sexta-feira, 4 de maio de 2018

INVERSOS

Fique à vontade,
ou fique a vontade por seu lastro,
garantia da circulação de nada.
E de que valeu-me afeitar-me a navalha?

Foi uma vaidade descarada.
Um limpeza que não limpa nada.
Os resíduos são o lume que se vê ao longe.
Nada do que não se declara se esconde.

Toda luz quer brilhar-se,
mesmo a do fraco,
que só pensa em queimar-se.

Prefere o falso conforto
de não ver um palmo adiante.
Pouco se dá conta
de que nada o garante.

Porque o medo,
assim como a coragem,seu reverso,
é uma espécie de lanterna
que se irradia sobre o que se projeta.

(O que se teme
ou o que se peça).

Pouco se me dá chão ou teto!
Tome e guarde a face,
eu me liberto no verso!



João Pessoa, 30/5/2017.

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