quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

QUARTO DE HOTEL (Tauá)

No meio da noite, outro açoite:
o da vontade de escrever.
Mas pra que empunhar a pena
se não tenho o que dizer?

Só o silêncio calha
se não entendo o que sinto.
Mas minha alma se espalha
(e se espalha por todo o recinto...).

Quartos de hotel, muitas vezes,
são a imagem da desolação.
São sempre iguais, todos eles,
como o hospital, o shopping, o avião.

Mas sempre que neles tenho
é sinal de que viajo.
E se não posso viajar no tempo,
pelo espaço me reparto.

E me repartindo me permito,
fito  um mundo em expansão.
E também me expando e fico
rico da contemplação.

E todo contemplado
deve agradecer a sorte
grande de ter explorado
leste, oeste, sul e norte.

E, sendo o mundo redondo,
quanto mais rápido vou,
mais rápido sou retornado
ao ponto em que agora estou.

Não há deslocamento,
mas a distância que se percorre
muda o sujeito por dentro,
e de tédio já não se morre!


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