segunda-feira, 31 de julho de 2017

MEIO DO NADA

Fui-lhe positivo,
disse-lhe que sim.
Refutou-me em sua fé na descrença.
Disse que o futuro não era nossa pertença,
mas divina.

eu lhe disse "Menina,
quer ter a certeza de não chegar
é só não se por em marcha!"

Pareceu-me atônita,
como quem já não sabe o que acha.

A pessoa tem, muita vez,
uma capacidade de fé,
mas não sabe o que lhe faça.

(Às vezes não mais que pirraça...)

O meu sinal de fumaça diz "Sim!",
e minha fé é imbuir-me de propósito.

Já quanto ao equinócio...

segunda-feira, 24 de julho de 2017

TRIUNFE (Luísa)

com Clarice

Ele não está, Luísa!
É inútil essa busca.
Seus timbres,
seus papéis timbrados.

Tudo está anulado!
Foi-se!

Foi buscar outro espaço,
foi ambientar-se.
Retirou sua ausência,
já antes tão presente.

Luísa, se contente!
Ouça o jardim lá fora.
O mundo é todo seu
e excede esta sala.

Luísa, 
o mundo não se compara!
Viver não tem paralelo!

Luísa,
um Jorge não vale!
Não vale um Marcelo.
Um Túlio tolo, Ladislau, 
nada Luísa!

Nada será igual!

Luísa, não procure agora!
Luísa, ele não está lá!
Ache-se, Luísa!
Luísa, você é que está!

segunda-feira, 17 de julho de 2017

SÓ EM JOÃO PESSOA

Na maior parte do tempo
estou só em João Pessoa.
E bem por estar só.
É uma conquista!
Foi trazer para o litoral
minha solidão esquisita.
A mesma que já passeara por São Paulo.

Mas São Paulo,
sempre grande e outra,
já era um pouco conhecida.

Minha solidão é entrecortada
por alguma companhia.
De vão em vão me vêm à mão
meus amigos da Paraíba.
Os que só aqui encontrei
e os que já entretinha.

É um amor.
São amores!
Como disse um guru,
sorrirei de cada dia em que despertar.
É um renovado privilégio
o de se melhorar.

Na maior parte do tempo
estou só em João Pessoa.
Mas quando estou mais só
é quando fito o mar.

Imenso, cálido, convidativo,
recebe-me com sinceridade,
mas fica claro que não posso ficar.
Não sem arranjos:
nadadeiras, barbatanas.

O mesmo para João Pessoa:
recebe-me, afaga-me,
mas me mostra o caminho para o Castro Pinto.

Ela tem os paraibanos,
tem os pernambucanos incorporados.
E o mar tem sempre o céu bem junto.

Na maior parte do tempo
estou só em João Pessoa.
Mas quando estou mais só
é quando avisto um casal,
num pedaço só deles de mar.

Abraçados, molhados,
ela dando pinta de que sem ele iria afogar-se,
mesmo se ali dá pé.

Eu quero apenas dar pé,
dar pé antes de partir.
Emprestar ao humano, 
aos homens,
toda esta minha fé.

Haverei de amar tão só
quanto como em João Pessoa. 


João Pessoa, 27/5/2017.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

LIMA (Candeia)

Existe um belo,
mais belo que um verso,
que diz que uma vela acesa
acende outras mil sem se apagar.

Não se envergonhe de se escorar,
um pouco, em quem está bem.
Não há mal algum nisso!

(Talvez estejamos até
saldando algum compromisso!)

Tudo que nos foi dado,
foi-nos dado por empréstimo,
e tudo em atenção aos outros.
Se o seguirmos, está dito,
o mais nos virá por acréscimo.

Toda fortuna,
o dinheiro ou a alegria,
é destinada a seu irmão.
Esta é uma escola de fraternidade,
não há outra destinação.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

CABO BRANCO (Mar e Amar)

Vou lembrá-los,
antes que o tempo me acabe,
de que mar e amar
são milagres!

Ambos são a verdade,
e são ambos imensos.
Ambos serenidade,
em ambos às vezes tormento.

Ambos nos ensinam, 
portanto,
que é preciso ter confiança.
Ambos revelam em nós
o nobre dom da esperança.

Estão ambos sempre vivos,
ambos nos atingem.
E quando nos acostumamos
nenhum deles nos aflige.

Penso que em tanta alma
está a assinatura de Deus.
Porque há um encanto dado
que nunca se prometeu.


João Pessoa, 24/5/2017