segunda-feira, 31 de outubro de 2016

UM MUNDO (Casa Capital)

Na minha casa
não tem campainha.
Não tem rainha.
Não tem súdito.

Na minha casa
não tem pecado.
Não tem prelado.
Não predicam do púlpito.

Na minha casa
não tem escorbuto,
só o produto
das laranjas.

Na minha casa
eu desfruto
o que me enviam em duto
as minhas entranhas.

Na minha casa,
sempre sozinho,
penso estas coisas
estranhas.

Penso em divisão,
pego da caneta,
sou escrivão.

Penso em alforria,
escrevo a Vossa Alteza,
sou mero escriba.

Senhora sanidade,
não precisa alarde,
baixe o decreto!

E pode ser que extraia
exclamações e vaias
do que a sigo de perto.

E já nada importa
se, aberta a porta,
eu estiver liberto!

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

LEGADO

É aceitar o imutável:
sempre haverá o mistério!
Tragar muita luz do sol
é certeza de estar cego.

Tudo nos é revelado
conforme nosso entendimento,
mas o entendimento de agora,
não o de um futuro momento.

Nada é instantâneo,
seria abusar da utopia.
Mas os problemas são momentâneos,
e nos acercamos a cada dia

daquilo que o idealismo
concebeu, ouvido o coração.
E se não formos nós a apanhá-lo
será nosso legado

a outra geração.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

POR SORTE

"Onde a casa vige?"
Onde a gente existe?
Longe das cicatrizes?

Os tempos eram outros.
Foram outros.
São outros os senhores do tempo.

Nós outros o que temos?
O produto das tratativas.
Somos senhores das tentativas.

Não vê acaso as pistas?
Não vê a que pista nos lançamos?

A sorte é nossa regente.
Ela, que nunca soou mal,
que inventa o carnaval
ou se recolhe em câmaras.

Ela que nasce flores,
que tinge as cores,
hasteia as flâmulas.

Já cantaram em Pernambuco:
"A vida é cigana".
Se enganam os que pensam
que se podem poupar.

Eu mal posso esperar.
Quero apalpá-la,
sentir-lhe o cheiro,
provar do gosto.

Não serei o primeiro,
mas viverei,
se é imposto.

A sorte desarrazoa,
nos é imposta
mas coisa boa.

Vem!
Me pega do braço,
num primeiro instante casto,
aprofundada depois a comunhão.

Vem!
O tempo vai sempre correr,
e a sorte nos proteger,
que até um louco amor tem razão!

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

POEMINHAZINHO

Aos colegas de 20 de outubro.

A poesia é o pão.
A poesia é o vinho.
Da poesia me embriago
e alimento sozinho.

A poesia é a salvação.
A poesia é a palavra.
A poesia que conjuro
e a que não é de minha lavra.

A poesia é a solução.
A poesia é o caminho.
Na poesia seu irmão,
da poesia peregrinos.

Poesia, por que não?
Ou até porque ela insiste.
A poesia é carta de amor;
minha carta aberta e meu convite!

terça-feira, 18 de outubro de 2016

WIND-OW

Been going 'round,
wanting to be found.
They can never know me
such as I am.

They don't think I can.
They think I'm lost.
They think I've got
to lose again.

I'm up for the battle.
I'll leave the castle.
I can't settle down.

So I'm up against.
Against the the wind,
forever 'round.

sábado, 15 de outubro de 2016

BRASÍLIA (Campus Dei)

Para Carlos Maltz, os Brazil e os Nogueiras.

Brasília, sua linda!
Que ilha, que nada!
(Disse-o um tolo!)
Brasília é um campus gigante
que humilha os campi todos.

Brasília imenso projeto.
Brasília só o céu por teto.
Brasília meninas bonitas
que já estiveram mais perto.

Brasília monumental.
Brasília Planalto Central.
Brasília sou eu sem tormento.
Brasília é uma espécie de templo.

Brasília traço do arquiteto.
Brasília terra do novo.
Brasília da canalhada,
que não foi feita pro povo.

Tanto verde pra todo lado
e não se pode andar a pé.
Só se pode andar de carro
(Juscelino e sua estranha fé).

Mas não adentro os problemas,
a canalha é de terça a quinta.
Seu amor não foi hipocrisia.
Brasília, vou caçar-lhe esquinas.

Terra mística do engenheiro astrólogo.
Terra que me abriu em mapa.
Brasília é sempre "Até logo!".
Brasília que me é sempre tão cara!

Beijos pros primos!
Beijos pras meninas!
E que saudades dos Raimundos,
de Brasília, capital do mundo!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

PEQUENOS

Quando é criança
todo mundo dança
de um modo qualquer.

Quando é criança
despetala a flor
porque mal-se-quer.

A vontade grande
é a de não ser pequeno,
mas, se Deus quiser,

viverá a plenas
toda sua infância
e o que mais vier!

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

OUTRA OUTRA VEZ

Estou na chuva para me melhor.
Estou contigo,
até quando só.

Estou encharcado
mas estou leve.
(Nada mais pesa
esta vida breve).


Os dias se sucedem
e se saúdam.
As noites se merecem
quando se usam.

Vestimos o breu,
mas jamais as trevas.
Ele erra primeiro
e depois acerta.

Ele sou eu,
sob outro prisma.
Ele foi o da derrota,
eu sou o da conquista.

Pra quem perdeu a canção
ela aqui se reprisa:
"É de batalhas que se vive a vida!".