sexta-feira, 27 de setembro de 2019

DEPONHO

Obrigado, Senhor!
Por as lágrimas quentes
serem as dos dias frios.
Obrigado por enxergar o fio.
Por já quase ouvir o que preciso ver.

Obrigado, Senhor!
Pela coragem de entender.
Pela de escolher.
Pela de não me esconder,
me ocultar.

Obrigado, Senhor!
Por essa bravura salutar,
de bom ânimo!

Obrigado, Senhor!
Pelo tempo em que amo.
Obrigado, refletido,
por tudo que me tem passado.
Pelo que tenho sido.
Eu até já consigo
imaginá-Lo.

Me dê voto, Senhor,
de confiança!
Faz-me devoto da esperança.
Praticante do perdão.
Engrenagem-vitrine de fé.

Obrigado, Senhor!
por me manter de pé
tendo eu feito tanto por cair!
Obrigado por eu não conseguir!

Mantém, Senhor,
no fluxo o meu verbo.
E que me torne ativo.
A mim e aos comigo!

Senhor, te vejo aberto em abrigo
e não pretendo descansar.
Dá alegria trabalhar!
Trabalho em prol.
Trabalho pra ser de escol,
das escola e escolha do Senhor!

Mestre, te sou todo louvor!
Contemplo o pequeno imenso João-Francisco,
e Paulo, o doutor.
E que toda essa letra me suba à cabeça.
Aqui deponho com Amor.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

LOCOMOTIVA

Para Fá.

A dor, neste mundo,
anda em tudo de entremeio.
No bonito como no feio,
e não existem neutralidades.

Cabe-nos respeitar,
tateantes,
essa paz em que a dor descansa.
Dela não há distâncias.
De nada se extirpa a chance.

A dor embarca em relances
onde falta o cuidado.
Onde a tranquilidade vacila.
A dor não respeita filas,
que a lição vez por outra quer-se expressa.

A dor não é exclusiva de quem peça.
A dor é peça!
Nada nos livra dessa hóspede a tudo atenta.

Mais nos valeria o respeito que a fuga.
O medo já não se usa
se o objetivo é crescer.

E já vai na frente a locomotiva de Luz,
a quem o medo não seduz.
A que vai fazê-lo de degrau.
A que sabe que estar nos trilhos
não é nada acidental.

A que repara, olho-vivo-faro-fino,
onde estão as estações.
A que entende os intervalos no passeio,
e que avança às oportunidades.

Temos começo em cada dia.
Quem inventou a noite
(não a inventou para nada...)

também concebeu a alvorada.

O Amor desperta.
Amar esclarece.
O que ama entretece
o fio luzidio da libertação.

Ninguém tem tempo pra ilusão,
tempo pra desvio.
O nosso tempo é pros desafios.
O nosso tempo faz-nos fortes!

Eu o que desejo,
aos atentos e aos distraídos,
é a mesma sorte:

Olhos que, de vivos,
transcendam mortes!

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

SAMPAMOS (Uma teoria)

Para Fá.

Fá é dona de seu passo,
nada a embaraça.
Nem o que risca,
nem o que traça.

Toda perda de um lado
de outro é compensada.
O tempo que vem
ao tempo que passa.

Fá conhece importâncias.
Concentra-se.
Foca na própria força
(o que faz com que não se renda).

Tem foco.
Tem luz.
Tem um conjunto tão todo,
tão pleno do que me seduz.

Porque me seduz aprender,
Fá é a companhia justa
pro que, justo,
quero vencer.

Não é aqui nem ali, 
nós apenas estamos.
Eu mesmo, que escrevo,
estou dentro do aeroplano.

E também do Altiplano,
plano adrede concebido.
O plano em que concordamos
e de que passamos recibo.

É um pouco como o vejo.
É um pouco como o sinto.
Tenho fé no que percebo
e mesmo se não vejo, sigo!

Vou pousar nas proximidades
e seguir pra Consolação.
E só quem divide sabe:
"casa é onde está o coração".

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

ALVISSAREIRO

Apagado o medo,
a Esperança faz reclame da vida.
Aquela que só é bem cumprida
quando comprida no amor.

Aquela altura de onde tudo se divisa,
onde os prós obnubilam os poréns.
Onde os vinténs não se contam
e não existem outras vantagens.

Não há nada a reservar-se,
tudo pode ser repartido.
O amor (olhos de ver!)
é o banquete mais sortido.

Todos a suas preferências,
nada as diminui.
Só o respeito por regra
(a única que se estatui).

A parcimônia é de sua essência.
Em sua harmonia não há ruído.
O que se abriga no amor
de nada está acometido.

Porque o amor abriga
alcunham-no "coração de mãe".
O amor já havia ontem.
O amor constrói o amanhã.

Lembra da força suave?
O amor a engendrou.
O mesmo amor nesta Terra
demonstrado por nosso Senhor.

O amor não hesita.
O amor é alvissareiro.
É o fino sol da manhã
sobre qualquer nevoeiro.

O amor é melhor vivido,
transcende os verbos e os sujeitos.
O amor nem pode ser dito!,
mas eu sei por quê me atrevo.