A mão recolhida.
A tinta derramada sobre a mesa.
O mata-borrão não faz nada
por pura falta de destreza.
Escrever pra quê?
A boca só diz asperezas...
Nesta espécie de estação
é melhor que a mão não se atreva.
Pra que dar-se à expressão
de uma aflição tão canhestra?
O susto é infenso à solução;
solução exige leveza.
Traz a vida seu nó górdio,
não há proveito em fingir desatá-lo.
Nada desata o ódio,
se há o que finge desbaratá-lo.
Há quem veja suavidade no mar.
Há quem só o veja arrebentar-se.
Quem o procure pra esconder-se a chorar,
quem vá a ele desanuviar-se.
Chovam as nuvens escuras!
Dissipem-se do que são.
Novo sol, outras nuvens,
com feitio de algodão.
Dadas a se verem nelas
todas as formas de interpretação.
Monstros de muitos pés,
cavalheiro em alazão.
O Bem e o mal em tudo.
A balança é de precisão.
É vital que se reconciliem
o espírito e a razão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário