terça-feira, 17 de março de 2020

EM CASA

#verdelume
#Safrade2020

Em casa
Faço sala
Para o meu otimismo.

Em casa
Em versos e notas
Não estou nunca sozinho.

Em casa penso torná-la
Venturoso presídio.
Em casa ideias de incúria
Mas atos de juízo.

Em casa me examino.
Em casa me burilo.
Ouço o trino da consciência
E não nos contamino.

Medito no vazio existencial dos manifestantes.
Penso que prefiro o mal mais brando de antes.
Penso em como desmascarar o presidente
Não sendo intolerante.

Em casa o espaço é pouco
E muito mais que bastante.
Em casa meu reino
Aberto à boa vontade.

Em casa ter esperança
É que é sagacidade.
Em casa tomo e envio cuidados
Que cuidado é que é amor.

E deixo de fora o retardo
Do homem que não despertou.


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domingo, 15 de março de 2020

SÉTIMO PRIMEIRO

#verdelume
#Safrade2020

Domingo é ponte
pra fonte de toda recordação.
Domingo horizonte
da quase realização.


O menino no berço
que não rodaria mesmo o peão.
O peão foi antes ainda
do que quis seu pai de então.


Nem missa nem gibi.
Nem Silvio Santos nem frango.
Domingo segue um portal
que não se abre no mesmo plano.


Ele só liga
presente passado e futuro.
Domingo tem uma luz
que o segue até o escuro.


Domingo é, portanto, bendição.
E os santos que eram parede
são agora as palmas da mão.

quarta-feira, 11 de março de 2020

RUÍDO-BRILHO

#verdelume
#Safrade2020


Nem toda discrição é doçura;
nem todo espalhafato, grosseria.
Eu me lembro de um cordato
que era mais cordato quando ria.

E ria alto.
Ria muito.
Pra todos e satisfeito.
E nunca lhe ocorreu
que isso lhe fosse defeito.

Alegria não se esconde,
que é a melhor candeia.
Ilumina assim que surgida.
Brilha mas não incendeia. 

Então não sossega o facho
Apenas os outros respeita.
Que nem tem outra opção
Pro nascido na lua cheia.

quinta-feira, 5 de março de 2020

SERTÃOZIM

#verdelume
#Safrade2020


Mutantes somos
os todos!
A vida sempre igual
é estorvo.

Carece observação:
cada um o de si.
Quem não se muda se repete
sem fim.

Os brotados todos doidos
se retifique.
Dos melhorados de antes
palpite.

Conselho se abre,
desbasta as matas.
É baldo desmerecer,
é sorte ingrata.

Viver sendo muito perigoso,
só se abrindo o peito.
Que nem o mais prestimoso
nasce perfeito.

Por isso bando.
Por isso baldeação.
E cada um é que tange
seu próprio sertão.

terça-feira, 3 de março de 2020

ESTÁ SÃO

#verdelume
#Safrade2020

Muito mais me conforta a passagem
do que me desola a partida.
Partidas e chegadas: vida!

A energia é suspensa,
não é nunca interrompida.
Tudo que agora desce
foi logo antes subida.

Da noite, madrugada.
Da madrugada, dia.
Cai o dia em tarde,
que outra noite principia.

Primavera-verão.
Outono-inverno.
Moda-decomposição.
Recomposição-libelo.

Tudo foi o que se fez,
mesmo se não se proferiu.
Vai por dentro sempre confissão
do quanto se fez que feriu.

Mas as chances se sucedem.
Melhor faz quem aprende.
Bem pouco faz por si
o que aos outros repreende.

Liberdade é matéria solta
que ainda bem pouco se entende.
E vou reparar na lição:
Felicidade só há consciente.

segunda-feira, 2 de março de 2020

SEM FLECHA PRETA

As simpatias vigem,
como qualquer consistência. 
Não adianta sentir-lhes medo 
nem opor--lhes resistência.

O humano transita.
Instiga, ou só agrada.
O pobre coitado que frita
apenas a si atrasa.

A confluência é desiderato,
propósito divino.
Não detêm-na espalhafatos
ou birras de menino.

A humanidade é gregária,
tudo é pra se compor.
Então melhor abrir a porta 
e depor placas do que apor.

Deixem os rios fluírem,
que pra isso se fazem. 
Pra conectar os fios das fontes
aos muito mais amplos mares.

No fim tudo se toca.
Toca é pura bobagem. 
E deixa a chuva e seu fio. 
Não são tempos de estiagem.