domingo, 28 de outubro de 2018

ATÉ O CÉU!



Até o Céu, tão vasto,
é assim: nubla,
depois se arruma todo de luz!

Grande desse tanto, 
não se aflige.
Tudo passa,
e ele sempre assiste.

Invulnerável.
Confiante.
O Céu é de si triunfante!

Sobrepaira.
Tão superior,
nem precisa alçar-se,
não precisa de alças.

Sua atmosfera não é falsa.
A atmosfera é sua filha.
Todos lhe devem tributo.
O tributo da liberdade.

O Céu é o salvo-conduto
desta espécie de santidade:
a rubra fraternidade,
contra a qual nada podem
bandeiras usurpadas,
que já não são da comunidade.

Só um trapo de uma elite
que não se sabe.
Não sabe nada!
Já acorda cansada,
e suga até deitar-se.

Mas ainda a deitamos por terra.
Não tá morto quem peleia.
Não tá morto quem resiste!
Não tá morto quem espera.

Há de o Céu vir à Terra
para a bendição de tudo.
Tudo seja bendito!
Seja tudo mais bonito!
Tudo seja repartido!

Eu acredito!
Acredito que o Céu é onde o amor está.
E que o amor, sem impérios,
ainda há de imperar!

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

MUITO

A beleza do amor é esta:
amar a ex-adversa,
mas não tenho sido capaz.

Não esses tribunais
e sua imodéstia,
matando a réstia insistente
do que um dia foi a Justiça.

Essa ganância enrustida,
tão mal que é tão aparente.
Esse quadro é deprimente,
mas não me desanima de viver.

Esse quadro lança-me à luta.
Não tenho medo da disputa
pelo que é nosso direito.

Já houve David.
Já houve Golias.
Já se matou muita bola no peito.
Agora é sempre o tempo perfeito!

(Sempre todo tempo que há!)

Nada vai nos desviar.
A caminhada é incessante.
Nosso grito, possante.
Nossa veia a do bom sangue,
o que se doa mas não se entrega.

Chega de nos imporem regras
que são o avesso de uma
que assim se possa chamar.

Já disse: não vão nos calar!
É assim que é!
Pra caralho!

Nem se deem ao trabalho!
Somos assim!... pra caralho!

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

NINA QUER CRESCER (5 meses)

Olhos grandes atentos.
O pai canta.
Um sorriso soante e propenso
Nina encanta.

Nina quer falar.
Demanda participação.
Seus patrícios sacrificam a voz,
entregam-na de bom grado ao cão.

(Quem, podendo escolher,
escolheria não poder escolher?)

Nina quer brincar,
quer aprender.
Nina quer cantar,
quer crescer.

Nina quer o céu,
quer o sol.
Nina quer papel,
quer ter voz.

Nina entende o amor,
antes ainda do português.
Nina prefere-o à dor.

E vocês?

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

TÃO BONITO!

Nada é tão bonito quanto a verdade!
Nenhuma mentira bem elaborada,
manobra publicitária,
elogio falso que se escancara.

A verdade tem um som só dela,
só possível no ar puro.
Nunca foi plasmada em tela,
nem projetada no escuro.

Não existe verdade à fórceps,
só verdade natural.
A verdade já nasce nadando
e até voando é normal!

A verdade não tem dono,
não se camufla.
A verdade mais delicada é selvagem,
não a criam em estufas.

A verdade não  responde ao desejo,
não a podam intenções.
A verdade não se curva a governos,
nem a matam nos porões.

A verdade veio antes
e sempre se derramará.
A verdade sóbria e inebriante
sempre sobreviverá.


sábado, 20 de outubro de 2018

SÊ MEIO

Olho minha estrelada
galeria de fotos.
Nenhum sou o que está ali.
Um e outro morreram,
eu envelheci.

Nunca mais a minha moeda
atirada em dissolução de dúvida
cai cara
(sou barato e não conquisto).

Sou o cisco no olho que não chora.
Sou semente da flor que não flora.
Nunca chegará  a fauna
este meu animal.

O tempo cura!
Curou-me da juventude,
mas não da presteza.
Curou-me da beleza,
mas não da solicitude.

Aquilo contra o que
sem sucesso intenta o tempo
é a minha atitude!

Esta me pertence enquanto
eu houver de me pertencer
Essa será um pertence
do que só me ocupo de ser.

Toda beleza é o que pode ser legado.
Nunca esteve a beleza no que pode ser olhado.
Quem vive atrás da beleza
é realeza do desamparo.

Vivo, o amor que semeio
nunca pôde ser castrado!

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A CÂNTAROS

A chuva cai sem luvas,
sem mão.
A chuva cai no sentido,
cai na contramão.
A chuva atrasa o empregado,
alarma o patrão.

A chuva não cai sozinha,
cai junto o clarão.
A chuva soa linda,
mas abriga o trovão.
O trovão parece um alerta,
parece um sermão.

Quais serão as metas do dilúvio?
Sinto falta dos céus abertos,
falta do plenilúnio.
Nunca mais haverá verão?
Mas e este calor de Mercúrio?
Serão choradas em vão
minhas lágrimas no escuro?

FIAT LUX!!!!!
Não posso mais!
Não posso caminhar calado
a 54 anos atrás!
Chega! É retrocesso!
Chega de facínora!
Deus, nos mande crianças
que diluam esta sina!

Nelas aposto minhas fichas.
A elas empenho meu coração.
Quanta semente de progresso!
Quanta carinha bendita!

E te bendigo, Senhor,
por fazer-me arauto da Esperança.
E que sejamos todos navegantes
do mar da bem-aventurança!

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

TRANSITO LÉPIDO

Rio muito mais do que choro.
Por alegria não imploro,
nem imploro por tristeza.

(Por uma não preciso implorar,
 a outra não põe a mesa).

tristeza?
Não sento à mesa com ela!
A ela não quero servir,
nem quero servir-me dela.

A tristeza não tem sol,
não tem parque.
A tristeza não é um estado normal,
são ataques.

Pra tristeza ainda é cedo
e já é tarde.
A tristeza mato-a eu
vivendo-a em arte.

sábado, 13 de outubro de 2018

ESTRANHA MORAL

Não há travas nas velhas palavras.
Nossas batalhas seguem as mesmas:
Driblar alguma tentação,
por comida sobre a mesa.
Evitar comportamento malsão,
ser presença benfazeja.

A chave em si não é jamais má,
embora possa ser enganosa
para a porta em que se está.
Nem todos os caminhos levam aroma,
alguns não estão perfumados.
A chave abre um momento
num tempo aprazado.

Não leia mais do que diz a letra,
principalmente se não é o bem que lhe permeia.
O farisaísmo ainda martela muito,
mais sobre os outros do que sobre si.
O juízo que se faz sem amor
passa longe do que Ele quis.

Cuida de ter mais lugares à mesa,
em vez de franquear migalhas.
Ou vão faltar dedos que te minem
a sede que te abrasa.
(Dedos te acenarão de longe
e não serão mina de nada).

Esquece o linho.
Esquece o ouro.
Veja quanto falta ao outro!
É o montante que te sobra.
Também o resolva enquanto estão no caminho,
nada de ao depois o de agora.

Se é poder o que te corrompe renuncia-o!
Aquisitivo.
De força.
Da toga!
Esqueça o nodo de antes,
medita no de agora.

A água te lavou no renascimento.
É d'água seu caldo de cultura.
É n'água o seu fermento.
Em cada passagem uma nova lição.
As vastas passagens dos livros.
Tuas bastas passagens no chão!



Intuído em 13/10/2018, o Centro Espírita Oriente, em Belo Horizonte.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

BÍBLICO

Não ponha a candeia sob o alqueire.
A luz que não se mostra não importa.
A luz que não se doa está já morta!

A luz que torne tudo claro!
Nada há, de oculto,
que não deva ser revelado!

Segrega o segredo que
feito parte devera ser inteiro,
que, aparte,
devera dar-se ao povo em cheio.

Mais aonde mais há.
Mais onde mais se amar.
Menos ao que, feito feno
dá-se ao cavalo sem nem sê-lo.

Olhos de ver.
Ouvidos de ouvir.

Não finjam que não é com vocês
a dor passada bem aqui.

Ouvem e não escutam.
Olham e não veem.
Tudo para que seu corações pesados
a nada compreendam.

Estão na casa Tua
conversos faltos de cura.

A lição do Mestre
é proporcional ao aluno que se instrui. 
Olhos frágeis 
fácil cegam da Luz!

Mas a escuridão chega a um ponto
em que põe o homem a duvidar.
Duvida de estar inteiro,
não se enxerga em sua integridade.

É o espasmo busca-Luz!
Que venha logo!
(Antes tarde o que aduz).

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

REPARE!

Folha em branco.
Mente em branco.
E o país passando um cheque em branco
a um hábil falsário.

O que terá se passado
na cabeça do trabalhador?
Quer seriedade e elege palhaços.
Pros tais "bons costumes" ator pornô.

Terá enlouquecido
por força da muita dor?
Porque quando nasceu o país
fez-se logo expectador...

Não participa.
Nem chega perto!
Não o deixam entrar
nem ficar ereto.

Querem-no curvado.
Querem-no sem teto.
Querem-no sem terra.
Querem-no analfabeto!

Querem o monopólio do dinheiro.
Querem o monopólio do estudo.
Querem o monopólio do respeito!
Querem o monopólio de tudo.

O trabalhador nada pode!
(ou só pode esquecer...)
Sonhar não sabe, não faz.
(nem se atreve a querer crescer).

Que injusta essa sua venda,
bem maior que a da justiça-ela-mesma.
Irmão, tira a venda dos olhos,
bitola não põe a mesa!

Repara no que te dizem.
Repara no que te propõem.
Repara no que existe!
Repara nos que se opõem.

Seja mais(,) irmão.
Ande mais irmanado.
Desfaça-se dos operadores
que te querem falsificado.

Você não quer porrada.
Você não quer sangue.
Você não quer a prisão,
nem quer que ainda mais lhe mandem.

Seja livre, meu irmão!
Pelo menos isso se garanta.
A liberdade é condição
do café, do almoço e da janta.

Liberdade é patrimônio!
Liberdade é esperança!

sábado, 6 de outubro de 2018

ESQUINA 7 DE OUTUBRO

A chama não tem pavio,
é olímpica.
Nasceu-me aqui por cima,
é o que se proclama.
E me pira, 
se consome.

Porque se chamavam os homens
que não têm nome
querendo-se-lhes roubar a face.

Mas a vida não se entrega,
nem se entrega a arte.
Da vida somos zelosos,
zelosos contra os dos tramares
ou outros quaisquer furiosos.

Não tem preço um dia
que da vida se perde.
"Ora, como se atreve?!"
É fácil se há trevas!


Eu quero a sorte,
o trevo mais bonito!
Mas sinto que tremo por tê-lo dito,
mas é de indignação.

Pro abraço braços e mãos.
Não tenho nada pro fuzil!
Não tenho nada pra essa merda,
nem tem o Brasil!,
na candidez de sua velha infância.

Se não quer vermelho não haja sangue,
ou desperte para o bumerangue!
Desta mensagem ninguém se cansa:
Eu falo desde a fraternidade

e meu nome é ESPERANÇA!