domingo, 31 de maio de 2015

e-ditado

"com" 1berto Gessinger


"Não interessa o que diz o ditado",
o que é ditado não me faz feliz.
Fico feliz se soletradas
as letras de a-p-r-e-n-d-i-z.

Não interessa o editado,
o editado não me condiz.
O editado é uma praça triste,
removidos os infantes e o chafariz.

Não interessa o precipitado,
embora acidentes os haja felizes.
Eu prefiro o meditado,
meu eu mais profundo é o que mais me diz.

Milongas, Boleros e Fados,
e meu eu mais feliz
é meu eu reencontrado.



Chevrolet Hall 30/5/15

sábado, 30 de maio de 2015

LUZ VERMELHA

De perto todos são.
Médicos também, um pouco.
Mas já que este sou outro,
não pretendo te curar.

Vá o tempo mesmo te curando,
te mudando,amarelando,
como se amarelam as fotos.

O importante é que, coloridas,
mantenham-se em foco.

O foco é muito importante,
importante a objetiva.
Importante valer-se da luz
para captar-se a vida.

Mas, captada,a revelar-se,
é preciso a gente lembrar-se
de também valer-se da sombra,
a sombra vermelha e pouca.

A sombra de que assomam bocas,
olhos, ouvidos.
O que se disse, o que se vive,
e ouvi, assomando os sorrisos.

Diminuir a intensidade do brilho
para se observar
o que se deu sob o sol.

Nada novo, como se diz,
do ponto de vista do mundo.
Mas pro que ando em círculos
pode ser algo profundo.

Privar-se do holofote,
pra privar um pouco consigo,
escanear-se, ampliar-se.

Conjugando o inspirares com os conflitos,
pode até iluminar-se!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

ATRITO E PAZ

Eu sou Cristão?
Não sigo Cristo,
não sei onde Cristo está.

Mas o atribuído a Cristo,
eu quero experimentar.

Sigo-o ao ponto
de me baterem e eu não revidar.
Mas a face ofendida eu recolho,
e a outra não lhes vou dar.

Penso que chegar a tanto
só aproveita ao agressor.
Eles às vezes são tantos,
só com dez faces num projetor.

Às vezes me batem
e não vou à guerra.
Às vezes desejo que sumam da Terra.

Ou até que a Terra os coma,
embora disso me arrependa.
Minha energia é pro cântico,
não pra alimentar contendas. 

Contenta-me evitar o atrito,
mesmo se para isso, repito,
há a covardia de fugir do conflito.

Alguém atrito é preciso,
já me dizia o Carlos Maltz,
ou fico sempre no mesmo ponto,
e só me delicio com o Mate.

(Mas não posso atritar tanto
ou um mais nervoso pode ser que me mate!)

Atrito o necessário
para o deslocamento.
Ou pergunto a Newton:
sem atrito não me desloco ou só fico lento?

É, não se evolui sem atrito,
aceito-o, mesmo combalido.

Começo a me perder nas rimas,
e só queria fomentar a paz.
Então gasto o meu fermento
em bolo branco, não lilás.

E não briguem por "dá cá essa palha",
quase sempre não é nada demais!"

quarta-feira, 27 de maio de 2015

NOSSO LÁ É AQUI

Não quero o Lá do telefone.
Não quero o Lá do pipoqueiro.
Quero um lá mais afinado,
com que afine por inteiro.

Fantasias de violeiro,
fantasias de poeta.
Veículos de luz intestina,
mas é lá fora a minha festa.

Diviso sem me dividir,
me inteiro da situação.
Sou inteiro se lá e aqui
estendo a mão a algum irmão.

Nosso Lá de Mi sem Dó.
Nosso Lá de Sol em Fá.
Faz mais belo e faz feliz
quem faz lar o lá e o aqui.

Nosso lar é mesmo assim!


Brasília, 25/5/15, 9:35h

sábado, 23 de maio de 2015

INCONSTANTE


O tempo está inconstante
como coração de mulher:
chove e me abrigo no carro,
racha o sol e não posso ir a pé.

Nessas horas sofre o pagão,
mais vale a quem tem fé.
Minha fé não tem regras,
regras são coisa de mulher.

A mulher sangra, é certo,
exceto quando fora da idade.
Um dia foi muito cedo,
amanhã será muito tarde.

Então dê asas ao desejo,
enquanto ele ainda lhe arde.
Espraie-se até os herdeiros,
deixe heranças sem calcular-se.

O cálculo atrapalhe a vida,
que já mal se filtra, 
se ele é renal.

Repito-me:
não fique mola encolhida,
só lhe pode fazer mal.

"Hoje eu sei:
Só a mudança é permanente",
não tem como pensar diferente!

E ponto final.



Sebef, 10/2/2015

sexta-feira, 22 de maio de 2015

FUGA SEM BACH

Leram-me na minha frente!
Leram-me apesar de mim!
Mim não sabe o que aconteceu,
quem quis expor-se fui eu!

Por que baús já não se usam?
Por que não cabem nos apartamentos?
Pois cabiam nos antigos quartos
de só cama sobre cimento.

Mas é tudo brincadeira,
não sei por quê corri!
Minha mesa me chamava,
estou de volta aqui.

Mas saibam-no príncipes,
saibam-no plebeus,
é preciso morrer-se
para ver-se Deus!

Salvo a epifania,
mas isso só em dia de reis.
Eu sou o que não mais se adia,
mas nobre... eu nunca serei!




SEBEF, 10/2/15

quinta-feira, 21 de maio de 2015

TELEFONE EX-MARTE II (Com que se documenta)

Já foi bom que fosse grande,
depois melhor que fosse pequeno.
De novo melhor se grande,
e a bobeira sempre crescendo.

Vou dizer-lhe num aparte
não é o tamanho de uma sua parte,
mas o tamanho da nova joia,
que não se vende em quilate.

(embora o orgulho se dilate!)

Não há tanta novidade!
Eu as vejo desde pequeno.
Eu, que não vou a "grande",
continuo a achar obsceno:

São tantos os tamanhos grandes
que o fazem tamanho pequeno!

terça-feira, 19 de maio de 2015

8

Nem alegre, nem triste:
poeta.
Foi Cecília quem traçou a meta.

Eu, de minha parte,
paro antes.
Nem alegre, nem triste,
nem poeta:

pairante!

"Tudo está parado por aí
esperando uma palavra".
De POA, Brasília, Beagá,
ou do Havaí.

Hawaii, Highway,
ou mesmo outros infintos.
Nascido em 8 do 8,
nenhum deles me deixa aflito.

E o 79 que me quis encarnado,
tampouco o espanta esse fardo.
Vou cantar o belo e o infinito
com um 7 e um 9 a emoldurá-los.

As dores são conosco,
nunca é sempre são.
Mas alegrias, como biscoitos,
vai-se uma vêm dezoito.

Ou infinitas...


H.E.A.L. 4/5/15, 8:10h


domingo, 17 de maio de 2015

GABRIEL do 101 (15 minute Jesus)

Estou no cômodo 101,
bem mais cômodo do que o 705 fora,
mas jamais mais cômodo do que lá fora!

O que me trouxe me importa?

Importa-me o que me exporta,
chega de minha própria prisão!
Ela era muito verdadeira;

mais me vale a extroversão!

Quis despir-me de todo orgulho;
desapegar do que são só correntes,
arrastando só as de ar.

Nu estou mais contente!

Prefiro a vida sem vergonha,
a vida como se componha
com compostos naturais.

Podem ser olhos de salamandra,
pernas de saracura,
partes pudendas ou santas

da mais pura criatura!

Sou-o também,
e também sou criador,
à imagem pouco semelhante

Desse Alto que nos criou!

Minha loucura é o primeiro ato
do teatro a que Ele nos deu.
Paga ingresso mais barato

aquele que me absorveu!

Absorva-me o quanto possa,
que vou Dele imbuído.
Acordo cedo para escutá-lo;

Ele sussurra em meus ouvidos.

Não se preocupe, pai!
Não se preocupem, irmãos!
Mamãe já não se preocupa,

é contra-regra da cooperação.

Se vocês e outros se aliam,
alinhando-se comigo,
a conspiração está pronta

e o mundo volta a bom abrigo!



sábado, 16 de maio de 2015

AQUILÁ

Deus é ubíquo,
está comigo neste cubículo.
Está contigo aí,
fora de mão.

Deus controla as minhas,
já que rege a inspiração.
E o que me sugere agora
é nos abraçarmos,

irmãos!



 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

MUJLIS

Estou numa cela.
Em quarto para 1/4 de mim.
Preferiria um cavalo selado,
mas no selo estampado em mim

não se lê "igual",
nem "equal", nem "égal".
É um selo de verde a vermelho,
que diz "fraternidade afinal!".

E sem que eu me descrevesse
"não disse nada do modelo do meu terno",
pois sabia que o mais importante
é mais simples e interno.