terça-feira, 24 de julho de 2012

Apenado



Ai, Carlos!
Ai, Drummond!
Se ao menos eu te seguisse a lição,
e pelo caminho deixasse
os versos que ali vão,
sem volição ou remissão!


Que mania a de salvador!
Que atração pelo caído!
É que serve à expressão da dor
o verso (como o poeta) combalido!


E se não os posso harmonizar,
não penetrasse o reino das palavras!
E deixasse estar em dicionário
o que, extraído, não me extirpa 
o "solitário".


Mas a pena, parece,
foi-me imposta.
E não parecer haver juiz que possa
dar indulto, perdão, alforria;
ou prestidigitador que mova
a dor em alegria.


O que aceito é minha condição.
E, executada, nem me dou à escansão.
Não conto versos
ou metrifico o que desponta, 
que torturados não se prestam contas!




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