segunda-feira, 30 de janeiro de 2017


SAMPINHA

Sampa Pampa Sertão.
Selvas Gerais.
Sampa é tudo e de todos,
porque Sampa é sempre mais!

(Capital do mundo,
que de tão mundo tem mais capitais)

Tribos em espalhafato,
discretas pessoas normais.
As edificações mais concretas
são suas estranhas catedrais.

Com o cardápio mais onívoro,
é a mais vasta cadeia alimentar.
Mas o pobre segue vivo,
com o patrão no calcanhar.

Tanto oferece tanto!
Não se vê o que não se veja!
Mas muito não se oferece a tantos
(pode ser que cê perceba...)

Certos Dórias são Hucks in Justus,
em helipontos, exclusivos.
E os trânsitos mais desgastantes
se reservam aos severinos.

Morte e vida na cidade
que a qualquer bardo seduz.
E se lhe dói a alteridade
não é cidade mas cruz.

Mas pode ser redenção;
também sei de renascimentos
que de tanta fé e intenção
se deram em meio ao cimento.

São Paulo meus sentidos aguça,
faz-me todo apetite.
Explorá-la em sua jactância
passa a ser meu alvitre.

Sampa, retorno às Minas,
mas você não fica atrás.
E vamos ver o que me espera,
assim que eu voltar

Sempre e mais!



Congonhas/Confins, 30/1/2017, 10:30 a.m.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

D'OR-AVANTE

Eu sou o desacerto.
Nem eu mesmo me perdoo
os crimes que cometo.

Ou de que sou acometido.
Aquele que me mato
já não moro comigo.

A eternidade é certa!
Pouco importa o veneno,
pouco o tiro na testa.

Pouco o que me atropela,
pouco o de que me embaraço.
Só desacolho o tormento.

(Negando-lhe meu regaço...)


Venham as tropas,
o pelotão de fuzilamento!
O choro irrompe,
liberta a alma!

Eu me alojo no tempo!

Fui. Sou. Serei.
E amanhã já me esqueci
do de que agora me lembrei.

Mas eu já não descarrilo,
sigo o trilho de onde parei.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

REMUNDO (O conserva-dor)

Não vou morrer no mundo em que nasci!
Nada mais natural,

que a lei é evoluir!

Avançar rumo ao futuro,
deixando no passado
o passado obscuro.

Mas o conservador é saudoso
do tempo percorrido.
E sonha torná-lo imutável
(para não correr perigo?).


O conservador é um melindroso,
de aparente nascimento.
Mas, a coisa vista de perto,
nos veio por sepultamento.

O conservador é um monumento
erigido à velha ordem.
Em madeira de demolição,
que as traças do porvir corroem.

O natural é traçar a revolução!
Revolver o solo infértil
pra ver a flor nascer do chão.

Uma flor de espectro amplo,
de mais variado aspecto.
Uma flor que leve a todos
o lindo pólen do real progresso.

Chega da chaga do medo!,
é chegado o tempo fraterno!
O tempo da real liberdade,
um tempo (e que seja eterno!)

construído na igualdade!

domingo, 1 de janeiro de 2017

UM PRIMEIRO

As cinco vão a seis.
O céu rajado de rosa,
depois de uma noite ruidosa
(mas belamente ruidosa),

não me deixa em erro.

É dia de ano.
O dia mais primeiro!
O arauto da esperança,
daquela esperança que já se acanhava,
sentia-se besta diante de tanto desmantelo.

Essa besteira é o medo!

Mas o medo é mesmo uma besteira!
Já o disse antes:
é a serviço da conservação.

Mas hoje a esperança amanheceu.
Está fortificada!
Pede ação!
Acredita que todos os erros são o de ontem!
São o passado.
Até casa-se com o futuro de papel passado!

Seu papel é a construção,
a reconstrução.
Vai de madeira de lei
ou no pau de sua abolição.
Tudo se reescreverá!

A esperança está fortificada!
Mais que os fortes litorais!
Mais até do que os literais!
Não vai morrer na praia...

Disse um poeta de outra vez que
"a esperança também dança
como monstros de um filme japonês".
Não! Não!
É o tempo do sim!
É outra a dança!

Esperança bailarina. 
Ela baila e dança o medo,
dança a carnificina.
Dança o fratricídio.

Tudo sempre teve um início!

Aproveite a bebida espumante da virada
para virá-la no casco da embarcação.
Os poetas cantaram os mares.
As poetas cantaram as águas.
(Essa gente é bom escutá-la,
que é tudo aurido do coração!)

O dia é o da confraternização!
Universal!
Não se acanhe com só o seu mundo,
é tudo muito mais profundo!,
embora seja singelo.

Tudo o que vejo é belo!
Te deixo um beijo lascivo,
mas um abraço que é-terno!

Vamos que não há nau frágil,

apenas naus a que se disse "não!"
Mas já não!
SIM!