sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

SEMPRE LIVRO (Libreto II)

A todos os bibliófilos.


Leio e estou libreto. (30/4/11)


Não ando sem livro por nada!
E não é que me livrem a cara,
ou me integrem a uma sociedade secreta,
como cria a Teresa cria do Kundera.
(insustentável, cria-se eterna)

Não ando sem livro
porque livro me liberta!
E nem já falo de espírito,
nem de nada intestino,
ou de coisas da essência,
internas.

Suspiro como quem gera,
mas não faço do papiro uma quimera.
Eu me liberto com meus livros
porque me livram da espera.
(piro com esperas...)


Com livros me calo
e expando os horizontes.
Divertido, já não sei quem me confronta,
nem há afronta no que emperra.
(dá-me um livro e já nem gira a Terra!)

Com livro sou bonito;
sempre livro!
(Quem me dera!)


"No trabalho, na fé, na virtude,
 se engrandece e se firma a nação;
 e na vida a mais bela atitude
 é a de quem traz o livro na mão" - Hino do Colégio Santo Maria.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

ANGÉLICA FLOR-ESSÊNCIA


Para a minha mãe Rosângela Magalhães.
(Sim, adjetiva restritiva.)


A senhora é a matriz,
colocou o trio em cena;
mas talvez seja má atriz,
quando finge só haver problemas.

Quando eu adentro o recinto,
algo a convida a narrar-se.
Talvez porque saiba o que eu sinto
(gosto do jeito das rosas de dar-se).

Gosto de saber da menina de Salinas
(jazida do que era doce),
como de saber das notícias
-Que notícias?
-As que pai trouxe!

De como ficava admirada
namorando a revista Life;
tramando talvez uma chance
de da vida enamorar-se.

Eu sempre estive bem ali,
lembro-me bem do que houve:
sabia que não era filho,
embora quisesse que eu fosse.

E de certa forma eu sou,
já que sou irmão dos outros.
Então sou um pouco seu filho,
este pouco meio torto.

Sempre que eu chegava ali,
havia uma espécie de alvoroço;
dizia linda a minha família,
e eu carregava o seu moço.

Era cabeludo então,
eu o passeava na Savassi;
e via que ela suspirava
(não queria que o tempo passasse).

Queria ter-nos no seu ninho,
aninhados, ternos, sob suas asas;
mas, para todo menino,
chega a hora de sair de casa.

Mas não da casa permanente,
que é o coração da mãe,
nossa caminha mais quente,
que dá aos sonhos vazão.

E a que mais dá razão a nossos sonhos,
razão de serem e de se exercerem;
mesmo que às vezes lhe doa
ver os filhos crescerem.

(jamais doeu-lhe doar-se!)

Uma casa, o outro viaja,
e o mais novo é um "vida-louca".
E o que pode dizer Rosângela?
(Anjos  não falam pela boca...).

Nem essa anja rosada,

rosa dos jardins de lá;
Lá-Salinas, Lá-Santo Antônio,
e lá-aqui, que é meu lar.

Seu menino vai andar longe,
e eu vou ficar de olho;
porque fico em Belo Horizonte,
e somos caneta e estojo.

Descansarei no seu regaço,
quando a vida me quiser bater.
E você vai-lhe opor o braço,
mesmo sabendo que irei aprender:

"Ah, sua vida bandida!
 Bata-lhe e vai-se arrepender!"

Então que ela não nos maltrate,
que eu faria o mesmo por si;
e vamos esperar o menino
crescido que nos vai vir.

Chegará aqui crescido,
já crescida Maria Izabel;
e já estará re-acontecido,
sob os olhos, milagre do céu.

Ficam aí, então, os versos,
vão-se compor com um abraço;
a qualquer tempo pode invocá-lo,
estará guardado no... quarto!

Esqueça a dor, esqueça o tormento,
ainda você não está só.
Vêm aí os meus rebentos,
vai ser de novo avó!



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

ALEGREMO-NOS, SENHORA! (In favor gay)

"What else should I say?
Everyone is gay."- Kurt Cobain, "All Apologies".



Quando o interlocutor me diz: 
"Sou gay!",
isso não me alegra,
nem me faz triste.

Não há como prever o que existe
por baixo dessa informação.
O primeiro que me ocorre é respeitá-lo,
como faço com qualquer cidadão.

(a senhora, para fazê-lo,
 não tire do armário 
 palavras de baixo calão;
 elas a rebaixam, a eles, não.)

Com apenas dizer-se gay,
não aumenta muito o que lhe sei,
que é sempre bem pouco,
com só o que vejo.

Talvez presuma alguma alcunha
que sofra pelo alheio preconceito.
Mas não há nada que resuma,
em poucas linhas, o que lhe vai dentro.

Talvez não me arrisque
em dizer que há risco,
até mesmo, em dizer como aproveita
as horas, também felizes pra ele,
que se dá em sua cama, se se deita.

(Nem se sabe como se ajeita,

 se à esquerda, se à direita...).

Preste atenção, minha senhora;
não quero deixá-la contrafeita,
mas peço que não se confunda:

os gays não são uma seita,
não há diferença nenhuma,
além das diferenças que se exerçam.


"What else could I write?
 I don't have the right". Idem

And who shouldn't be all apologies, anyway?


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

SEGUNDA HÁ CHANCE

"Toda segunda tem alguma coisa ruim,
alguma coisa boa, e uma péssima fama" - Adriana Falcão


Dê uma segunda à chance,
ou se dê chance na segunda.
Perdeu-se num primeiro lance,
mas num relance a casa se arruma.

Endireite-se,
de bambo a bamba,
quem sabe você não se apruma?!

Ou, papagaio empinado,
o vento ajuda e você ruma;
rumo do leste, oeste, sul, norte...
É preciso a sorte, que se coaduna.

Talvez só gatos tenham sete vidas,
mas podemos ter mais de uma.
A que nos acontece,
e a de que nos apetece a tessitura.

Erre o erro,
veja se não o repete!
Isso entristece o criador, criatura!

Então peça!
A ocasião se oferece!
"Jogo de cintura, olho na mistura",
e ao invés de revés, compostura!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

DA GÊNESE DO SOL


Ele era um sol que não se quis brilhar.
O Sol que se quis esperar,
quando tantos morriam de frio.

(Isso talvez lhe tire beleza,
há estranho egoísmo nisso.)

Você é a em-Sol-ação;
não a insolação que me feriria,
mas o Sol que me leva à ação
de me brilhar todo dia!

Sol na rua,
sol pra só nós.
Eu o devolvo num Sol generoso,
tocado(,) em projetada voz.

Eu lhe tirei o primeiro,
mas nosso sol real é o quinto
(quinta grandeza de primeira!).
Que o esperemos a noite inteira,
topo até o vinho tinto!

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

SOL PESSOA (O Pessoa só),


Chora-se e ri-se a imensidão sublime do Nogueirão.



Quis beijar o Sol,
mas minhas asas são de cera.
O que me acontecera
quando da concepção?

Não me entenderam nunca!
Nunca me entenderão!
Como pode ser hoje tão grande
o maior dos poetas, o do porão?

Não era porão, é verdade.

Talvez estivesse mais para sobrado.
Onde se sobrava só
esse imenso potentado?

Será que não o convidavam
nunca, a nenhuma parte?
Ou o à parte era(a penas) esporte
do só dedicado à arte?

(Será que escolheu não amar,
 ou terá sido falta de sorte?)

Mas eu li as cartas todas
trocadas por ele com Ofélia,
que acabou morrendo sozinha,
envelhecida da espera.

(As dele não eram tantas,
 as dela, pura quimera.)

Vi que investiu tanto,
tanta abdicação, tanto pranto,
para que ele não bebesse,
e para que a visse o seu tanto.

(Mas, além da bebida constante,
 o gajo só se engajava em escrever.)

Disse que sua vida
submetia-se a outros mestres,
como se quisesse estar forro:
"Forrar-me é o que me apetece!"

Mas às vezes sofro tanto
de imaginar que podia sê-lo,
porque a liberdade de ser só
parece-me às vezes degredo. 

E era tudo tão imenso,
tudo o que escrevia,
que não me meço por ele,
nem ninguém poderia.

Nem o maior Du-monde,
com tudo o que alcançou.
O Pessoa era tantos!
Não sei como não se lançou...

Não que eu não fique só no meu canto,

e o meu canto é o de só um.
Mas tento espalhá-lo tanto!
(Tanto esforço e sigo comum...)

Como um qualquer que tentasse,
a cada estrofe que cometesse,
projetar-se a todos,
num impulso de arremeter-se.

Mas ele sabia do seu tamanho!
Organizou, parece, o baú.
Será que era tão enrustido
que temesse a tinta azul?

Porque rios se escreveriam
quando assomasse a aurora.
Os mesmos rios afluentes
dos influentes de agora.

Desta distância todos o enxergam,
mas será que se entenderia
com os nobres daquele tempo
se o baú visse a luz do dia?

Só mandou uma pequena Mensagem,
pra que não houve o competente oblato;
seriam os contratantes dementes
ou não se propôs ao espalhafato?

Acho que só pôs a cabeça pra fora,
mas recolheu-a antes da hora tramada;
porque não se entendia de luz,
e adiou-se, então, a alvorada.

A Cecília, que andava na frente,
tentou ver de perto o viço;
mas não consentiram os astros
do mapa que ele tinha consigo.

Mas nada disso importa!
Aliás, não estou certo de nada!
Apenas de ter-se aberto a porta,
fazendo-o o sol de toda a manada.

sábado, 17 de janeiro de 2015

CONTEMPLA O CAMPO? DÊ LÍRIOS!

Quero-os todos, 
nosso todo;
tolos e aprendizes!

Tolos mas felizes,
nos dando iguais 
(o que tanto faz...)
los días grises.

A crise é coisa de outros tempos!
Crises insistem, 
mas elevo o pensamento.

Eles serão livres!
Pensadores,  voadores,
talvez até um pouco dormentes
(de mentes alerta).

Se não querem, 
não saiam aos pais;
não tem (têm) nada demais...

Podem ser até atletas, 
ou asseclas do que escolherem.
Podem premir outras teclas
(se não as temerem...).

Provar de sons distintos,
até dos sem distinção.
Ou imitar meus gritos,
pelos trilhos, de pauta na mão.

Claro que haverá conflitos,

mas não lhes daremos tanta atenção.
Desde que os debelemos,
para uma mais bela repercussão. 

Clara já não me sai tão clara,
e talvez a mudemos em Bruna.
E Luisa, que na cor fosse Lívia,
talvez nos saia graúna.

De Beatriz já não gosto tanto,
do meu canto eu até já a esqueço,
pois agora me soa aos ouvidos
como um "chic" folhetinesco.

Em nomes de homem jamais me detive.
Gosto muito do meu, 
mas de Jrs. me abstive.

Pensei no Thomas do Kundera,
mas aqui seria Tomás.
E vão achar que é homenagem ao poeta,
e o erro vai-me amargar.

Também acho, com ele,
que "as glórias que vêm tarde já vêm frias",
mas nunca lhe perdoou a minha Flor
o ter deixado atrás a Marília.

Acho que não há, dentre os de poetas,
nome que o versejador aprove.
Então vindo-nos meninos, decido:
é a mãe que escolhe!

Mas nada de nomes compostos!
Eles são despojos da indecisão.
E também os nomes pomposos
dão-me alguma aflição.

Então nada de muitos sobrenomes,
e nada de "Fulano César",
nem de "Beltrano Augusto",
nem dessa frescura de "Sicrano Henrique".

(só o perdoo à mãe do Caíque!)

Como ensinar-lhes a simplicidade
carimbando-os pretensos chiques?

O meu sonho era deixar que escolhessem
como vão querer ser chamados.
Mas já vou ficar satisfeito
se deixarem-se ser amados.

Amados e amantes.
Amadores, aspirantes,
mas almas mais velhas que nós.

Vamos aprender com eles,
instruí-los para nos instruirmos nós.




sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

CROW CAME CRAWLING AND CRIED

"Man, you should have seen them kicking Edgar Allan Poe". (Lennon)


"Nevermore!", cried the crow.
 Nevermore 'till there's... more!

 Another open door,
 and I'll let the windows rest.
 Another open door,
 let me be put to the test!

"My game of love has just begun",
 as once said by the Queen.
 Only there's no game at all,
 and I'm walking lonely by the shore.

 Are there really rules?
 Is there any?
 I have followed none.
 People tell me there's plenty.

 Love is like a rush for gold,
 and I only do slow dancing.
 Because I care about the words,
 and I can hear them romancing.

 I really don't know what it takes
 for the likes of me to be accepted.
 But I do it my way, for I like me,
 and for that there'll be no regrets. 

  

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

ARMADURA



Se a injustiça tem de ser perpetrada, 
eu prefiro não encará-la,
ser irmão metralha, ou algo assim.

Se a injustiça tem de ser cometida,
eu prefiro minha vida contida,
em sua reestruturação.

Se a injustiça tem de levar-se a cabo,
eu me despeço e saio,
levado para o lado de lá.

Se a injustiça tem de dar-se,
eu prefiro libertar-me,
e ficar banido, assim.

Se a injustiça tem de cometer-se,
eu prefiro perder-me,
e ficar esquecido por aí.

Não! Esqueça esse muito que digo,
é como me inclino,
mas a coisa não pode ser essa!

É preciso outro estilo,
é preciso o arremetido,
o sem medo de combater.

Essa gente emoldurada
por armaduras douradas,
a que não apanham armadilhas.

É preciso desmantelá-las,
combatê-las, 
esconjurá-las,
as bem posicionadas quadrilhas

que menoscabam o povo,
inflamam suas dores,
"garantidores" togados,
armados,eleitos.

É preciso remover essa gente,
devem ser eles os penitentes!
A estrutura é para todos nós!

Não é a Casa da Dinda,
nem a da mãe Joana,
muito nos enganam
os que pensam assim.

Eu às vezes, do meu lado,
fico fraco, só rezando.
Fico assistindo, esperando,
que outros promovam a justiça.

Até me investi do conhecimento,
mas me falta o talento,
na minha covarde preguiça

de nutri-lo, expandi-lo
(e não apenas poli-lo),
para exercer a missão.

Mas fomento os amigos,
de encorajá-los preciso,
e você precisa também!

Que façamos qualquer coisa,
que seja coisa outra,
mas não restemos "amém"!


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

GRITO E CORRO (Já era manifesto...)

Se acha que versos são coisa sagrada,
e que a poesia deve ficar intocada
depois que tantos (?) tão grandes viveram,
não entendeu o que escreveram

(nem sempre o que se quis foi a morte!).

Havia impulsos de vida ao lado dos suicidas.
Cantaram o amor, ou qualquer bobagem,
mesmo os que o contraindicaram. 

Quero saber agora: 
Quem empunha a pena e não faz "tabula rasa" 
de quantas regras se conceberam?

(Ah! Muitos? Percebo...)

Perdoariam, talvez, o que escrevo.
Os mais generosos, ao menos,
com este menos tão pequeno.

E daí se quase sempre me grafo?
Se debateria o Carlos,
O Carlos maior du monde

(do mundo só de longe...)!

Aquilo é a vida toda! 
Me liberta! Me oprime!
Quem bebe muito daquilo já nem se exprime!

(E quem não fica embasbacado?
Um momento! Engasgo...)

Mas sinto um impulso(,) tremendo!
Nem sei o que estou escrevendo!
Leio e entendo depois.

Outras vezes não entendo nada,
perambulo pela casa,
rei de mim que jamais se depôs. 

Não adianta! Não deponho a pena!
Minha alma não se aguenta,

em ter de fazer disso o luto!

Dissolvo-me em versos errados,
choradeira de torturado,
ou poema de autoajuda.

Poesia laudatória, vexatória,
versos de qualquer hora.
(Versos são o pão!)

Quem não gosta não lê! 
Não reclama!
Vou continuar fazendo! 

Tá tudo azul!
Me dizia a Chiquinha estes dias:
"É preciso tirar o dedo do cu!"

Vão ficando aí minhas rimas pobres,
se as quer melhores, não mas cobre,
recubra o seu próprio espírito.

Esse azinhavrado cobre,
que se diz ouro,tão esnobe! 
Experimente a dissipação!

Tome minha musiquinha vagabunda,
espero até que a sua surja,
na perfeita metrificação!

Escansão? 
Eu nem sei o que é isso!
Falta talento, eu não me arrisco!

(Redondilhas e sonetos 
são só para a leitura!)

Chega! Me perco!
(Notou? Sempre abandono o barco.
 É estilo ou sou pré-moldado?)

Dane-se-me-dana!
Meu eu quase-lírico não me atura!
Venha a tertúlia toda!

Vamos invadir essa porra!
Banho de sangue,
liberdade às criaturas!

Grito isto aqui e corro,
ou me mato ou me morro!
Ou me cidade, urbano...

Mas vou gozar na carne o meu tanto!
Chega do status:
masturbando.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

JACARÉ CORUJA



Adoro ser Jacaré Coruja,
não quero mais nada que surja,
gradua-me e agrada-me a conjugação.

Sou couro e sou pena,
durmo molhado ou sou antena
captante por toda a noite.

Isso dá pai dedicado ou aflito e,
quando banhar-me nos rios,
alguns verão crocodilo.

Ou alligator, se for gente gringa,
ou também gente que prefira
diferentes alegações.

Eu já nada distinto alego,
pois o instinto que carrego
diz que o de que provo me basta.

E o bastante me serve à fartura,
é muita a matéria para a mistura,
com mais o mineral cardíaco.

Não é coração de pedra,
mas uma pedra-coração,
que é coisa bem mais bonita!

É uma espécie de fundação,
uma inauguração,
da minha vida corita.

E diz a lenda que se escreve
(diz-se assim porque assim me serve)

que vou a homem com um beijo.

Então vou banhar-me é nele,
e também dele voar-me.
É como me presenteio.

E como me presentifico,
esqueço o passado e o futuro é infinito.
Está visto que fico Corito.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

GRITO E CORRO 2 (Inventário do não inventado)

Para alguns meus.

Oprimem-me forças e seguranças.
Me oprime o Metal,
me oprime a Luana!

Oprime-me a inteligência a  pique.
Me oprime o Adilson, 
me oprime o Caíque!

Como posso existir
em face dessa gente?!
Eu sempre perco a face
na minha vaidade latente.

E se ela cedesse força?
Se alternasse a tendência?
Dava força à segurança
e pique à inteligência.

Aí privo com os doces,
me privo um pouco daqueles.
Mas lhes sinto uma falta louca!
Quero vê-los todos os meses.

Revezá-los, ao menos,
com as doçuras benditas
com que tanto me entendo,
como a Joyce e a Corita.

Ou tomar porrada tão terna,
que talvez nem beije a lona.
Como as porradas que me davam
ou o Leo, ou Levadona.

Ana Gabriela, Milena, Carlinha.
Octávio, Carlota, Chiquinha.
Cláudia, Natascha, Jones.
Aninha, Alicinha, Milinha.
A Lorena, a Sandinha, o Diogo.
Jussara, Xoxim, a Verde
(... o meu povo!).

Gente que me dá toques
tão ao meu estilo
que pra meus ouvidos são rocks
(dessas pedras que não criam limo...).


Caralho! Tenho que desenrustir!
Logo! Antes de desistir
de ser mais livre no futuro!
Livre para estar no claro,
antes de duro no escuro.

Disse que alguns me oprimem,
mas não me exprimo bem.
Amo-os a todos com força,
a força que meu abraço tem!

domingo, 11 de janeiro de 2015

UM BEM BOLADO (Infantil)

Sei que não sou perfeito,
nem perfeitas minhas circunstâncias.
Mas me sinto capaz de um amor bonito,
com cores de amores de infância.

E às vezes acho que talvez nem seja
tarefa difícil de verdade.
Quem sabe podando-se as tristezas
que se acham belezas, como a vaidade.

Diminuir também um pouco
o que me lança à prisão do meu próprio aforismo.
E ouvindo-se um pouco mais o outro
dá-se um golpe no egoísmo.

E saber, como tenho dito,
que há na vida melhores perfumes;
essências que o são de fato,
sem o espalhafato do ciúme.

Não querer impor sempre ao par
a nossa própria visão;
entender sua vista de ímpar,
abolindo a competição.

Trocar essas coisas por outras,
de benfazeja efetividade.
Eu já acho um belo começo
fomentar generosidades.

O amor é a idade correta,
rende tanto essa terminação:
bondade, verdade, sinceridade;
se começarmos por elas tá bom!

Ninguém tem a receita do bolo,
mas todos aos melhores confeitos!
E ao final, menos tolos,
muda-se o mundo inteiro!

sábado, 10 de janeiro de 2015

MEL

Banhei-me no dourado. 
É Inefável.
Pode-se escrever?

Ela é bonita! 
Em toda a sua estrutura:
a voz melíflua, a pele escura, 
os cabelos livres...

...os olhos que sorriem, 
e os sorrisos da boca;
nem se a dissesse "sublime"
faria justiça à moça.

É linda simplesmente, 
e simplesmente linda,
como tudo que ela diz sê-lo.

Às vezes me parece que, 
quando olha pro mundo,
refletem-na espelhos.

(Para ver tanta beleza, é a beleza dela mesma...)

A "boa nova" que o outro poema espera,
é a de agora, 
e é na Terra.

Fico todo temperança e, 
esperança,
cruzo a cidade.

(Aquele a quem a esperança não toca
 diria que já é tarde...)

A vida dá-se em graça,
e às vezes acha o que não procura;
pressinto tanta riqueza!

Deus permita que eu esteja à altura!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

CORITO


Moça, eu te adoro!
E sinto que me melhoro
só de querer estar contigo.

Mas as palavras não me socorrem,
porque embora às vezes me jorrem,
nem tudo que penso eu atinjo.

Vou usar também o abraço,
que será o laço de te enfeitar.
E seguir um pouco o seu passo,
e deixar essa luz me guiar.

Porque sei que a moça aprende
a olhar a sombra "de revesguê".
Eu olhei-a de frente,
mas agora quero aprender

o delicado soslaio
que têm os zen, tão bonitos.
E vou manter-me também,
mas ficando um pouco Corito.

APRENDIZ

Ensina-me o que sabes!
Me ensina! Me cabe!
A minha sina é aprender.
A nenhuma coisa outra
destina-se viver.

Quero aprender a teu lado
o que sabes decorado
e o que a espontaneidade produz.
Quero banhar-me no dourado
abençoado da tua luz!

Não te chamo santa,
ninguém implanta a santidade em alguém.
Apenas quero dar-te a planta
do que me construo também.

Construirmos-nos juntos,
através dos assuntos
que nos inventarmos.

E que sejam muitos,
calmos tumultos
de sonhar acordados.

Todo aquele doce
que tantos cantam.
Que estanca o pranto
com fruta mordida.

A fruta que é o doce da saúde,
e nem sei como pude
nutrir-me de outros.

Pois para tornar-me o que sou,
ou melhor, o que estou:
pronto para outra canção.

Mel-o-dia todo,
cantar pode ser pouco,
mas é inclinação;

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

RINDO-NOS


Quando te penso eu rio,
e não é pouco!
Mas juro que não sou louco!
Apenas bobo da corte.

E não sou bobo só se cortejo,
ser bobo é o que mais almejo!
(Distraio melhor que governo...)

Mas os sorrisos tendo alforria,
dizem, prorroga-se a vida,
e isso me consterna!
E se ficar semente esquecida?
Apaga-se o mundo e eu seguro a lanterna?!

Não entendo tanto de futebol,
mas a lanterna sei que pode ser triste.
E como fazer-se de sol,
apagados os felizes?

Os felizes que escolhi,
os felizes com quem aprendi
a arte do contentamento.
Será que se me deixam ascendem,
e acendem meu firmamento?

Não sei! É mistério!
Minério sem ferro,
matéria sem promessa...

Mas enquanto matéria eu mesmo,
e se não há o que o impeça,
vou vivê-lo do meu jeito!

E esse jeito é o de experimentá-los,
aos meus eleitos felizes.
Pois um dia se vão, arrebatados,
e restam-me as cicatrizes.

Mas se fomos felizes,
as cicatrizes são sorrisos.
E vou esperá-los vestindo-os,
até o dia em que também me transfira.

Vou esperá-los contente,
assim aproveita-se a vida!

EU NOS "NÓS"

Neste mundo redondo,
"cada um no seu quadrado",
nem sempre é fácil
decifrar a comunhão.

Quando é o majestático?
Quando é o de modéstia?
Qual o plural de imposição?

Quando há mesmo outra gente?
Pode ser que nos casos todos...
Pode ser-lhes também pertinente
quando sou modesto ou tolo!

Mas o plural que mais exerço,
acompanhado ou só,
é o plural do que não me conheço,
quando não desato meus "nós".

domingo, 4 de janeiro de 2015

DE ROCHA

Mas que mulher era aquela?!
Abalou o meu underground.
Fez-se aquilo da costela?
(Was Jesus ever around?...)

Não tem lar que se sustente,
diante dessa provocação.
Nem os lares dos crentes,
que se construíram na pedra.
Não! Não se sustentam!
Nem se era a rocha eterna...

Quem se perdeu no labirinto aflito
daquelas comissuras labiais
vai querer andar pra a frente,
mas será voltado pra trás!

Cabelos sedosos, peitos suculentos,
tanta coxa, bunda... talentos!
Sofre-se pela visão,
só sofre mais o a que ela falta!
Mas é o trabalho de Deus tão evidente,
que talvez o adivinhasse a alma!

Mas como informar a alma
sem os olhos ou as mãos?
Então quem nunca as pousou naquela,
terá outra disposição.

Eu me disponho a muito!
Há muito já que o não sentia!
A escravidão dá-se pronta,
e desconhece alforrias!

Calma! Veja onde estou!
Deitado na cama e só!
Era tudo matéria de sonho!
Não eram de cabelo mas de mente
os nós!

VADE MECUM

Expectativas incontroláveis!
Quero tempos memoráveis,
e até acho que os mereço...

Mas as coisas nunca são puras,

sempre algo as conspurca.
E ainda algum mal eu padeço.


"Males que vêm para o bem"
servem-me à flexão,
à flexão do braço.

O esforço às vezes é físico;

não me dou tanto com isso,
mas vai ser assim, por enquanto.

Este mundo é muito encarnado,
há nele o mal incrustado,
e nem sempre ele fácil se extirpa.

Talvez já nasça com a gente e,
um dia, assim, de repente,
eclode de nossas tripas. 

Mas podemos dar-lhe combate.
Está em nós (ou em parte...)
também a reflexão.

E reflito muito comigo;
escuto o que diz o umbigo,
mesmo quando é coisa torta.

Podemos ajeitar-nos com isso.
É melhor. Eu aceito! Não brigo...
Ah!Vou por aí! Vem comigo?