quarta-feira, 25 de outubro de 2017

OUTRO TANTO (Mais Esperanto)

Vem-me de novo Sabino,
sabido,
a me lembrar que ainda
o menino é o pai do homem.

Vem-me, assim, de longe,
a confirmação do que estou.
Cada vez sou mais o homem
que o menino ensinou.

De déu em déu a palmilhar,
o mundo que entrevejo
vai-se expandindo tanto,
que do "pequeno" nada percebo.

Não o digo do pequeno que somos,
deste que torno a ser,
mas daquilo de que se distraem
os que se põem a perder.

Nada valem as miudezas
que vidrados se disputam.
Tão nublados da luz que os guia,
que o que perseguem deles triunfa.

Fora do medo há o mundo,
a coragem vai-nos dar à Luz.
A luz vai-nos dar a nós mesmos,
livrar-nos do mundo-capuz. 

Cá pus eu o que entrevi,
num momento de meditação
com que pude, disse-me a moça,
poupar-me à perturbação.

Desejo-nos Paz.
A paz de um é a de outro.
Todo mundo é capaz,
é só tentar mais um pouco!

domingo, 22 de outubro de 2017

BAR TRISTE

Estou em um desses bares tristes
em que a televisão está ligada.
Rumino a vontade acesa
de não ter minha alma apagada.

Espero o transcurso de um tempo,
até a hora de um compromisso.
Um outro ostenta sofrimento,
num ar meio enfermiço.

Tenho vontade de abraçá-la,
toda essa gente distraída
que desperdiça com afinco o tempo,
sem saber que sangram vida.

O tempo não é de se matar,
ele é de se viver.
O tal "senhor tão bonito",
de que feitos eu e você.

Então lhe dê bom emprego,
como o que daria a um familiar.
E vai ver que as horas são joias
de nos fazermos brilhar.



Centro Oriente, 11/7/2017.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

SORRINDO (Trabalhe!)

Sorria, meu velho!
Você já não é tão novo,
mas é sempre oportuno!
Sorria do compreendido,
sorria do absurdo.

Sorria para o estranho
como para o conhecido.
Sorria pelo que lhe vem,
sorria pelo que tem tido.

Sorria à larga,
que o sorriso (lembra?) é um lume.
E porque vai rumo ao novo
pode ser que lhe ajude.

Que lhe ajude a ajudar
a quem está a sua volta.
Essa em que estende a mão
é sempre a hora mais grata!

O mundo parece uma rede,
a vida, uma transmissão.
Multiplique essa espécie de peixe,
que a mais lauta refeição.

Seja tanto quanto possa
o arauto dos céus abertos.
Sem esquecer que, lá longe,
Ele está sempre por perto.

Trabalhe com sinceridade,
sobre esse ponto eu insisto.
Aquele feito com coragem
é o trabalho mais profícuo.

Faça render os frutos
para tudo de que temos fome.
E lembre-se: Nunca se esqueça
de que não trabalha em seu nome!


AMEMG, 7/6/2017

domingo, 8 de outubro de 2017

SÁBIOS

Não existem sábios que saibam que o são.

É TEMPO!

Sem notar que sofrer amedronta,
pus meu coração numa concha
e deitei-o no fundo do mar.

Num berço esplêndido.
Incogitável.
Intangível.
Inalcançável.

Para que não me pudesse encontrar.
Para que não me pudessem encontrar.
Para que seguisse selado.
Para que pudesse ocultar

os meus ouvidos precavidos
d'uma memória insurgente.
Uma memória polimorfa
de uma sereia que é gente.

O som não é tão veloz
quanto a Luz que me cegou.
Mas eis que agora me surge

e me parece melhor

que a memória que lhe tinha
e que a custo abafava.
Porque eu não a entendera,
e ela me machucava.

Como o tempo é senhor de tudo,
agora menos cego que mudo...
Mudo não digo, mas rouco,

pois chega de ouvidos moucos.

Vou abusar da garganta
e enviar-lhe um convite.
A você que já me encanta,
e chega do antigo alvitre.

Quero estar desembaraçado
do medo e outros freios.
Quero é ser alcançado
de novo por modos de frevo.

E boto meu bloco na rua,
com desculpas a quem se ofenda.
E votos de que aproveitem o exemplo,
que pode ser que lhes renda.

Eu me rendo ao amor,
imperfeitos como sejamos.
Tanto ele quanto eu,
e nos declaramos humanos.

Portanto perfectíveis,
como tudo que planejarmos.
E que Deus nos escute e ampare,
e quem sabe decida alar-nos.

Aos céus os prometidos.
Aos céus os alcançados.
E o tempo, não vou medi-lo,
mas é tempo de nos beijarmos!

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

CABEÇA DO DRAGÃO (Sou Mar!)

Para Carlos Maltz, Jurubela e Nathalia Duarte

Sempre de olhos postos no mar
(de onde também nascem Sol e Lua
sem se perguntarem em que costa),
penso em sua generosidade.

Trabalha infatigável e a bem,
vinte e quatro horas por dia,
o dia inteiro, todo o ano,
pouco importa o ano em que estejamos.

(Ou se bissexto ou bisesdrúxulo...)
O mar é mais corpo que corpúsculo!

O mar abraça todo aquele
que se acerca sem o cercar.
O mar não conhece o medo,
porque sabe que é infinito.

Já o singraram glórias,
já o contaminaram conflitos.
Abençoou a tradição dos crentes,
deu naufrágios aos aflitos.

O mar não teme adiantar-se,
disputa o horizonte com o céu
sem deixar de beijar a areia,
que a areia é que é planeta.

Eu sou mar!
Embora um dia não o visse.
Sei que não vou me acabar
se buscar o que Deus me disse.

Penso na bússola que sei que ostentei,
sempre apontando pro Norte.
Porque me perdia em talentos do Sul,
distraído do nodo da sorte.

Que imensa Graça a dos encontros
que nos apontam pra onde ir.
Mar, você é o espelho!
Eu também vou servir!