sábado, 30 de junho de 2012

Tremeluz


                                               Ao que vai chegar


E um filho é um desafio!
E não sei por onde o desfio
No emaranhado em que estou
Eu, que nem me organizo!


Mas um filho num mundo impreciso!
E que me leve, certo, a precisar!
E precisar não quero! Isso já digo!
Deus me leve longe esse pesar!


Mas sinto em mim uma alegria contida
Capaz de por a termo muitos "ais"
E que, sinto, só será vertida
Por sobre quem me possa chamar pai!


Mas pra ver tremeluzir essa estrela
Que, frágil, me demandará certezas
( num mundo tão carente de beleza)
É preciso ter bem boa quem me acuda
Ao transmudar em alegrias as tristezas!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

"Sic" Atrizes


                                                                                                                             "E as crises e cicatrizes
                                                                                                                             Não 'as' deixam ir além"

Não sabem o que são
Não sabem a que vão
Não sabem o quão...


Dão-se, então
Ao papel que têm à mão
Não carece de fomento
Nem de solicitação
É caminho pronto e vão!


E vão, vão, vão...


E tardam
E calam
E cala fundo na alma do que estou
Em marcas que não se veem
Marcas que
Pra se terem...


Sick atrizes.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Liceu





                                                  As janelas quadradas... não quero nem deixo que me enquadrem, prendendo     meus olhos em um quadro tão limitado! Quero viver segundo aquilo em que acredito, quero tentar ver mais do que o quadro apresentado, mesmo que incomode alguns.


                                                                                                                                                       Para Alice
Alice!
Peraltice! 
Quem foi que te disse
Pra avançares mais que eu?
Não podes, visse!
(Não pode! Entendeu?)


Vive ainda dez anos
Confusos
Soturnos
De breu!


Minto!
Não é o que sinto!
E que bom que me omito
Quanto ao mito do que enfrentarias.

Mas deixa lá
Que já vai tarde
A "gente careta e covarde"!

Sou velho liceu de Alice
Alice "Li seu" de mim

Te cuida.
Te escuta.
Sê feliz!

A  vida, Alice
'É por um triz!'

Espere





                                     Para mamãe Flor, Vovó Terezinha
                                     E os ainda mais vivos que elas.




Quando pequeno me espantavam
Os retratos dos antigos
Mas o menino loiro e sereno
Tampouco se parece comigo!


Em brincar gastava o dia, desatento
E eu nem sei, mas
O que busco é abrigo


Por que não gozar o céu limpo
E ver mudarem-se as cores do dia?
Quem foi que nos interditou
A bem-vinda alegria tardia?


Talvez algum ensinamento
Que, antigo, desde Roma nos aponta
Modificado pelo vento que diz
Que a alforria na morte desponta!


Mas eu não saberia ser forro
Há liberdades de que quero estar liberto!
E aproveito sem apressar o dia
De ter de novo vó e mãe aqui bem perto!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Paisagem







Para Paula


Eu  moro aqui
E depois tem a cidade
Eu moro aqui e
Depois dessa idade
Vem
Sem alarde
A hora de dar-se ao tempo.


Com tudo!
Com o tempo que tiveste
E a sorte em que te moveste!


Com isso e contudo lesto
Percebeste que a vida
É esta e sempre outra?


Que perecer não é pra findar
E sim para ser?
E que não há
Anunciado
Fim?


Sabe-o a fim
De tecer o melhor conjunto!
Sabe-nos juntos
E que a sorte sabe sorrir!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Do Cantão (Quem me aviso amigo sou)



Tente ser poeta!
Tente em vão, pateta!
Não é matéria de opção.


Mas há palavras que o invadem!
E as que não cospe lhe ardem
A lhe inflamarem o coração!


Mas só o que há são meninas
Não há em toda a medicina
O que o livre da aflição.


Então dê-se alívio em pena
Ou senão a alma empena
E já não tem conserto, não!


Desconcertado coração!
Bate desritmado 
Da razão alienado
E o que canta
Canta em vão!

domingo, 24 de junho de 2012

Onomástico

                                                                                                                    
                                                                                                                    "As coisas mudam de nome
                                                                                                                     Mas continuam sendo o que sempre serão"

Vê se te manca, Cláudia!
Não vês Regina reger
Gustavos com bastões
e Geraldos com lanças?

Não te lances à sorte
que Gabriel te anunciou!
Aliste Julia e a infantaria,
e Rafael te cure o corte!

E caso a derrota se te imponha,
que Letícia te alegre os dias,
e Dolores tuas dores estanque;
mas não faças o que Bárbara faria!

Pedro te dará, conto,
suporte.
E Clara te iluminará,
secundada por Helena

E o conforto onomástico
te dissolverá as penas,
na pia batismal deste poema,
singelo e banal

Os bons chamam-se todos Amigo!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Per Nexo, Per Plexo


                                                                                     "As chances estão contra nós
                                                                                                                Mas (,) nós (,) estamos por aí
                                                                                                                A fim de sobreviver"

Censuro-me por notar o quanto me é nova (e talvez até impertinente!) esta segurança de sincero. O passo firme por entre o vulgo de que só é capaz o que sabe que tudo que importa é não importar o alheio. Salvo, quiçá, o alheio selecionado (nem sei se se pode chamar "selecionado" o que quase se impõe...). E deem-me páginas e acordes e nada poderia ser mais meu, mesmo ainda conservando o imenso poder de ser de quantos o queiram.

Vês onde a riqueza? 

Justo nisso, em tudo de que se pode dizer, como eu já disse do amor em outra parte, que não se apouca por se gastar. Dissemina! Entrega o ouro que nem por isso te falta! Disse-o uma vez à fiota (Parabéns, Junim! Obrigado, Senhor! Por mais um 22/06!) e o reafirmo. E tenho mesmo de aproveitar os estertores de junho para bem pensar as coisas do Bem, neste só meio ano a cada biênio, em que as coisas do pleito impõem ao peito, que já não ouvimos ressoar, a condição de anteparo, perdida a acústica.

E quem numa sexta à galope vai-se submeter a estas minhas disparatadas chicotadas no sentido? Devo estar-me julgando uma Clarice, liberta do enredo, sem nem um Dines que me celebre, nem talento que me acuda. Clarice por Clarice vou-me reduzir ao essencial, ali deixar-me estar só um coração que bate e mais nada (que se afoga ou vence léguas...)

Au coeur sincère! Exuberando a loucura...

E onde as flores abissais?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Remetente só



                                                                          Para Clarice e Lúcio,
                                                                                                  e outros iguais


                                                                                                  "... mas isto aqui, meu senhor
                                                                                                   é uma carta de amor!
                                                                                                   Levo o mundo e não vou lá..."


Não poderíamos nunca
Restar no cio
Espelhos, opostos,
Só mostram o vazio


Um vazio profundo!
Um vazio absurdo!
Pois saberia conter
Todo um mundo!


E quem é que podendo
O mundo refletir
Dá-se em reflexo
Apenas fugir?


Um leão que não reina
Em selva nenhuma
Cujo coração
Amanhece em brumas


O sereno que molha
Sua madrugada
Não toca o espírito
Que nunca vê calma!


Leão sem aparato
De arrecadação
Não vive o que grafa;
É mero escrivão...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Fia


Trabalha, amigo!
E confia!


Já dizia Hilda Hilst,
reclamando, dedo em riste:
Poesia não dá camisa!


Trabalha!
E confia!


Trabalha, mas não esquece:
Poesia não dá camisa!
Não dá camisa
mas aquece!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Eternidades da Semana


Decidir entre ir ao sacolão comprar a laranja complementar, tomar o suco que duas dão, ou alterar, para o dia, a nutrição. Encarar a caminhada já na segunda. Correr no Batata's atrás da comanda, arrebatada ao charme de Zéfiro, mas deixada após arrastar-se (a pobre!) pelo chão. Passar mais uma vez (sem mediação!) nas imediações do Ministério Público a ver se  a moça passa. Meditar sobre se o "moço!" na rua ainda se me aplica (atendo?). Aguardar que Lívia ou Octávio, de seus Poços, digo, postos, me deem centelha vespertina. Esperar (mais uma vez) que nesta quarta o carro seja revisado. Esperar para que na quinta venha a Rosângela, mais inestimável que namorada nova (não brinco de deixar casa um brinco!). Perceber que o que falta na casa já justifica o Extra (pelo menos às 23 h). Decidir que a certas aulas de francês prefiro a nem tão solitária leitura de originais: ora Baudelaire, reza Balzac. Ideas that pop into you ("o pop não poupa ninguém!). Restabelecer que um Lindt é coisa de fim de semana. Responder a pelo menos 1/4 das mensagens dos entes queridos ("remember when you were young you shone like the sun!"). Constatar (sem alterações de hábito) que o bibliofacialismo não passa de um big brother mais bem selecionado e com pay-per-view automático. Não saber se Helder, Cecília, Drummond, o novo Sena da sugestão da Luana, o DVD do Nirvana, ou violar eu mesmo o silêncio(butchered sincerity). Tanto faz! Com tudo me contento! Contudo... Sem penúria, sem lamúrias, a sorte é uma riqueza! Asas à leveza!

Lord!, armo o Circus no Jack ou sigo a Rota do Stone? Publico poema-pensamento-puro, poema-meta ou a prosa apuro? Tentar provocar aquele encontro ou encontrar-me mais feliz com pensar que venha ao encontro de mim? (compensa sorrir!) Tentar por palavras (sempre me ocorrem, ora!) naquele ré maior-lá menor-dó maior-sol vindo no final de mais dez anos? Pensar em por quê nada daquilo deu certo (será que não deu certo?) ou não ver motivo pra desistir?

Ô, Gabriel, corre aqui! Vou lá! (Obedeci!?)
"Bye-bye, Brasil! A última ficha caiu", mas eu não entendi!
Eu sou capaz, só não suporto...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Eu Poço


Não peço ser Chico
Não posso ser Gilberto
Não peço ser Pessoa
Nem posso ser Herberto


Só peço
(Poço humilde)
Não me falte o verso

domingo, 17 de junho de 2012

Poema de Ninar Alice

                                                                         
                                                                               à filha que terei desde nascida


Aproveite o tempo em lençol acesa.
Aplique-o em matutar belezas.
Nada conte aos carneirinhos;
os segredos só pra si!
Não pule, quieta no ninho,
e não tarda a dormir...


Dorme!
Vai sonhar maravilhas!
Dorme!
E no final da trilha,
o mais lindo despertar!


Restaurado o sol
Restaurada a moça
É abraçar o dia
(com força!)

Just for the sake of it



                                                                                                                Com Jussara Machado

Confesso-me sem vergonha:
Já usei alguma droga:
Álcool, pouca maconha

Mas tabaco não suporto!
Acho estupidez medonha!

Quem fuma?!
Fede e nem sonha!






-Pobres fumantes!
-Pobres de nós; seus circunstantes!

sábado, 16 de junho de 2012

Nogueirículo (poema curto)


             
                                                                                                                             


                                                                                                                                                                                            
                                                                                                                            Meta 1
E por que vai-me ler um estranho
com tanto Pessoa por aí?
E se lerem-no tanto
os distingue
como a ele de mim?


Poema curto e "curto!"
Poema escrito
e entregue já!
Do contrário,
quem mo lerá?

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Entropia





Gosto desta pouca desordem
A entropia apenas bastante
Para que não haja tropas
Para que não haja tanques


Não se iluda!
As coisas não estão indispostas;
As coisas são é mortas!
Não lhes devote, pois, a vida
Há formas tão outras e bio
De ser rei


Reine em deixar-se!
Desgoverne-se em bastar-se!
E veja (antes tarde!)
O acerto do Gil:
As coisas não tem paz!, viu?!


Conhece âmago?
Conhece cerne?
Não é o que te apraz?
Mas é o que te concerne!


Não!
Não se consterne!
Paz.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Conformação




                                                                                     " Vejo a lágrima que escorre
                                                                                                                     por cima da minha pena.
                                                                                                                   Ai! A pergunta é sempre enorme,
                                                                                                                   e a resposta tão pequena..."

Quando estive pela primeira vez só neste espaço que eu mesmo conformei, andando, deitado, lendo o que outra gente disse, num tempo que já não existe, pareceu-me tudo perder o sentido. E que importa se sou eu aqui e há quadros de rock e o telefone se desliga na madrugada porque não há quem em emergências me solicite ou se é Sofia, são seus pais (sãos...) e uma garotinha pula corda na parede entre borboletas em vez dos Fab, mortos pela metade, que não atravessam jamais a rua inteira?!

Não, nada faz sentido...

Sunday morning is everyday for all I care. And I care for nothing. Careless whispers... nothing!

Não, nada faz sentido...

Mas a direção é a liberdade. Fazer sentido em face de quem? Não tenho de fazer sentido! Sente isso? É já agora por mais que o soldo (for which I sold my soul) que sou grato ao meu trabalho, esse mesmo qualquer, que me impõe unidade. O que mais me obrigaria a "reduzir a desordem estuporada da vida a uma unidade de significação"?

Não nos é dado decidir sermos únicos, Helder. Mas quis uma unidade destas 36, talvez até pra ouvir melhor o que você tinha a dizer. Mas talvez não seja bom ouvir tão bem.

Nada faz sentido...

Também não tem  unidade. Que unidade em mim? Aquela esfacelação do outro dia numa eterna sorte e quinze a um clique arrastado das quinze para a morte. E o mundo se arredonda nesta debutação minutante, e não fiz antes (antes fizesse!) minuta da minha vida. Ou fiz, Gary 97 myself left on the road. Just a matter of time! E eis que myself left on the old, sinistra maturação.

Mas houve riso! Ouve, riso, o meu choro e o transtorne gargalhado! (Gargalhada de transtorno?!)

Nada faz sentido...

Só o soldado, Quintana? E o faz sentido? Ou se conforma... E a que palavras conformarei este ré-maior, lá-menor, dó-maior, sol sobra que murmuro sem articular? Tocasse piano, aquele tão música que não impusesse esta violação do silêncio, ou fosse mais clássico o seu acordoamento. "c" por "t"? "Ser" por "ter"? C'est porter quoi? Só sonoração...

Nada faço sentido. O melhor esconderijo, a maior escuridão, já não servem de abrigo. Os olhos se acostumarão. Os olhos...

Sinto muito! Eu sinto tanto! Eu nada sinto...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cherry-flovored antacid (I don't care; it's gold)


Olhos com a paz do mundo
Fosse-lhe dado à cor dar o tom
Mas inflamavam-se em turvo grito
Tão convulso o penoso conflito

Criança erradia
Sofrendo Aberdeen
Por que não irradia
Seu espírito teen?

Sofre-se e goza-se
Um adolescente
E eu com o emprestado
Penava contente
(I think I'm dumb
 Maybe just happy...)

Mas solitário, por força
Só pode haver um
E se foi, penitente
Deixando-me in bloom

domingo, 10 de junho de 2012

Espórtula



                                            Com Rayra
Ofereço meu amor
a quem nada quer comigo.
E não me agasta, creia,
se acaso não o abrigam.


É como aquela gente que,
ingênua ou buscando salvação,
dá espórtulas aos mendigos
e delas outros caçoam.


Mas eu, de cá, as bendigo;
sempre lhes dei razão.
Doam, talvez, de coração.
E o que é depois feito do donativo,
já não lhes diz respeito, não!

sábado, 9 de junho de 2012

Filma (agrafia...)


São 03:54. O roteiro da minha vida não o acabo antes de dormir. E quem é que pode dormir sem isso terminado? Mas não o quero terminado. Quero-o encenado. Mas está confuso.

This is out of my range. This is getting to be. Grown...

Não há Malcovitch (se assim se grafa) que lhe dê forma. Pensei em dar a contrapartida a Natalie. Mas não sei que tanta  psicologia they gave her at Harvard. They forcefeed, you know? Não fala coisa com coisa. Traiu a irmã. Atraiu o irmão. Um rei adúltero quer cortar-lhe a cabeça porque não tem filhos varões que o possam ser. Outro irmão voltou da guerra avariado e varia sua loucura em deslocadas avaliações. Sexo sem compromisso dá? Dá nisso! Um matador profissional... pistoleiro? Não é mais que criança. Sonha (nem sabe) outras abastanças. Casais se revezam, de perto, e se recompõem. Às vezes reina reinados estelares. Às vezes rompem-se lares e chora, longos minutos, em ermo Israel. Lambes Goya? Pato feio, cisne negro... Amo Nova York! Cismo! Nem conheço... Viagem, darling! Até Darjeeling era mais familiar...

Mas a montanha esfria, e já não ouço a voz do coração; nem aqui, nem em qualquer outro lugar. E todos dizem "eu te amo!", mas só brincam de seduzir.  Brinquem! (em armas de brinquedo, medo de brincar...) Que brinquem! É fogo contra fogo! Chega! Não quero martelar loirices da madrugada. Melhor desistir!

Me chamem a Keira Knightley. Quero vê-la sorrir!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Acostados


                                                                                              
                                                                                                                             Meninos à beira da estrada
                                                                                                                            Escrevem mensagens com lápis de luz


Sou poeta de acostamento.
E quem contesta o contentamento
do da estrada marginal?


Essa estrada que te leva,
mas não te conduz!
Que te apaga em poeira!
Te ceifa a luz!
Te pavimenta a ferida
em pus!


Pus os pés fora da margem
e já me socorre a imagem
de sedutora alegria!
Te acostarás conmigo!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Emanações (Essência IV)





Eu tenho um verbo em mim
Que não sei o que quer dizer
E o tenho expulsado
E os que o veem não o sabem ler


E dizem que é mesmo assim
E que não poderia ser diferente
Que ao homem não é dado parir
Nem gente!
(Não é criador, mas mero concorrente)

E com correntes fortes

Ata-se em sua fortaleza
Sem sorte, mote ou cantiga
Digo de mim que é tudo
Coisa muito antiga!


Se Dimes, em 74
(faz tempo)
Soube ver em Clarice
Situações-pensamento
Não há por quê me debater
Represar-se não é viver!


O mal me aporta o livreiro
O mal o verto em tinteiro
Em confusas emanações
Mas o ar que se respira
É o mesmo que curte a página
Vida ávida por se macular
(Digitada ou esferografada)
O mundo está redondamente enganado!
(Não sou eu que não me enquadro!)


Me distribuam esta circular!
Não tenho subordinados
Mas há quem me queira escutar
Não sei o que dizer possa
Mas com viver eu
Inflamado em toca
Não vá você contar!
E vê se não me deixa
(lhe rogo)
Esta tinta secar!






Pena da galhofa
Tinta da melancolia
Nunca esteve certo
O que fazia

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Fascículo (Essência III)



Sou uma bomba-relógio
Passada de mão em mão
A todas meto em apuro
(E quem não foge a explosão?)


Sou uma bomba-relógio
Círculo vicioso?
Roda da fortuna?
Ninguém sabe!
(Não sou una...)
Sou esfacelação


Sou uma bomba-relógio
Linho, seda, algodão
Nada envolve minha engrenagem
Nem nada me adorna o porão
Pólvora sem combate
Vela sem embarcação


Sou uma bomba-relógio
Singro, single, mares
E se amares meus vagares 
Somos naus em derivação


Fábrica de barcos
Bomba sem decência
Relógio que só marca
Hora de incandescência 


Sou uma bomba-relógio
Na esquina dos aflitos
Que espreitam pela hora
De explodirem-se em conflito


E no 13, numero qui sort
Descobri meu azar
Descobri que ninguém pode
Esta bomba desarmar


Sou uma bomba-relógio
Fascículo sem promoção
De cujus problemas se agitam
Sem divisar solução