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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
CORITA
Para Mel.
Corita não fica,
só passa.
Coreto fugindo
da praça.
Nunca fui de nenhum credo,
mas quem não espera a boa nova?
Eu... confesso que espero!
Só não achei que era moça de fora.
Mas a sorte tem dessas coisas,
ou lhe vêm números, ou nomes.
Mas esta veio conjugada
em oito dígitos de telefone.
Corita, bonita, não corre!
Não sou bonito, mas corro!
Canções para duas vozes
se cantam bonitas em coro.
A moça está no futuro,
dorme enquanto estou acordado.
Então espero o primeiro janeiro,
para ver o feitiço quebrado.
Mas o que digo? Não foi em degredo,
mas em sério brinquedo de expansão da alma.
Então acho que o segredo
é o coração ir batendo-se calmas.
Mais um pouco, mais um ano se conclui.
E outro começa e nele se inclui
tudo o que se deseja.
Mais ganha em dar-se pressa o que não meça
esforços para haver o que almeja.
E não preciso de tanto,
estou no ponto onde passa a balsa.
Então espero sorrindo o encontro,
e fabulo um conto de Sonho de Valsa.
Corita, não passa!
Me fica!
A vida ficando
bonita.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2014
ONÍRICO
"Como se chama esta cidade?
Como se chama a atenção
de uma cidade que dorme,
enquanto a gente infelizmente não?"
Dorme-se pouco nesta casa
nos dias que correm.
Correm e não me socorrem!
Dão-me noites e as recobram intocadas.
Dorme-se bem pouco...
Como se em se dormindo
se fosse estar à mercê de algo perigoso.
(Como sonhos podem sê-lo tanto?)
Os sonhos encerram perigos insidiosos,
mais ou menos óbvios, como o de acabarem,
ou o de nos revelarem,
ou o de tornarem a realidade um anticlímax.
(Medo de sonhar?!
É a parte do dia de que mais gosto!)
A realidade já não basta para quem sonhou.
Quer-se dar-lhe um basta,
mas é tão abastada
que agasta!
Sonhos ativam o interrompido,
tornam o silêncio grito,
são uma exumação.
Os sonhos tornam sótão o porão.
Mas onde nos porão em verdade?
"Longe se vai, sonhando demais",
mas aonde?
Aonde tudo se faz, e nada se responde.
Nem ninguém responde, se há crime.
Não há lutas nem por esporte,
não há nada que se esgrime.
Nem há medalhas se se completam.
Em sonhos quem se perde não se derrota.
Erra a porta e se alonga corredor adentro.
A cômodos incômodos de que...
nem nos lembremos!
Aos sonhos ninguém se atreve
a dar arquitetura.
Os sonhos são a casa da mistura.
E se tudo se mistura,
um pouco d'água e há solução.
Mas já não sonho, estou acordado;
lágrimas na escuridão.
Como se chama a atenção
de uma cidade que dorme,
enquanto a gente infelizmente não?"
Dorme-se pouco nesta casa
nos dias que correm.
Correm e não me socorrem!
Dão-me noites e as recobram intocadas.
Dorme-se bem pouco...
Como se em se dormindo
se fosse estar à mercê de algo perigoso.
(Como sonhos podem sê-lo tanto?)
Os sonhos encerram perigos insidiosos,
mais ou menos óbvios, como o de acabarem,
ou o de nos revelarem,
ou o de tornarem a realidade um anticlímax.
(Medo de sonhar?!
É a parte do dia de que mais gosto!)
A realidade já não basta para quem sonhou.
Quer-se dar-lhe um basta,
mas é tão abastada
que agasta!
Sonhos ativam o interrompido,
tornam o silêncio grito,
são uma exumação.
Os sonhos tornam sótão o porão.
Mas onde nos porão em verdade?
"Longe se vai, sonhando demais",
mas aonde?
Aonde tudo se faz, e nada se responde.
Nem ninguém responde, se há crime.
Não há lutas nem por esporte,
não há nada que se esgrime.
Nem há medalhas se se completam.
Em sonhos quem se perde não se derrota.
Erra a porta e se alonga corredor adentro.
A cômodos incômodos de que...
nem nos lembremos!
Aos sonhos ninguém se atreve
a dar arquitetura.
Os sonhos são a casa da mistura.
E se tudo se mistura,
um pouco d'água e há solução.
Mas já não sonho, estou acordado;
lágrimas na escuridão.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
SAGITÁRIO
Sagitário, o dicionário
não chega pra te definir.
Palavras não sabem, não explicam,
o que faz o leonino sorrir.
E nem se engulo seco, ou me perco,
te vejo afastar-te de mim.
Sagitário, és toda beleza,
e me falta destreza pra te traduzir.
E no meu itinerário, falho,
há atalhos que levam a ti.
Sagitário, na vida há tristezas,
mas eu tenho certeza de que o melhor é sorrir.
Somos o confessionário
de perdão pré-pago um do outro.
E se ouvissem o que nos dizemos,
diriam que somos loucos!
Loucos? Um tanto!
Mas talvez pra santos
até sirvamos (um pouco...)
Pois em nossa humilde aprendizagem,
pouco nos importa o que sabem
os que se acham prontos, ou doutos.
Anjo caído,
estrela cadente...
E quem não se duplica?
És meu tipo de gente!
A bondade é um tipo de ímã;
és agora minha irmã,
e minha rima.
A rima não é rica
porque o moço é pobre;
mas nossa fraternidade, nobre.
Sagitário, nunca esmoreças!
Há uma doce firmeza a te conduzir.
E eu ainda muito me espalho
na constelação enorme de ti.
E, sagitário, nunca te esqueças:
embora eu não mereça,
tua casa é aqui!
Breviário: saúde e paz!
Sagitário, te amo demais!
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
VERSEJADOR (Poço Humilde 2)
Selfie
Sonhei moça que dizia:
"o mais perto da poesia
que cheguei foi Gabriel".
Sorri com um dó compungido da pequena,
que desconhece a poesia plena.
Acaso não sabe que apenas me escrevo?!
Outros são poetas; versejo...
Há poetas tão a-Pessoa-dos,
poetas tão Herbertos,
poetas Dru-monde-ados.
Poetas de poesia vasta,
poetas outros, mas, se isto lhe basta,
não lhe nego o meu quinhão.
Empunho a pena e pobre embora o canto,
me satisfaço se produzo encanto
no canto do mundo que ela é.
Não pude ser Pessoa,
não quero ser Gilberto.
Não dá pra ser Caetano,
não posso ser Herberto.
Só peço, poço humilde,
não me falte o verso.
Sonhei moça que dizia:
"o mais perto da poesia
que cheguei foi Gabriel".
Sorri com um dó compungido da pequena,
que desconhece a poesia plena.
Acaso não sabe que apenas me escrevo?!
Outros são poetas; versejo...
Há poetas tão a-Pessoa-dos,
poetas tão Herbertos,
poetas Dru-monde-ados.
Poetas de poesia vasta,
poetas outros, mas, se isto lhe basta,
não lhe nego o meu quinhão.
Empunho a pena e pobre embora o canto,
me satisfaço se produzo encanto
no canto do mundo que ela é.
Não pude ser Pessoa,
não quero ser Gilberto.
Não dá pra ser Caetano,
não posso ser Herberto.
Só peço, poço humilde,
não me falte o verso.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
CARTA A JOY-SE (Fiota)
Para Joyce Campos
Filha, ouça o que digo!
Ouça o seu a pai:
Essas coisas se passam demais!
E, de mais a mais,
o amor não é milagre,
o amor é "antes tarde..."
E "tarde" é bem antes
de "ainda depois";
o amor vem cedo, ora pois!
O amor é assim mesmo,
cantou-o outra gente:
"me chegue assim de repente".
E, a qualquer tempo,
ele é coisa azada.
O amor não tem hora marcada!
O amor é como a felicidade,
às vezes vem sem alarde.
É então como o Rosa
tem há tempos sabido:
é um achado de distraídos.
O amor tem carta branca,
ele faz o que quer;
toma homem, criança, mulher.
O amor não se prende,
não cai em armadilha;
o amor se aprende e se cria.
É um menino ladino,
entenda-o, criança:
De repente, num pulo,
te alcança!
Filha, ouça o que digo!
Ouça o seu a pai:
Essas coisas se passam demais!
E, de mais a mais,
o amor não é milagre,
o amor é "antes tarde..."
E "tarde" é bem antes
de "ainda depois";
o amor vem cedo, ora pois!
O amor é assim mesmo,
cantou-o outra gente:
"me chegue assim de repente".
E, a qualquer tempo,
ele é coisa azada.
O amor não tem hora marcada!
O amor é como a felicidade,
às vezes vem sem alarde.
É então como o Rosa
tem há tempos sabido:
é um achado de distraídos.
O amor tem carta branca,
ele faz o que quer;
toma homem, criança, mulher.
O amor não se prende,
não cai em armadilha;
o amor se aprende e se cria.
É um menino ladino,
entenda-o, criança:
De repente, num pulo,
te alcança!
domingo, 14 de dezembro de 2014
BALADA DE YOKO A JOHN
Para nós, que aqui estamos.
Disse a Lennon Yoko:
"Rapaz, quando morto,
não leva consigo mais que alma!"
Eu digo: não deixe que seja pouco!
Para onde vocês vão,
é vão dinheiro.
Então sigam a japonesa,
e expandam-na primeiro.
(comecem já em dezembro,
não esperem por janeiro).
Não se gastem em amealhar!
E não digo porque me agaste
a ideia do acúmulo,
mas porque errar quanto ao que se estoca
é que me parece absurdo!
Porque aquilo que você faz,
vai-se tornando você;
mas tudo o que se compra
se destina a se perder.
E não sou o arauto
de um regime comunista
(embora, de certa forma,
intuo que ele exista).
Mas num outro plano,
e não digo planos de economia,
dos que se faziam por lustros,
na Rússia como então havia.
Digo "plano"
como quem diz "dimensão".
Outra esfera, mais etérea,
avessa à acumulação.
E se vão-se dar à poupança,
sugiro que poupem tempo.
Foi sua mais fina herança,
escolham em que a lançam,
escolho como o empenho.
A felicidade não se compra,
e assim é porque não se vende.
Então não importa o seu sonante,
nem o de nenhuma outra gente!
Mais rico é o que se gasta,
dando-se à arte de se melhorar.
Porque o que melhora aqui
é o melhorado de lá.
E o retornado a isto, à Terra,
também há de já vir melhor.
Talvez não melhor a ponto
de saber as sonatas de cor,
apenas melhor a ponto
de ter deixado o seu pior.
E não me alongo no assunto,
"só sei que nada sei".
Só digo o que presumo,
mas um dia saberei.
Então façamos resumo:
preocupe-se mais em ser gente,
que o que só pensa no vil metal
arrasta o metal de correntes.
Escolha outra pauta pra soar-se,
pautas, quiçá, mais ricas;
pautas de libertar-se!
Disse a Lennon Yoko:
"Rapaz, quando morto,
não leva consigo mais que alma!"
Eu digo: não deixe que seja pouco!
Para onde vocês vão,
é vão dinheiro.
Então sigam a japonesa,
e expandam-na primeiro.
(comecem já em dezembro,
não esperem por janeiro).
Não se gastem em amealhar!
E não digo porque me agaste
a ideia do acúmulo,
mas porque errar quanto ao que se estoca
é que me parece absurdo!
Porque aquilo que você faz,
vai-se tornando você;
mas tudo o que se compra
se destina a se perder.
E não sou o arauto
de um regime comunista
(embora, de certa forma,
intuo que ele exista).
Mas num outro plano,
e não digo planos de economia,
dos que se faziam por lustros,
na Rússia como então havia.
Digo "plano"
como quem diz "dimensão".
Outra esfera, mais etérea,
avessa à acumulação.
E se vão-se dar à poupança,
sugiro que poupem tempo.
Foi sua mais fina herança,
escolham em que a lançam,
escolho como o empenho.
A felicidade não se compra,
e assim é porque não se vende.
Então não importa o seu sonante,
nem o de nenhuma outra gente!
Mais rico é o que se gasta,
dando-se à arte de se melhorar.
Porque o que melhora aqui
é o melhorado de lá.
E o retornado a isto, à Terra,
também há de já vir melhor.
Talvez não melhor a ponto
de saber as sonatas de cor,
apenas melhor a ponto
de ter deixado o seu pior.
E não me alongo no assunto,
"só sei que nada sei".
Só digo o que presumo,
mas um dia saberei.
Então façamos resumo:
preocupe-se mais em ser gente,
que o que só pensa no vil metal
arrasta o metal de correntes.
Escolha outra pauta pra soar-se,
pautas, quiçá, mais ricas;
pautas de libertar-se!
sábado, 13 de dezembro de 2014
ALEGRIA (Santíssima Trindade)
Para Letícia, Izabella e Bruno.
Soube de uma criança
que sabia passar os seus dias,
e não queria saber de nada:
a guria só sorria!
que sabia passar os seus dias,
e não queria saber de nada:
a guria só sorria!
O que não era matéria de espanto,
era filha da Alegria,
e fora engendrada no canto
que certa dupla cometia.
era filha da Alegria,
e fora engendrada no canto
que certa dupla cometia.
E era tão dada a sorrisos,
que também Alegria se batizou,
pois chamaram-na "Letícia",
nome que se lhe ajustou.
que também Alegria se batizou,
pois chamaram-na "Letícia",
nome que se lhe ajustou.
Só lamento que não a tenho tido
nas minas de ouro do lado de cá.
Se bem que há minas de coisas mais belas
na cidade "escrita no mar".
nas minas de ouro do lado de cá.
Se bem que há minas de coisas mais belas
na cidade "escrita no mar".
Sinto-me até um rei mago,
tendo visto a estrela chegar.
E sendo filha de estrelas,
destina-se mesmo a brilhar.
tendo visto a estrela chegar.
E sendo filha de estrelas,
destina-se mesmo a brilhar.
Sem mirra, nem ouro, nem incenso,
beijo o rebento da majestade.
E pra que a saudade não me arrebente,
passo no Rio mais tarde.
beijo o rebento da majestade.
E pra que a saudade não me arrebente,
passo no Rio mais tarde.
Mais tarde mas nem tanto,
ou a guria abre-me a porta!
E nem pode ser tanta a espera,
a amizade quer-se exposta!
ou a guria abre-me a porta!
E nem pode ser tanta a espera,
a amizade quer-se exposta!
Beijo, trio encantado!
Seus risos são minha melhor canção.
E soam no "Achados", perdidos,
no meu mineiro coração.
Seus risos são minha melhor canção.
E soam no "Achados", perdidos,
no meu mineiro coração.
= ; )
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
CIÚME
Para John Lennon
Não sou imune ao ciúme,
mas não me descabela.
Quem viu nisso perfume?!
Recende a... me exaspera!
(E é certo que nada tempera,
coitado de quem o considera!)
E quem pode blindar o parceiro
contra as tentações que há na Terra?
Vêm-nos de todos os lados,
brindam quem não as espera.
Não chego a concordar com o baiano,
as maçãs não são todas iguais!
Mas quero ser livre em todos os planos!
(Cada um sabe o que faz!)
E se, ano após ano,
escolheu a moça o rapaz,
mas não estão sempre se acompanhando,
o melhor é aceitá-lo em paz.
Há quadros que levam a enganos,
que se podem tratar com candura.
E que trágica tela seriam
as Belas Artes sem a pintura.
Então deixe arrumarem-se as moças,
e se divertirem,o que tem?!
O contrário é dar-lhes masmorra,
e morrer-se um pouco também.
Há nossa vida, a minha e a sua,
a esfera mais íntima não se mistura.
Então proponho nos conjugarmos,
mas nos algemarmos... jamais!
Se podeis entender o que digo,
eu vos digo: já amais!
Não sou imune ao ciúme,
mas não me descabela.
Quem viu nisso perfume?!
Recende a... me exaspera!
(E é certo que nada tempera,
coitado de quem o considera!)
E quem pode blindar o parceiro
contra as tentações que há na Terra?
Vêm-nos de todos os lados,
brindam quem não as espera.
Não chego a concordar com o baiano,
as maçãs não são todas iguais!
Mas quero ser livre em todos os planos!
(Cada um sabe o que faz!)
E se, ano após ano,
escolheu a moça o rapaz,
mas não estão sempre se acompanhando,
o melhor é aceitá-lo em paz.
Há quadros que levam a enganos,
que se podem tratar com candura.
E que trágica tela seriam
as Belas Artes sem a pintura.
Então deixe arrumarem-se as moças,
e se divertirem,o que tem?!
O contrário é dar-lhes masmorra,
e morrer-se um pouco também.
Há nossa vida, a minha e a sua,
a esfera mais íntima não se mistura.
Então proponho nos conjugarmos,
mas nos algemarmos... jamais!
Se podeis entender o que digo,
eu vos digo: já amais!
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
FESTA À BEÇA (Far Far Away)
Recebi de uma loira (linda!...)
um convite obscuro.
Mas o recebi, pontudo,
com o caralho duro!
Convidava-me a moça
para com ela "perder a linha".
Fiquei confuso com tudo!
(só conhecia farrinhas...)
Perguntei-lhe pelo paradeiro:
"Seria a festa onde?"
Respondeu que era distante,
seria no "longe, longe",
onde se bebe livremente,
e a procura não se esconde.
Recebido com gosto o convite,
não me tardou aceitá-lo.
E pensei formas diferentes
de durassuavemente contraprestá-lo:
banheiros que se invadem,
roupas que se perdem,
gente curiosa que espreita,
versos que se anotam em guardanapos
para impressão na memória de cenas indeléveis.
carro, rede, parede!
Sarro em todo anteparo
que possa matar-me a sede.
Mas não há como surpreender uma moça
já afeita à confusão.
E a recorrência do caos
não diminui o tesão.
Talvez até algo lhe agregue,
que há lucro na experiência.
Sabem-no as moças alegres
e os rapazes de toda a tendência.
Há idílio na festa da carne,
o amor em tudo se imiscui
quando se brinca até tarde,
em recintos castos ou promíscuos.
Ouço baterem-me à porta,
a moça não se demorou.
E ofereci-lhe a espada mais torta,
com que se cingiu e esgrimou.
Hoje, no dia seguinte,
não experimento culpa mas cansaço.
E como o desejo não se extingue,
vou descansá-lo em buliçoso abraço.
um convite obscuro.
Mas o recebi, pontudo,
com o caralho duro!
Convidava-me a moça
para com ela "perder a linha".
Fiquei confuso com tudo!
(só conhecia farrinhas...)
Perguntei-lhe pelo paradeiro:
"Seria a festa onde?"
Respondeu que era distante,
seria no "longe, longe",
onde se bebe livremente,
e a procura não se esconde.
Recebido com gosto o convite,
não me tardou aceitá-lo.
E pensei formas diferentes
de durassuavemente contraprestá-lo:
banheiros que se invadem,
roupas que se perdem,
gente curiosa que espreita,
versos que se anotam em guardanapos
para impressão na memória de cenas indeléveis.
carro, rede, parede!
Sarro em todo anteparo
que possa matar-me a sede.
Mas não há como surpreender uma moça
já afeita à confusão.
E a recorrência do caos
não diminui o tesão.
Talvez até algo lhe agregue,
que há lucro na experiência.
Sabem-no as moças alegres
e os rapazes de toda a tendência.
Há idílio na festa da carne,
o amor em tudo se imiscui
quando se brinca até tarde,
em recintos castos ou promíscuos.
Ouço baterem-me à porta,
a moça não se demorou.
E ofereci-lhe a espada mais torta,
com que se cingiu e esgrimou.
Hoje, no dia seguinte,
não experimento culpa mas cansaço.
E como o desejo não se extingue,
vou descansá-lo em buliçoso abraço.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
PROGRAMA SOCIAL (Dia de jogo)
Achei que era amor,
só que o amor não se acha
mas se faz.
É um ofício de todos,
qualquer um é capaz.
Às vezes parece difícil,
mas é livre a iniciativa,
sem corporações de ofício.
Livre iniciativa mas
sem "igualdade aos desiguais".
(O amor, se é o de um,
é o de mais!)
Não há como se amar sozinho,
é baião de pelo menos dois,
como o carinho.
É um carinho qualificado,
e pra distribuir não sai caro.
É ecologicamente correto,
é muito sustentável.
(O amor é o recurso mais renovável!)
É capital que não se apouca
nem por se gastar.
Então amor não se poupa,
"foi feitinho pra dar".
Todos amando em campo,
arquibancada, cadeira cativa.
(Não há amor se se limita!)
Mas vou interromper o fluxo,
ou o amor segue avante e se expande.
Só com o pouco que aqui tracei
já se pode começar o exame.
É exame sem provas,
mas preste atenção:
A matéria cai na vida;
aliás, despenca.
Temos que aprender a lição!
só que o amor não se acha
mas se faz.
É um ofício de todos,
qualquer um é capaz.
Às vezes parece difícil,
mas é livre a iniciativa,
sem corporações de ofício.
Livre iniciativa mas
sem "igualdade aos desiguais".
(O amor, se é o de um,
é o de mais!)
Não há como se amar sozinho,
é baião de pelo menos dois,
como o carinho.
É um carinho qualificado,
e pra distribuir não sai caro.
É ecologicamente correto,
é muito sustentável.
(O amor é o recurso mais renovável!)
É capital que não se apouca
nem por se gastar.
Então amor não se poupa,
"foi feitinho pra dar".
Todos amando em campo,
arquibancada, cadeira cativa.
(Não há amor se se limita!)
Mas vou interromper o fluxo,
ou o amor segue avante e se expande.
Só com o pouco que aqui tracei
já se pode começar o exame.
É exame sem provas,
mas preste atenção:
A matéria cai na vida;
aliás, despenca.
Temos que aprender a lição!
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
VERSINHOS DA BOAVENTURA
Eia, Centauro!
O tempo urge!
Urge, mas pressinto
que não a perturba o que surge.
A mulher é feita de coragem,
toda ela coração;
e para quaisquer viagens,
quero pegar-lhe da mão.
"...um dia conheci criança...
linda, virou mulher".
Mas as purezas da infância,
mantem-nas quem quiser.
É o que eu seria se fosse moça,
não digo as pernas de louça
(tanto não alcança minha pretensão!),
mas se fosse a moça faria
o que a moça faz dos seus dias,
amando sem restrição.
A moça é um feliz incentivo,
por isso, bem mais que amigo,
da moça virei irmão.
Desculpe estas rimas bobas,
mas é bom ser feliz à toa,
sem esforços de produção.
Então muito nos amemos,
que o mundo é bem mais ameno
sob sua inspiração.
Boas aventuras, Kika!
Parabéns pela sua vida,
melodiosa canção!
Fica aí meu amor declarado;
cante-o em bolero,
cante-o em fado,
eu o canto a plenos pulmões!
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
RIMINHA DE LENNON (Imagine he's around)
John Lennon era de um brilho
de acender o planeta.
Pena que nele haja tiros
(um acometeu-o em cometa)
Mas mesmo o que passa rápido
penetra no coração,
órgão que se inspira nos sonhos,
e os sonhos se inspiram em canção.
Então o oito de dezembro
não vou tomar por tragédia,
apenas mais um dia em que me lembro
de sua presença régia.
#justimagineheisaround
TORRE DO CASTELO DE NUVENS
Sonhei com a moça e foi bonito!
Mas não posso publicar o sonho,
que não foi dos mais insossos.
Mas pode acreditar que, no fundo,
era um amor carinhoso
(apenas, por distorção do mundo,
tenho os sonhos de um libidinoso...).
Porque nos sonhos é-se sempre mais livre,
e ali podemos desprezar
tudo aquilo que aqui nos oprime,
como as roupas, a nos apertar.
Mas na atmosfera onírica
só se pode esbarrar em nuvens, leves;
e a nudez sendo muito mais lírica,
não tinham sentido as vestes.
Mas os sonhos, sonhos sãos,
são o universo paralelo.
Então voltemos aqui:
você sonha a canção e eu, o prelo.
domingo, 7 de dezembro de 2014
COMO SE EM PERNAMBUCO
Para Rayra Freire
Como passa essa moça
quando não passa por mim?
Procuro-a morro acima e abaixo,
e não me vem o diacho do "sim!"
A saudade é uma coisa arretada,
e faz-se apertada assim,
pois meus passos não levam a você,
e seu espaço não é o de mim!
Tanto me outro, tanto me abandono,
que na primavera verão
que já sinto o inverno no outono,
derramando-me em folhas que deito ao chão.
Mas sei que nas terras suas
o frio é coisa que não há.
Então só conhecerá o aconchego
em se mudando pra cá.
Mas não lhe importam o inverno e o outono,
e serei dos que nunca verão
que a moça já tem outro dono,
e a primavera é só recordação.
Recordação do que de fato não houve;
não houve ontem, não há hoje!
Sonhos ao céu, eu no chão,
e levarei ao caixão estas flores.
Como passa essa moça
quando não passa por mim?
Procuro-a morro acima e abaixo,
e não me vem o diacho do "sim!"
A saudade é uma coisa arretada,
e faz-se apertada assim,
pois meus passos não levam a você,
e seu espaço não é o de mim!
Tanto me outro, tanto me abandono,
que na primavera verão
que já sinto o inverno no outono,
derramando-me em folhas que deito ao chão.
Mas sei que nas terras suas
o frio é coisa que não há.
Então só conhecerá o aconchego
em se mudando pra cá.
Mas não lhe importam o inverno e o outono,
e serei dos que nunca verão
que a moça já tem outro dono,
e a primavera é só recordação.
Recordação do que de fato não houve;
não houve ontem, não há hoje!
Sonhos ao céu, eu no chão,
e levarei ao caixão estas flores.
sábado, 6 de dezembro de 2014
ATLAS
Vejo, olhando pro globo,
o desconcerto do todo:
O norte vem ao sul
só para o enlace da Austrália.
E se meus braços pedem menos,
o que os atrapalha?
De leste a oeste da cama,
parecem-me léguas.
E que voos, que milhas me levam
ao lasso laço de tuas pernas?
Nada me parece levar
aonde elas te levaram;
bateram-se noite adentro,
e se me escaparam.
E se me escaparam,
como as recupero?
Carrego nos ombros o mundo,
mas nada espero.
Melhor faço voltando a dormir,
que o sonho é terreno livre.
E se posso sonhar contigo,
não há nada de que me prive.
o desconcerto do todo:
O norte vem ao sul
só para o enlace da Austrália.
E se meus braços pedem menos,
o que os atrapalha?
De leste a oeste da cama,
parecem-me léguas.
E que voos, que milhas me levam
ao lasso laço de tuas pernas?
Nada me parece levar
aonde elas te levaram;
bateram-se noite adentro,
e se me escaparam.
E se me escaparam,
como as recupero?
Carrego nos ombros o mundo,
mas nada espero.
Melhor faço voltando a dormir,
que o sonho é terreno livre.
E se posso sonhar contigo,
não há nada de que me prive.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
EMPREGO DE VERSO (Dia de feira)
Já está essa moça no tronco?
Ouço um ronco; são motores?
Queria um emprego de verso,
por que não nos fizeram escritores?
Talvez por faltar interesse
de toda a gente no que a gente diz.
(Se não somos mestres de nada,
por que nos dariam aprendiz?)
Mas não quero nada com o serviço,
é coisa que eu nunca quis!
Melhor jogar milho aos pombos,
na praça, perto do chafariz.
Mas a vida reclama dinheiro...
(Aqui se paga pra ser feliz?!)
(Aqui se paga pra ser feliz?!)
Esquece isto! Apaga!
Não é coisa que se diz!
Um beijo estalado e feliz!
=:*
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
QUARTO DE HOTEL (Tauá)
No meio da noite, outro açoite:
o da vontade de escrever.
Mas pra que empunhar a pena
se não tenho o que dizer?
Só o silêncio calha
se não entendo o que sinto.
Mas minha alma se espalha
(e se espalha por todo o recinto...).
Quartos de hotel, muitas vezes,
são a imagem da desolação.
São sempre iguais, todos eles,
como o hospital, o shopping, o avião.
Mas sempre que neles tenho
é sinal de que viajo.
E se não posso viajar no tempo,
pelo espaço me reparto.
E me repartindo me permito,
fito um mundo em expansão.
E também me expando e fico
rico da contemplação.
E todo contemplado
deve agradecer a sorte
grande de ter explorado
leste, oeste, sul e norte.
E, sendo o mundo redondo,
quanto mais rápido vou,
mais rápido sou retornado
ao ponto em que agora estou.
Não há deslocamento,
mas a distância que se percorre
muda o sujeito por dentro,
e de tédio já não se morre!
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
CARTA A UMA DESISTENTE
Moça amiga,
não proscreva o amor,
o amor é o sentido da vida!
E o que prescinde do amor
tem-na bem menos bonita.
O amor nem sempre dá certo,
mas o amor é o caminho correto
para um bem-estar profundo.
Então aceite o seu desconcerto,
não adianta dar-lhe degredo,
o amor é ubíquo no mundo!
Não revela o seu segredo
(para a humanidade ainda é cedo...),
mas um dia se esclarece tudo.
Mas se ainda não podemos fazê-lo,
façamos o que já podemos,
que é continuar o estudo.
É lição que completa não se aprende,
mas basta o esforço e nos rende
o sentido da completude.
Então não se esqueça, Rachel:
o amor é uma pista do céu,
a semente de toda virtude!
não proscreva o amor,
o amor é o sentido da vida!
E o que prescinde do amor
tem-na bem menos bonita.
O amor nem sempre dá certo,
mas o amor é o caminho correto
para um bem-estar profundo.
Então aceite o seu desconcerto,
não adianta dar-lhe degredo,
o amor é ubíquo no mundo!
Não revela o seu segredo
(para a humanidade ainda é cedo...),
mas um dia se esclarece tudo.
Mas se ainda não podemos fazê-lo,
façamos o que já podemos,
que é continuar o estudo.
É lição que completa não se aprende,
mas basta o esforço e nos rende
o sentido da completude.
Então não se esqueça, Rachel:
o amor é uma pista do céu,
a semente de toda virtude!
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
FOI FUTURO
Tenho saudade do futuro que tive,
em que nunca estive triste,
nem sozinho, nem perdido.
Mas que tempo terá sido esse?
(Devo ter-me confundido...)
O futuro era só alegria,
era só raiar o dia,
nada de sóis poentes.
Um futuro que era e não foi,
um de antes, não depois.
(Será que estive doente?)
Mas dizem os poetas messiânicos
que o futuro não aceita planos,
que o futuro não se rende.
Que o futuro, "esse hoje escuro",
"não é mais como era antigamente",
("é uma astronave que tentamos pilotar"...)
Mas já não sou como seria, inocente.
O melhor é esquecer o futuro!
O melhor é aquecer o presente!
O futuro é coisa de criança!
Melhor se vive de esperança;
a esperança é de toda a gente!
domingo, 30 de novembro de 2014
PARCELA
Estou de volta à minha cela,
à minha parcela de mundo.
Escolhi as imagens nas telas,
escolho as canções de fundo.
Escolho que poesia me enleva,
meu "fiat lux!" faz-me trevas.
Tudo escuro, me descubro
bem próximo a mim.
Não há ninguém por perto,
e não estou bem certo
de que prefiro assim...
Recarrego as baterias,
mas sei que jamais teceria
a perpétua solidão.
O amor me espera é no mundo!
E é preciso enfrentar o tumulto
que as pessoas fazem no meu coração.
E quem disse que é melhor isolado?
Se o disse antes, me calo.
E me preparo para a comunhão.
"É impossível ser feliz sozinho",
e até o sabem os poetas tristinhos,
mas soa melhor na canção.
à minha parcela de mundo.
Escolhi as imagens nas telas,
escolho as canções de fundo.
Escolho que poesia me enleva,
meu "fiat lux!" faz-me trevas.
Tudo escuro, me descubro
bem próximo a mim.
Não há ninguém por perto,
e não estou bem certo
de que prefiro assim...
Recarrego as baterias,
mas sei que jamais teceria
a perpétua solidão.
O amor me espera é no mundo!
E é preciso enfrentar o tumulto
que as pessoas fazem no meu coração.
E quem disse que é melhor isolado?
Se o disse antes, me calo.
E me preparo para a comunhão.
"É impossível ser feliz sozinho",
e até o sabem os poetas tristinhos,
mas soa melhor na canção.
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