domingo, 26 de setembro de 2021

CADA ESTAÇÃO

Cada estação sua beleza.
Nem sempre se vive quando floram as cerejeiras.
Nem todos os dias reproduzem-se as baleias.
Como não tem sentido uma vida pra encher-se de cerveja.

O mundo precisa mudar, 
então talvez a empáfia juvenil tenha sua hora.
Talvez seja útil a fase da soberba,
mas tem a hora do prato principal e a hora da sobremesa.

Chega a hora da doçura,
a hora de ser terno.
Outro tipo de bravura.

A coragem de se olhar.
O esforço de se entender.
A ousadia de deixar o casulo
e nele o medo de crescer.

Cada estação sua beleza.
Assim também a humanidade, 
que também tem sua natureza.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

SÃO

Não são promessas,
são propósitos.
Não são evidentes,
nem são insólitos.
São o céu,
e são o solo.
São o Sol,
e são semente.
São a chuva,
e o broto.

São o futuro
e eu,
alvoroço! 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

MIM MENOR

 O papel em branco.
A tinta retida.
O que embargará minha retina?
De que a íris se esconde?

O olho, de explorador,
já não ousa lançar-se longe.
Só ousa lançar-se perto,
lançar-se adentro, fazer-se interno.

Pois o que posso mudar está-me.
No aspecto das coisas só posso contemplar-me.
É comigo que vivo.
É a partir de mim que vejo.

(Mesmo se com tanto espetáculo
 eu às vezes não percebo).

Mãos à obra!
Mãos em mim
A ver se, trabalhador devotado,
consigo atingir o fim.

De entender que ao fim não se vai.
Que fim, enfim, não existe.
E que mais ganho em,
me melhorando,

expandir meus limites!