quinta-feira, 8 de novembro de 2018

TE...

Estou com vontade
e Deus atesta!
Vontade de aprender,
e vontade de você
em transitividade aberta.

Vontade de te... à beça!

Nada haja no mundo,
nada que nos emperre!
Tudo aja no mundo,
tudo que nos eleve!

Lá de cima somos mais bonitos,
ou pelo Sol ou branca neve.
Vivos da muita vontade,
mortos os que não se atrevem!


SAPOC, 15:55

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

VÊM

Olhos arregalados.
Palpitações.

De outubro parece cair uma noite
profunda, mais duradoura ainda
que o intervalo forçoso entre dois dias.

Os experientes julgam rever
o que então se via.
O pé na porta,
a agonia.

O medo faz reféns.
O medo é uma longa véspera.
E se não nasce o dia?!

Mas não o diz nenhuma profecia.
O poeta ainda diz que é pra frente que se anda,
para a praça, as coisas de amor.

Eu já antes ainda cansei
do culto do dissabor.
Eu quero o arco-íris!

O que nunca se prevê!
O que ninguém espreita,
a maravilha insuspeita. 

Eu quero a súbita colheita
do que o vinte e um vem-nos trazer.
Quantas bolas na cesta?
Onde se guardava a Letra?

(Só sei que a Letra me atingiu,
mais fácil e cedo ao que estou no Brasil.)

Há esta Letícia e a outra,
e até uma terceira eu cantei!
Tem o Xarapim,
todo a cara de um estopim!

Há o Lipe, Luiz, Lelê, Danilinho.
Vocês nem calculam o tamanho do ninho!
Tem a Nina, dá-se um Tom!
O tom de uma bela verdade!

Este tempo não é tarde.
Não existe entrave possível
pros em que arde o real progresso.

Não é certeza, eu confesso.
É o que se intui, é a fé.
Nem 20 ditaduras impedem esses meninos
de entregar o que trouxeram!

Acreditem!
É só o que lhes peço!



SAPOC

terça-feira, 6 de novembro de 2018

BASTET

Procura.
Procura abertamente.
Só nossa mente dormente
não alcança o quê.

Filtra o necessário
e o que não se pode saber.
Salta sobre a prontidão,
das profundezas do relaxamento.

(Percorre num nada de tempo
toda a extensão do apartamento.)

Estira-se.
Alonga-se.
Saúda o sol,
numa ioga elegante 
e sem comando.

Honra-me com seus olhares.
Brinda-me com sua companhia.
Parece-lhe indiferente
se ontem não fui da gataria.

Sabe o que faz.
Faz preciso.
Faz-me mais livre
o que me livro.

Não lhe importam imagens,
vai direto à fonte.
Vai à janela,
espreita o horizonte.

Parecem esses olhos
saber da amplidão.
É como a chuva 
chegar ao Sertão.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

JANIS, A GATA.

O caçador despertou dentro de Janis.
Está-se alternando entre caçar
formigas e o vento.

Não confessa como faria um cachorro
mas acho que me caça o tempo.

Mia para o meu encanto,
traz a mão sobre sua cabecinha.
Minha mão não quer deixá-la
nem pra fazer poesia.

Janis caça o vento.
Emprego meu tempo
em observá-la.

Janis, vão-se os tempos
em que não lendo
não fazia nada.

Janis, quero dar
notícias suas ao povo.
Mas quase toda a gente
acha a Tribuna do Gato um estorvo.

E eu os condeno da Tribuna,
e no meu Tribunal,
como todo pai orgulhoso.

Janis, tudo pode seu advento,
como nunca puderam outros!
Janis, pra levar-me à rua
o programa tem de ser transcendental.

Janis, já entro na fase
de não te achar tão animal.
Aquela sua sempre fase
de achar-me um seu igual.