segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

RAIADO (Bandeira hasteado)

Raiei com o raiar do dia;
não foi nada que eu queria.
O corpo programou-se assim,
e à minha revelia.

Eu nem gosto da vigília,
melhor radicar no sonho.
Lá sou o rei da companhia,
da mulher que quero disponho.

A realidade não é nenhuma Pasárgada,
e até pode ser amarga.
Sou no sonho criatura alada,
e me voo para outros países.

Vou, e comigo vai quem escolho.
Vamos também?! Vou hoje de novo!
Não precisa franzir o sobrolho;
ali seremos felizes!

Num país assim urdido, 
já não estaremos perdidos.
Terei até mãe! Serei rico!
Perderei certas cicatrizes...

Lá, sim, serei forro!
A nada estarei jungido.
Nunca será preciso socorro,
jamais voltarei a ter crises!

Mas o que digo?! Estou louco?!
Tão poupados até se morre um pouco.
"A evolução dá-se no atrito",
disse o místico para que eu me balize.

Aqui não se está mal tampouco!
Às vezes rio até ficar rouco.
Então fico! Diga-o ao povo!
E que me ajudem no de que precise.

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