quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

ONÍRICO

"Como se chama esta cidade?
 Como se chama a atenção
 de uma cidade que dorme,
 enquanto a gente infelizmente não?"

Dorme-se pouco nesta casa
nos dias que correm.
Correm e não me socorrem!
Dão-me noites e as recobram intocadas.
Dorme-se bem pouco...

Como se em se dormindo
se fosse estar à mercê de algo perigoso.
(Como sonhos podem sê-lo tanto?)

Os sonhos encerram perigos insidiosos,
mais ou menos óbvios, como o de acabarem,
ou o de nos revelarem,
ou o de tornarem a realidade um anticlímax.

(Medo de sonhar?! 
 É a parte do dia de que mais gosto!)

A realidade já não basta para quem sonhou.
Quer-se dar-lhe um basta,
mas é tão abastada
que agasta!

Sonhos ativam o interrompido,
tornam o silêncio grito,
são uma exumação.
Os sonhos tornam sótão o porão.

Mas onde nos porão em verdade?

"Longe se vai, sonhando demais",
mas aonde?
Aonde tudo se faz, e nada se responde.

Nem ninguém responde, se há crime.
Não há lutas nem por esporte,
não há nada que se esgrime.

Nem há medalhas se se completam.
Em sonhos quem se perde não se derrota.
Erra a porta e se alonga corredor adentro.
A cômodos incômodos de que...
nem nos lembremos!

Aos sonhos ninguém se atreve
a dar arquitetura.
Os sonhos são a casa da mistura.

E se tudo se mistura,
um pouco d'água e há solução.
Mas já não sonho, estou acordado;
lágrimas na escuridão.

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