terça-feira, 31 de dezembro de 2019

FIAT LUX



"As horas no tempo
são como as vagas no mar".*
As vagas no mar ondeiam grandes,
e impende fazer grandes as horas.

As horas não sejam fastidiosas,
sejam férteis.
As horas resistam às intempéries,
façam-se sol.

Façam-se Luz
sobre o pus que acusa ter havido a ferida.
Que nos firamos faz parte
do que na Terra tem sido a vida.

Há de haver o escândalo,
então se há de o suportar!
Mas quem trouxer o escândalo
também o expiará.

Melhor trazer o sândalo,
a madeira não nos há de pesar.
O jugo nos será tão leve
quanto soubermos cooperar.

Ao ontem competirmos.
Ao ontem amealhar.
O novo homem vem surgindo.
A humanidade brilhará.

Sejam as crianças indigo,
sejam como as pudermos criar.
Ou aprendamos nós delas,
meu caderno está onde sempre está.

Jaz aberto,
como me apraz: vivo!
O que me empenho em estudar
tenho o melhor dispositvo:

O ouvido!
Nobre pavilhão a guardá-lo,
em martelo, bigorna e estribo.
(como o Khadu tinha ensinado...)

Não vá vagar no tempo,
ondular as horas!
Só melhora o mundo
aquele que se melhora.

E torça pelo bom contágio,
do bom ânimo,
boa vontade.
E vem o dia da Luz!

Que é o dia da verdade.





*Emmanuel em "Comentários ao Evangelho de Lucas".

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

PRIMEIRO

Como antes acontecia,
este é o primeiro dia
do resto da minha vida.

Marcado por uma ajuda,
um estender de mão.
Ajuda vinda de cima, 
e que me ergue do chão.

"Sentir com inteligência,
 pensar com emoção".
Tudo no corpo e na alma
clama por integração.

O esclarecimento da sombra.
A conquista do espelho.
A tarefa assumida
de ser meu próprio engenheiro.

Há, sim, mestres ascensos.
Exemplos em profusão.
O que não me deixa isento
de fundar minha solução.

Equacionar meus problemas.
Reunir minhas forças.
Na abundância da chuva
ocupar-me já da poça.

Ocupar-me como posso,
mas com tudo que posso.
Não com a versão acanhada
que antes era meu negócio.

Dar-me todo alma.
A ela, a isso e a Deus.
É o espírito encarnado
cumprir o que prometeu.

Ainda noite é dia.
O Sol não foi dar a volta.
A Terra é o vero caminho
de tudo aquilo que brota.

Água.
Sol.
Terra.
Tudo reunido
pra ver o que o bom ânimo encerra.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

PLANO


Escrevemos porque ninguém nos ouve.
O coração sempre fez o que lhe aprouve.
Ou quando não o escravizou a razão.
(Como é bom o salto à intuição!)


A verdade é autóctone em nós.
É questão de ouvirmos nossa própria voz.
Cada um entrar em contato com a sua.
(Em outra etapa mais bonita talvez algo nos reúna).


Mas primeiro isso!
É nosso mais premente compromisso.
É a semente do mais!
(Estar cada um bem consigo é a semente da paz).


Porque só oferecemos o que temos,
e de nós só o que conhecemos.
Não perca nenhuma ferramenta.
(Acarretam-se: só consegue quem tenta!)


A força motriz, mola do progresso,
é perscrutarmos nossos recessos.
Revolvermos o nosso mais intestino.
Ali onde tudo se grafou.
(Ali leremos nosso destino).


Ali a matéria-prima do livre-arbítrio.
Ali a estrada pra angelitude,
pro progresso infinito.
(Cada um se ajude a cumprir o belo plano divino).

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

FLORESCERES


Para Fafá.

Da forja da esperança
o sonho pede vazão.
Incandescente como convém
à hora da transmutação.


A sombra desfaz-se
na noite que deita
descanso à luz
e chance à paz.

Uma oportunidade veraz.
Um e outro mobilizados,
atentos às sementes
das virtudes futuras.

Tudo reclama a ação do Tempo,
em sua feição despertadora.
Tempo pleno de instrumentos,
e que a tudo melhora.

Um passeio em outra cidade
sem perder o que a orbita.
Em voltas plenas de amor,
a translação mais bonita.

A direção está dada.
Os sentido se revelam.
A intenção resta clara
(da primavera ao inverno).

E nossas flores,
que um dia adivinhamos,
também as veremos fenecer.
E de novo será temporário
(até novo florescer).

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

LIDA

Da infantilidade do ciúme
à juvenil insegurança.
Qual é o problema da renúncia 
a essa faceta da criança?

O egoísmo comanda
e ninguém quer abrir mão.
Mas para a coleta das bênçãos 
é salutar disposição. 

É a mesma disposição de mudar-se,
de suar-se em melhoria.
Presta atenção que a renúncia
é portadora de alforria.

Confia na vida!
Espera ativa,
otimista!

E verá que a noite é mestra
em dar à luz o dia.
Aproveite esse interregno,
a bendita claridade diária.

Ainda muito trazem à vida
o trabalho e a enxada.
Se não sabe que enxada te convida,
medita, ainda que em sonho!

Mas preste atenção à Vida,
é a lida que eu te proponho.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

O POEMA É PERDÃO

Para Fá.

O amor, ou a amada,
semelha uma usina.
Um grande artefato
tramado em arte por se revelar.

Arte de que só se vê franja.
Que nos livra do que nos constranja
sem que se entenda totalmente.

Peço a essa arte humildemente
que me deixe incorporar-me do ofício.
E o aspiro porque é cediço
que é o mais belo serviço!

Me beneficio nessa usina,
porque é claro que me depura.
Quem repara apura
que fui a muito melhor.

E o melhor está por vir,
pois todo dia hei de me servir
de um pouco mais de confiança,
a que inspiro e a que me descansa.

Tanjo a harpa da esperança
e antecipo um vislumbre de angelitude.
Vou melhorando minha atitude:
a cada dia o melhor que pude.

E nada detém o processo.
Não sei nada de retrocessos.
Em cada queda tomo impulso.
Sou meu próprio intruso.

Ou nem tão intruso, porque convidado.
Visito minhas sombras e queda claro
que é tudo pro alto e avante.
(E já não sou o que era antes!)

Sou a véspera do meu amanhã
e portanto porto o futuro.
A semente antecipa o fruto.
Trabalho não me há de faltar!

Bendigo amor a amada,
já que vamos, mãos dadas nessa empreitada,
reconhecendo que não é por nada
que a encontros nos damos.

Quem goza o caminho não está esperando,
ou não a espera vã!
Apenas a de benvir o amanhã,
Norte deste  hoje tão profícuo!

Amada, sou contigo.
O amor é conosco!
Tanto a paz quanto o alvoroço.
Todo este alvorecer.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

DEPONHO

Obrigado, Senhor!
Por as lágrimas quentes
serem as dos dias frios.
Obrigado por enxergar o fio.
Por já quase ouvir o que preciso ver.

Obrigado, Senhor!
Pela coragem de entender.
Pela de escolher.
Pela de não me esconder,
me ocultar.

Obrigado, Senhor!
Por essa bravura salutar,
de bom ânimo!

Obrigado, Senhor!
Pelo tempo em que amo.
Obrigado, refletido,
por tudo que me tem passado.
Pelo que tenho sido.
Eu até já consigo
imaginá-Lo.

Me dê voto, Senhor,
de confiança!
Faz-me devoto da esperança.
Praticante do perdão.
Engrenagem-vitrine de fé.

Obrigado, Senhor!
por me manter de pé
tendo eu feito tanto por cair!
Obrigado por eu não conseguir!

Mantém, Senhor,
no fluxo o meu verbo.
E que me torne ativo.
A mim e aos comigo!

Senhor, te vejo aberto em abrigo
e não pretendo descansar.
Dá alegria trabalhar!
Trabalho em prol.
Trabalho pra ser de escol,
das escola e escolha do Senhor!

Mestre, te sou todo louvor!
Contemplo o pequeno imenso João-Francisco,
e Paulo, o doutor.
E que toda essa letra me suba à cabeça.
Aqui deponho com Amor.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

LOCOMOTIVA

Para Fá.

A dor, neste mundo,
anda em tudo de entremeio.
No bonito como no feio,
e não existem neutralidades.

Cabe-nos respeitar,
tateantes,
essa paz em que a dor descansa.
Dela não há distâncias.
De nada se extirpa a chance.

A dor embarca em relances
onde falta o cuidado.
Onde a tranquilidade vacila.
A dor não respeita filas,
que a lição vez por outra quer-se expressa.

A dor não é exclusiva de quem peça.
A dor é peça!
Nada nos livra dessa hóspede a tudo atenta.

Mais nos valeria o respeito que a fuga.
O medo já não se usa
se o objetivo é crescer.

E já vai na frente a locomotiva de Luz,
a quem o medo não seduz.
A que vai fazê-lo de degrau.
A que sabe que estar nos trilhos
não é nada acidental.

A que repara, olho-vivo-faro-fino,
onde estão as estações.
A que entende os intervalos no passeio,
e que avança às oportunidades.

Temos começo em cada dia.
Quem inventou a noite
(não a inventou para nada...)

também concebeu a alvorada.

O Amor desperta.
Amar esclarece.
O que ama entretece
o fio luzidio da libertação.

Ninguém tem tempo pra ilusão,
tempo pra desvio.
O nosso tempo é pros desafios.
O nosso tempo faz-nos fortes!

Eu o que desejo,
aos atentos e aos distraídos,
é a mesma sorte:

Olhos que, de vivos,
transcendam mortes!

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

SAMPAMOS (Uma teoria)

Para Fá.

Fá é dona de seu passo,
nada a embaraça.
Nem o que risca,
nem o que traça.

Toda perda de um lado
de outro é compensada.
O tempo que vem
ao tempo que passa.

Fá conhece importâncias.
Concentra-se.
Foca na própria força
(o que faz com que não se renda).

Tem foco.
Tem luz.
Tem um conjunto tão todo,
tão pleno do que me seduz.

Porque me seduz aprender,
Fá é a companhia justa
pro que, justo,
quero vencer.

Não é aqui nem ali, 
nós apenas estamos.
Eu mesmo, que escrevo,
estou dentro do aeroplano.

E também do Altiplano,
plano adrede concebido.
O plano em que concordamos
e de que passamos recibo.

É um pouco como o vejo.
É um pouco como o sinto.
Tenho fé no que percebo
e mesmo se não vejo, sigo!

Vou pousar nas proximidades
e seguir pra Consolação.
E só quem divide sabe:
"casa é onde está o coração".

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

ALVISSAREIRO

Apagado o medo,
a Esperança faz reclame da vida.
Aquela que só é bem cumprida
quando comprida no amor.

Aquela altura de onde tudo se divisa,
onde os prós obnubilam os poréns.
Onde os vinténs não se contam
e não existem outras vantagens.

Não há nada a reservar-se,
tudo pode ser repartido.
O amor (olhos de ver!)
é o banquete mais sortido.

Todos a suas preferências,
nada as diminui.
Só o respeito por regra
(a única que se estatui).

A parcimônia é de sua essência.
Em sua harmonia não há ruído.
O que se abriga no amor
de nada está acometido.

Porque o amor abriga
alcunham-no "coração de mãe".
O amor já havia ontem.
O amor constrói o amanhã.

Lembra da força suave?
O amor a engendrou.
O mesmo amor nesta Terra
demonstrado por nosso Senhor.

O amor não hesita.
O amor é alvissareiro.
É o fino sol da manhã
sobre qualquer nevoeiro.

O amor é melhor vivido,
transcende os verbos e os sujeitos.
O amor nem pode ser dito!,
mas eu sei por quê me atrevo.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

TODA A PARTE


Para Fá.

O Amor é mais importante que onde.
Sempre haverá uma ponte
ligando tudo o que importa.

Ou às vezes se solta em órbita,
mas nunca é perdido de vista.
Porque tudo que pulsa é vida,
e é o que se deve impulsionar.

Toda cisma é só uma ideia
de que depois se rir.
Algo que não pode existir
por mais que seus segundos.

O Amor é o dono do mundo,
com todas as suas cidades.
O Amor é sempre novidade
pra quem lhe presta atenção.

O Amor nascerá amanhã,
mesmo se há recordação.
O Amor vai e, na volta,
já está aberta a porta,
que a dos sonhos não se pode fechar.

O Amor é fazer e esperar,
e receber e ser grato.
O Amor é a melhor ideia
que se faz o mais belo fato.

O Amor até desnorteia um pouco,
mas o Amor dá o maior barato!
O Amor é o pai da arte
e, do todo, a melhor parte!

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

CURSO EM OBRA

Para Fá.

O que somos nunca houve.
As partes Deus fez como Lhe aprouve.
A nós coube a elaboração.

E tudo no Universo fez-se assim:
material pra construção.
Até o pros anjos que os homens serão.

Meu bem, já tive medo de obras.
Muito mais que de cobras.
Bem mais que do escuro.

Mas agora, diante de ti,
sou um construtor resoluto,
atento a cada tijolo.
O que não nos serve é despojo.

Não tem mesmo sentido apego.
Não tem mesmo sentido entulho.
O sentido é daqui pro futuro,
no sentido de aproveitar o presente.

Só a gente detém a gente.
Frio se somos,
quente se o queremos.
Até nos derreteremos,
se para nos reformular.

A essência é a mesma
em qualquer estado.
E é essa a obra que vou contemplar.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

FORTE SUAVE

Faço minha parte no leme,
outra parte cabe ao mar.
Faço o que posso ao manche
mas há desmanches que não dá pra evitar.

Ventos sopram daqui,
ventos sopram pra cá.
Mas ventos são só disponíveis
se ninguém resolve embarcar.

No desembarque saudades.
E outros embarcam na mesma nave,
sedentos de chegar.

Talvez se pudessem escolher
eram chegados desde já.
Mas só felizardos escolhem o porto
a que portam o que querem entregar.

O bom é ter sempre o Bem à mão.
Porque o Bem pode tudo!
E o bem em qualquer situação
é a preferida matéria de estudo.

E um rotulou de turbulência
tremenda oportunidade.
Oportunidades só se aproveitam
antes que seja tarde.

E quem sabe quando é?
Quando é agora?
O presente, mais oferecido,
dá-se a toda hora.

Dá-se ao cuidadoso
como ao que se desarvora.
E o futuro é o que ninguém sabe
(e o que muito se demora!)

Ele quando chega
salta o presente e... passou!
E nada há que melhore
essa forma que o Tempo engendrou.

Então quem puder seja suave
mesmo quando for forte.
Comecei a terça na clave de sol
e vou fechar com a chave da sorte!

TODOS

Escol.
Escola.
O bom irmão não se desola.
Ergue-se erguendo em torno.
A joia.
O escolho.

Escolha: prosseguir.
A medida do empenho 
é a da chance de conseguir.
A toalha não cai.
Consola.
Ampara.

Nada podem as velhas amarras!

A vida nova clama.
Chama a serenidade.
Labaredas do passado
perdem a intensidade.

O ruído convertido
em música cariciosa.
(Nunca a alma está ociosa)
A meditação é um grande trabalho.
(A atenção vai edificá-lo).

Pouco importa o fluxo numeroso.
Nem tudo que é bom é copioso.
Poucos e bons!,
e se começa!
(cada adesão uma peça).

O todo ainda não se divisa
à míngua de concurso.
Caminham uns distraídos.
Outros caminham confusos.
Outros têm medo e correm em outro sentido.

E fica solto o bom conselho,
adiado o ouvido.
O que passa?
Passa o Tempo!

Eu começo agora,
com eu pouco entendimento.
E respeito a crisálida
que escolhe outro andamento.

Eu lá ainda estarei disposto.
Eu todo contentamento!

domingo, 11 de agosto de 2019

DIA CLARO

O dia é claro
como é claro
que o céu quer o Sol.

O céu é com o Sol,
mesmo se pode às vezes disfarçar.
O céu tem o Sol em si.
Veem do outro lado quando não veem daqui.

É da Luz alcançar.
A Luz não se detém.
Opera alegrias
e as tristezas também.

A Luz cura mesmo aquilo a que não se põem fim.
Tudo encerra luz
segundo o olhar que me permiti.

Com que me comprometi.
Nunca mais a fascinação
do escuro em que me meti.

Passos firmes.
Convicção.
A maior vitória é dissipar a ilusão.

Soltar-se.
Deixar-se crescer.
Nada há na dor
que o possa comprometer.

Pras coisas que me desviam
eu só olho de soslaio.
Só a atenção bastante
pra não as consentir do meu lado.

Do meu lado a boa companhia.
A Luz muita vez é discreta
mas sinto sempre a energia.

Propulsão.
Iniciativa.
Tudo coisa propiciadora
de muito melhores dias.

Muitos deles, até!
Amigo, vê se te cuida
e não descuida da fé.

NOW ON

A brutalidade dos anos,
de sua passagem,
é o que desconheço.
É tudo sempre eterno recomeço.

Depois de cada topo,
ou das pedras que topo em tropeço.
Os anos avançam e avanço tanto quanto,
ou às vezes avanço mais
(O quanto não garanto. Capaz!)

A Fé faz seu carinho,
algo tenta interrompê-la.
É só um burburinho
que qualquer silêncio recobre,
mesmo o silêncio da música
que de perto ressoa ao longe.

O importante é estar a par da fonte,
à parte a parte infante.
Do desfecho nada é certo.
Não faça caso do desfecho que põem-te.

Afina o instrumento,
entoa o que é teu.
Atento ao que se cifra
ou passa a vida como quem perdeu.

domingo, 4 de agosto de 2019

DELICADEZA ACESA

Pise com delicadeza descalça
as coisas que são de poesia.
Tudo que se prospecta
dos recessos mais abençoados.
Tudo que é puro, conciso,
concentrado.

É esse o extrato dos dias.
E para descobri-lo fomos enviados.
Todos no mesmo rumo,
os que ainda nos somos
e os mais adiantados.
Todos, a bem e onde estamos
podemos ser ajudados.

E é ajudando que o fazemos.
Este é um segredo sereno
e é nosso mister revelá-lo.
Somos chamados a demonstrá-lo
pingar os iis aos distraídos,
todos falsos ocupados.
Grita-o o tempo desperdiçado.
E o Tempo não pode não ser escutado.

o Tempo ressoa,
retumba,
tonitrua.
Ouve-se em casa e na rua.
Invade a casa-coração.
Pro tempo investido não há restituição,
mas é mais importante que aquilo lá.

O Tempo é o melhor amigo
do que o sabe respeitar.
Bonito qual cara de filho,
como o poeta vai sempre cantar.

O poeta é a porta pro mais,
não se faça de desentendido!
Ou vai usar o seu sono para sussurrar no seu ouvido
o seu triste olvido...

SONG TO THE SUNS' SONS

I'm upbeat.
Mostly.
Almost entirely.

I'd scarcely be sad
out of true deception,
rose unexpectedly.

You see,
the Sun keeps coming back to me,
telling me he's mine.
I'm aware that he's yours too.
And that don't interfere with my share.
My share, not my stash.
We can all get the Sun.

Don't get to the Sun, bro.
Don't try to take hold of it,
for it will burn you to the ashes,
to not even ashes.

The Sun is entirely ours.
Not yours purely.
Not solely mine.

The Sun is secretly
matter of smile.

AGOSTO

Agosto,
infinito porque 8,
dos regidos pelo Sol
faz-se o posto.

A esses regentes da selva
dá o gosto
de vê-lo transcorrer
sem deitar-se eternamente,
mas ereto eternamente arremeter-se
contra todo o desânimo,
toda a lamúria.
E de ver-se impor-se essa Estrela,
mesmo se há chuva.
Apenas dando ao que perturba 
sepultura.

Que por mais que se à campa
vão todos ter um dia,
a cada vida que se encerra
principia
a chance de um começo melhorado.

Pois todo o que se lança tem achado,
ao elevar-se da criança com cuidado
ocasião de esplender...
de ambos os lados!

segunda-feira, 29 de julho de 2019

NO PERTINHO

Para Fá.

"Há uma primeira vez pra tudo".
Isso diz o vulgo,
e eu apenas comento:
Estou enamorado do silêncio.
Não preciso de nenhuma nota
e nem de ouvir os pensamentos,
que assim se podem guardar
ou mesclar-se sem se saber. 

Estou em incongruências.
Não preciso de muito
e quero isso tudo!
Sinto falto daquilo de que sou o lar.
Quero rever o que habita em mim.

E não sou matéria de estudo,
que é tudo natural.
É tudo mesmo ao natural,
sobretudo a parte que não se conta.
A parte que se reserva.
A parte que é doce terra
só para os escolhidos.

Aprendi também o segredo
e trago comigo lições.
Mas é tudo tão bem aprendido
que se dispensam traduções.

Eu não tenho nada
(A vida estará curada?)
mas vou sendo com empenho.
(A vida está acontecendo!!!)

Só não me dispo do carinho.
Sou dispare mas com jeitinho.
E o futuro dirá,
apenas repetirá,
porque é o presente quem diz:

Sou no seu pertinho.
Sou com você e você comigo.
Que feliz!

domingo, 28 de julho de 2019

BEM!

Para Fá.

Só com vê-la me alteio.
Alturas insabidas.
Nem me recordo de um dia
ter experimentado feridas.

Tudo é frescor!
Creio mesmo que nasci no dia
em que te provei o sabor.
Fui concebido no dia
em que te pus os olhos,
que assim notaram que viam.

Vi-me em cores,
eu que nem me via.
Soube tudo,
eu que nem me sabia.

Agora sei que em algum ponto
dorme a moça,
ou sei que respira.
Sei que não faz esforço
e que só de ser me inspira.

E eu vivo bem inspirado.
Padeço do não me verter.
Mas seria me inverter ocultar
que acordo pra te rever.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

IPÊ

Os restos do ipê ainda comprovam
a beleza de há poucos dias.
O mundo se nos agita.
Despetala-nos.
É preciso a força de corroborá-lo.

Seu movimento nos quer melhorados,
o que quase nunca é tranquilo.
É preciso força pra galgar ao topo.
Força continuada.

A força que nos vem de dentro
não se pode desperdiçá-la,
desesperar-se dela.
Não se pode menosprezá-la,
tomá-la por menos do que é.

Vai-nos da ponta dos cabelos
até a planta dos pés.
Pés que nos sustentam,
que nos presenteiam a postura ereta.

Algo bate dentro do peito.
Algo se acende na testa.
É preciso calma para recebê-lo.
Depois é preciso paciência,
é preciso esmero.

Tudo reclama cuidado,
e cuidado para não reclamarmos
contra o que pode ser visto mais de perto.
Visto... melhor!

Sim! É tudo melhor,
apenas cifrado.
O mundo em parte é um poema,
e não é obra de um dementado.

O mundo foi feito com apuro.
O mundo dá-se aos poucos ao atento.
(Os distraídos em apuros...)
O mundo pro que se esforça,
pro que dou meus pulos.

Eras, décadas, anos.
Meses, dias e planos.
É tudo feito das horas.
E as horas te estão esperando.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

SE GARRO

Num garro no vício.
Sou livre.

Se garro no cigarro?
Garro não!

Só fumo quando bebo.
Só fumo quando transo.
Só fumo com café.
Só fumo se me dão.

Só fumo com mulher.
Só fumo se me der.
Só fumo se estiver
sozinho na estação.

Me perfumo se vier
e já tá bão!

Viciado?
Num sou não!

segunda-feira, 22 de julho de 2019

BOLSA-POESIA

Só quero estar impresso
Andar nas bolsas
Colher a impressão
De quem me ouça

É uma vaidade
Melhor que outras
E minha verdade
É lavar louças


#SafraDe2015

domingo, 21 de julho de 2019

NO TEMPO

Para Fafá. E para vocês.

Um domingo à noite não é um sábado de manhã.
Ninguém ilude o tempo.
Mas o tempo sendo o que for
nada justifica o tormento.

Nada importa o que passou.
O tempo da dor faz nada.
O que a dor deixa quando passou
é uma oportunidade rara.

Tá tudo escrito nos dias,
mas a lousa é pra quem encará-la.
A lousa é de outros tempos,
mas a verdade dá sempre na cara.

A verdade não se esconde,
ou não se esconde tanto,
mesmo quando se quer ocultá-la.
A verdade dá-se sempre à colheita,
basta querer alcançá-la.

O empecilho, às vezes, 
vem de dentro e tarda.
Porque é preciso conhecer-se
para poder notá-la.

Lemos a verdade conosco,
com tudo o que somos.
Então depende a verdade
do quanto nos trabalhamos.

Não dispense o concurso das horas.
Não as desperdice.
Nem desperdice nada
de tudo que se lhe disse.
Tudo que lhe mostraram
são exemplos do escuro
ou exemplos do claro.

E o amor não se solta no vento,
o amor é preciso plantá-lo.
É preciso que se tente
adivinhar o portento da planta
na humildade da semente.

O amor que tanto se canta
de perto nunca se mente.
É comum o olhar da esperança
ao destinatário e ao remetente.

O remetente é o destinatário.
É tudo correspectivo.
O amor vou alimentá-lo,
não vou guardá-lo comigo.

O amor é doido!
Pega o avião pra ver o trem.
O amor gosta de luz,
e eu gosto muito também!

O amor se faz no tempo,
e o tempo é sempre de amor!
O amor em tempo algum deixa
o que de verdade o experimentou.

Dê-se todo a quem é tão,
e os seus dias mais turvos
também serão dias de clarão!