Para Beatrice Mantovane
Na noite do Recife,
arremetida,
uma suposta virgem dá-se a ensaios
que nem são tentativa.
Não digo que haja pureza,
mas tampouco há lascívia.
É a forma de divertir-se
de quem não é comprometida.
De quem acha que compromisso
é o que se tem com os outros.
E que compromisso é garantia.
Sonha cavalos brancos.
Sonha tardes azuis.
Sonha talvez um poeta
que de longe a seduz.
Seduz-se a si mesma,
nesse estranho mimetismo.
Finge que é apenas no quarto
o que se dá em cima da mesa,
o que é alimento diário.
Não o enfeitado com bombons,
ou seus restos imortais.
Mas o que é encadeamento dos dias,
que a prendem sem saber.
Só não aprende mesmo,
porque é o que quer esquecer,
que só com muita liberdade
pode-se ter prazer.
30 de maio de 2017.
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