que não projetamos senão o daqui no depois?

Já num tempo de muita produtividade apegava-me por vezes,  na discussão do sentido daquilo, à opção (que então não era nem parcialmente a minha) daquele “fracassado” que escolheu olhar a Goiabeira, mascando o que seja, pra só vir à lume se lhe aparecesse algum Guimarães de caderneta. É-lhe dado! São seus os dados, e há quem os jogue por um e quem os jogue por seis.

No fim e ao cabo acho inútil a discussão do estilo. Abnegadas figuras de exceção não me convencem de que a trajetória do homem médio (talvez só o  urbano?) é a da busca por distinção. E alguns a vemos em pensar o belo e talhá-lo em palavras que o mereçam; outros em retalhá-lo. Uns por saberes que bem se pagam e que, sim, podem ser postos a serviço do “bem"; outros a veem em signos mais prontamente identificáveis de “prosperidade”, em carros, roupas e tais. Alguns até em nada ter nem saber.

Não me curo de mim, mas sou curador de mim.
Não me torno em você e nem você, talvez, então, a mim .
Ah, próspera idade a do respeito à distinção!

“uma faca excelente na mão de um homem mau não é menos excelente por isso(...) Se todo ser possui seu poder específico, em que excele ou pode exceler (assim, uma faca excelente, um remédio excelente...) perguntemo-nos qual é a excelência própria do homem(...) a virtude de um homem é o que o faz humano, ou antes, é o poder específico que tem o homem de afirmar sua excelência própria, isto é, sua humanidade (no sentido normativo da palavra). Humano, nunca humano demais...” André Comte-Sponville - "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes!

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