segunda-feira, 31 de maio de 2021

D'EU

Apaixonado...por ninguém!
Apaixonado (que que tem?)
Pega nada não!
Ninguém tem nada com isso.

(Eu sou a própria exceção)

Meus sonhos não me respeitam.
São campos férteis.
Desleais, me esperam dormir
e a liberdade acontece.

Impõem-me as ideias que querem,
fico prenhe de clichês.
Até mesmo carrosséis
e discutir os nomes dos bebês.

Fico músicas de madrugada
em alternância:
suaves e arrebatadas.

Se essa rua, se essa rua fosse minha
não havia esquinas que você dobrava.
Se essa rua, se essa rua fosse minha
a rua da minha era a da sua casa. 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

DORIDO

Todas as minhas dores são de amor!

Amor pela mãe despida de sua criança pequena.
Pelos pequenos sem pai, sem pais.
Pelas faixas de terra sem paz, feridas, sem gaze.

Amor pelo ódio que se imagina sem remédio. 
Pelos insatisfeitos e os que sofrem tédio. 
Pelos que renunciam à oportunidade da vida. 
Tenham longas barbas ou tragam as caras lisas.

Amor pelo filósofo empolado que não ajuda ninguém a ser feliz. 
Ao que pra ser inteligente é sarcástico, que ainda faz o que muito fiz. 
Amor pelos que não tiveram oportunidade, ou por lhes faltar ou sobrar idade.
Aos que desperdiçaram tempo imaginando deter a verdade.

Amor pelos muito pobres, que não tivemos amor pelos que nos amaram. 
Pelos hesitantes,  pelos que não mergulharam.
Amor pelos que, à beira da vida, não se lhe lançaram para não sofrer.
Pelos que perdem  a vida pro medo de morrer.
  
Pelos que prestam atenção mas não conseguem absorver.
Amor por quem não sabe a que  leva o que traz escondido. 
Por quem sabe censurar mas nunca se melhorou.
Amor pelos que fizemos péssimas escolhas que alguém corroborou. 

Muito amor e merecido a quem sempre sorriu e nunca cobrou.
Amor pelo já falecido e pelo que só começou. 

quarta-feira, 26 de maio de 2021

BRING ONE OF YOUR OWN

 



"REMEMBER IN THIS GAME WE CALL 'LIFE'
 THAT NO ONE SAID IT'S FAIR"


(é que poetas são benfeitoria voluptuária)

INBIÊNIO

Sua voz tentando surgir do riso descontrolado.
Sua voz tímida pra rezar.
Tímida por ter orado.

Sua voz em BH.
Sua voz em São Paulo.

Sua voz de dar ordens
(também voz de chamegar).

Sua voz presa na garganta
da minha voz de lembrar.

terça-feira, 25 de maio de 2021

NINA AOS 3


NANANINANÃO!
NanaNinaSim!
Nina tá cansada.
Nina quer dormir.

Nina tem estrada,
longa estrada pelo chão.
Ou pelo ar, 
pelo mar!

Nina, nessa idade,
tem liberdade pra se dilatar!

Nina, nessa idade,
tem muito com quê sonhar.
Sonhos doces, bonitos!

Nina, nessa idade,
pode querer o infinito!

Nina faz muita arte.
(nem sei se leva pito!)

Se Nina for boa à vontade
ganha até o aplauso do tio.

Nina brinca.
Nina canta.
É feliz sem precisar querer.

Nina, que a felicidade
seja sua por merecer!

domingo, 23 de maio de 2021

O AMOR ESTÁ NO FIM DO MUNDO

O amor está no fim do mundo
e sabem-no no Canadá.
O amor está no fim do mundo,
e eu destinado a estar lá.

(No fim do mundo, não no Canadá).

Sete espelhos quebrados
por alguém que partirá.
Sete anos passados
sete por esperar.

Estou em outro fim do mundo,
como o em que você esteve.
Estou em outro fim do mundo;
vi-o já vinte vezes.

Na manhã seguinte estará tudo bem.
Sabem-no em Porto Alegre,
mesmo se acenam de Estocolmo.

E sofro por tudo que não é.
Ecce homo! 

quinta-feira, 20 de maio de 2021

COMPASS (Movie Theater)

"So sad"
- I said to no one -
"Will this ever be done?"

Days in the sun
Nights on that star
(Don't even know where you are)

Lands, but no sea.
That ship has sailed.
That ship is lost to me
(not on my fairy tale)

A lady so fair
So far
(And I hide on the stairs to cry)

I think about the car.
I recall the pool.
Will I ever fly?
(and where to?)

For the time being,
and as far as I can see,
there'll be no new beginnigs
on this screen.

COM PAZ

A noite não acaba sem que a alma
exale o doce odor da esperança,
que lembra os dias claros da criança
que brandia sua flâmula limpa e alva.

O estandarte da paz dos dias idos,
em que a calma sempre dominava
as horas em que o medo fustigava
com as lembranças do já acontecido.

Mas a vida é sábia e próspera.
E sabe esperar a cada dia
o ressurgimento do Sol.

Até que o equilíbrio conquistado
seja docemente demonstrado
com paz da aurora ao arrebol.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

P'RECE

 Toda canção de amor
grita o teu nome.
Parece luto.
Parece fome.

Não parece nada
de que se reclame.
Às vezes me aquece,
às vezes consome.

Queria esquecer como te chamam,
e como te chamei.
Já não uso palavras
(abafo o que suspirei).

Que tipo de engano é esse
que, comprovado, me desengana?
Todos!
(corre a fama...)

"Só não erra quem não faz",
dizia a chefe.
E eu fiz minha cota
(é inconteste!)

Vou dormir que ganho mais.
É melhor que chamar.
Ou "quem não chora não mama"?
Já tanto faz!

domingo, 16 de maio de 2021

NADA EU QUIS

Que importa se a desoras,
ou se às onze.
Calo do pouco que se pode dizer
do muito que se sente ( e esconde).

Um mundo ruidoso silente,
em que só soa o que não importa
e emudecem os plenamente.

Não existe encruzilhada,
encruzilhada é escolha.
Às vezes só gente vazia,
só gente muito outra.

E se vaga.
E tudo é acidente.
E quem acha que decide
na verdade não assente.

Assente na ilusão,
e há quem se diga feliz.
Esqueçam tudo que disse
(de tudo nada eu quis).

sábado, 15 de maio de 2021

MADRUGADA

Sábado de madrugada é imenso.
Na madrugada estou fora do tempo. 
ME expando quanto me penso.
(e me espanta não estar detento).

Sábado de madrugada nada me arde.
Não é cedo, não é tarde.
A madrugada apenas está
(e tudo faz-lhe parte).

Minhas memórias doces
são sonhos ainda possíveis.
Não tenho culpa de nada,
não tem disse-me-disse.

A madrugada me redimensiona
e me sinto conectado à toda gente que sonha
com dias mais felizes
e mesmo coisas medonhas.

A madrugada só chora risonha
(a madrugada que não me apaga me inflama).

Da madrugada tudo se aceita,
nada se reclama.
A madrugada me respeita,
respeita o que me chama.

E eu nem sei o quê...
(que coisa mais estranha!)

sexta-feira, 14 de maio de 2021

NÃO.

Foi uma lenta agonia,
dessas que o dia não vê.
Como a da escravidão
que ainda nos desgraça.

A morte dá-se de fato,
não importa que se decrete.
Como com nascimentos
assim também acontece.

Mas se a respiração cessou,
se a janela não embaça,
é melhor livrar-se solto
como a pedra na vidraça.

Que não se sabe se fuga
ou se, no instante, invasão.
A morte queda parada.
A vida que pulsa, não.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

SOME OTHER TIME

 "From time to time" is utterly a lie.
You don't get to experiment it that much.
(Well, not that much).
Time stands still.

And still you dream about a different dimension
(on the illusion of eternal youth?)
But time only stands still when it wants to. 
Time is not a fool.

It distracts you
'till that day you fear the most,
the day with a "too late" sign on.
(can you relate?)

Yes, you can.
Unless you haven't been around that long.
Ever been bored?
Ever got high?

(Man,if you haven't, 
please tell me otherwise!)

Just feel like being equal.
Just feel like being alike.
Just want to feel
(but I'm cold as ice)

In fact I'm so frozen
there might be something inside.
Some kind of creature that
still looks like it used to on a differen era.

I'm getting closer but still
I'm as far as a star that shines on us.
I can't believe I was created that stupid!

But I have proof, your Honor!
And I'll state my case
(some other time)

sábado, 8 de maio de 2021

DESNUDO

Passei pela tua rua.
Essa casa não é tua.
Pisei a calçada às escuras
(esse concreto não me atura).

Mirei tua varanda e a Lua.
Nada respeita minhas ataduras,
tão mais duras quanto a culpa
não é tua da minha casa nua.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

NUNCA A BATINA

 (para essa mirífica psicóloga)


Enquanto meu inconsciente
se organizava em linguagem
procurava entender Lacan.

Lacan, seu maroto!
Você deu o novelo de Freud pro gato!

Arrmaria, Lacan!
Hoje sou um homem mais forte
(nem tenho medo da morte!)

quarta-feira, 5 de maio de 2021

DO PROSCÊNIO

Do proscênio observo o tablado
e me pergunto do meu lugar,
de fora, calado.

Me abrigo no escuro.
Há luzes no palco.
Talentos se desenvolvem.

Há muitas cores e vozes.
Das minhas ninguém sabe nada.
Eu, que me anoto nesta folha pautada.

O Carnaval dura pouco
e muitos o chamam ilusão.
Do que discordo por muito.

Há tanto confete no chão.
Tanta serpentina.
Como pode ser falso o vivido
com intensidade tão bonita?
Com tanta verdade?

A fantasia sendo, de fato,
o de que mais me contento?
E foi nesse espalhafato
que verti o que me ia dentro.

Alegria não tem confim.
Alegria muda de plano.
Columbinas, Arlequins.
A gente segue sonhando.

O sonho é tão vivo
quanto se acredite nele.
E noto que ainda respiro.
(É meu perpétuo lembrete).


sábado, 1 de maio de 2021

COSMO ADENTRO

Tenho tanto amor em mim
que me condena,
que se condensa e choro.

Um copo de água com sal
pra ver se melhoro.
Um pouco de praia em cristal,
um pouco de mar num copo.

E me pergunto por que o borrão
não entra, ao acaso,em foco.
Numa visão clara, diáfana, idílica.
Uma renovação, constelação mirífica.

E me lembro de olhar as estrelas,
de contemplar o cosmo.
E que há cosmos em mim,
e que adentro tudo posso.