Visitei vidas passadas
A que minh'alma diz-se atada
E divisei o custo de então
Mas se vejo o custo d'agora
Abandono à custo o de outrora
E rebatizo a embarcação
"Rolf! Rolf!" says the wolf
Brasília, 29/02/12
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Desinibindo na Meta
Nem tudo "kiss" e "quer" se p(h)ode
Mas se o "Tá lento!" me desse
Queria ser o ar tesão da palavra!
= : )
Mas se o "Tá lento!" me desse
Queria ser o ar tesão da palavra!
= : )
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Domínios do Coração
De que amores pulsa meu coração?
De que amores se expulsa?
Diga, doutura, a que vou se há sístoles sem diástoles?
Desta pra melhor?
À próxima? Há próxima?!
Plaina sem plano e não se explana, não se aplaca
Eu vejo as placas dizendo... não dizem nada além do que as impõe
E ao coração quem impõe o quê?
Tem razão, Bonita, libérrimo não existe (se quem não tem escolha é que é livre)
Mas é indômito, movido à frêmito
E-motiva-se?
De que amores se expulsa?
Diga, doutura, a que vou se há sístoles sem diástoles?
Desta pra melhor?
À próxima? Há próxima?!
Plaina sem plano e não se explana, não se aplaca
Eu vejo as placas dizendo... não dizem nada além do que as impõe
E ao coração quem impõe o quê?
Tem razão, Bonita, libérrimo não existe (se quem não tem escolha é que é livre)
Mas é indômito, movido à frêmito
E-motiva-se?
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Sideral
A dor e a delícia de ser um cometa
Que só fulgura entrando e saindo
De órbita sem detença
Só há via: sua sentença
Que só fulgura entrando e saindo
De órbita sem detença
Só há via: sua sentença
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Cantando
Onde quer que folhas farfalhem
Ou pássaros silvem
Onde o vento se invente
Ou a brisa lamba a face agradecida
Onde crepite o que no fogo não se arde
Onde o mar marulhe ou água corra
Onde o sol aqueça ou a noite nasça sem o que morra
Onde nuvens impeçam excessos sem os portar
Onde meu pensamento se possa abandonar
Aí me encanto
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Quando
Do fastio, mente atenta, olhava a seu redor. Divisou ao longe um grupo unido que, a intervalos, galgava os largos e imponentes degraus de uma escada que, de tão extensa, parecia não ter fim, ou este pelo menos não se avistava.
Diminutos diante do que se lhes impunha, pareceram-lhe tolos, ascendendo sem mais nem por quê, e num passo que bem se podia acelerar.
Movido por aquele sem-sentido, adiantou-se ao grupo e, desabalado, foi vencendo, dois a dois, os degraus que o desafiavam. Animava-o um incerto ímpeto, e não se deixou abater.
Tempos depois (pareceu-lhe mesmo rápido), alcançou o último degrau e, diante daquilo, olhos esbugalhados, pernas doces, fôlego supresso, já não podendo retroceder nem avançar, nem gritar ao grupo o que fosse, deixou-se estar.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Lado outro...
Só tenho uma cara
Embora caras faça
Que me são caras e que não
Só tenho uma alma
Polilátera
Inequilátera
Quer-me ao lado? Sou!
Deixa-me de lado? Vou!
Alado, voo!
Embora caras faça
Que me são caras e que não
Só tenho uma alma
Polilátera
Inequilátera
Quer-me ao lado? Sou!
Deixa-me de lado? Vou!
Alado, voo!
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Há Mar Morto
Notícias ondulantes:
Descobertos nas adjacências do Mar Morto fragmentos inéditos respeitantes à vida do mais célebre Nazareno a ter pisado a superfície da Terra ... e das águas. “Empapirado” numa composição de aramaico e hebraico, línguas de mais difícil decifração que o alemão (só bem manejado por filósofos e escritores insignes – claro, tedescos - e imprestável a compositores populares,como se sabe), o documento, decaído no domínio público há aproximadamente 1909 anos, está a ser submetido a tradução, sendo invertido diretamente ao português, sem passagem pelo francês e nem mesmo pelo espanhol. Tal privilégio deve-se, disse o décimo-sexto, a quem o documento foi entregue em primeira mão, ao fato de o Brasil ser, sem sombras em dúvida, o país a abrigar o maior número de ainda interessados. Em um exemplo das mudanças trazidas pelos novos relatos, a conhecida passagem em que se aconselharia aos ofendidos “oferecer a outra face”, quereria dizer, em verdade, “virar ao outro a face”.
Intricadas declinações!
Saulo, direto da Sucursal Oriental
Advertência: A agência Heuters avisa que são muitos os hojes e que não se responsabiliza pela congruência dos sugeridos empregos materiais, jurídicos, linguísticos , filosóficos e nem mesmo pela dos fatos, tudo factício.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Hay que endurecer, peroooo
Atordoado por conflitos que sempre me partem e fazem partir, tenho incomodado os amigos oferencendo-me a sua complementação de minhas análises de mim. Às vezes dão-me toques no ponto, e vêm-me os “Gabriel, como você aprendeu a andar?” ou “O Gabriel é MUITO inteligente pra MUITO POUCA coisa”, ou “Resolva esse conflito entre o narcisismo e o estado fusionário com o outro”. E é tudo justo. Mas às vezes participam-me a existência de gente outra muito bem resolvida quanto a tudo e de cuja existência jamais participei. Pode ser que meus olhos atordoados nao se prestem a certa visão, ou pode ser que por aí confundam certeza com discrição.
O fato é que muito do que me dizem me ajuda, tão incômodo quanto seja, e há às vezes dureza que não é cem por cento benfazeja. Pus-me a pensar no quanto me tenho furtado a meus amigos em não lhes dizendo exatamente o que penso ou, às vezes pior, tendo-lhes dito o que parecem querer ouvir, o que um atento sente-se convidado a dizer. Mas, ainda que animal político, não sou político-homem-do-povo (muitas e muitas aspas no “do povo” por favor); não sou então homem-do-povo-por-favor, mas homem-dos-meus-e-minhas-por-amor. E calhava, talvez, agir como tal.
Mas é difícil, porque quem sou eu pra ter certeza do que digo, e quem é e como está o outro para ouvir o que profiro? E como é muita a tentação de agradar tanto quanto ajudar! É preciso um difícil e constantemente reavaliado misto de coragem e ternura para ajudar um amigo. Não se desperta com tapa inopinado o do braço recém tatuado, nem se detém com apito, o desabalado, o aflito.
É preciso, penso, uma firmeza doce, mas sem “doce”.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Set the Sun Aside
Não quero impor.
Não quero pagar o imposto.
Onde se dá o perdão que não se finge?
Onde as indulgências não se vendem?
Onde a compreensão não se encomenda, ajustada?
Um desejo que se instala apenas
E a penas se morre
E a pena o grafa!
Tão tarde que cedou...
E se dou o grito que
Ainda rouco reverbera?
E se o calo e o louco
Muito ou pouco, impera?
Troca minha solta alegria
Em que perdura minha infância
Por sobriedade, constância.
O sol pôs-se em mim
Mas não me inflama.
Estranha colocação!
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Para todo o mal?
Num acurado exame dos “meandros cegos” dos que os mantêm abertos e perto de nós, vejo uma exagero de demanda por cura. Se ele não pode com mulheres fortes, precisa “trabalhar isso”; se ela não gosta de homens débeis, “precisa superá-lo” . Quem não sabe lidar com responsabilidades de vulto precisa a tudo custo aprender, ou te condenam a... vulto de ti mesmo.
E onde é que foi parar a opção? Todos temos de ser... grandes? Quem é que projeta pirâmides com só ápice, prédios com só cobertura, bois que só rendem filés (sim, bois já se projetam, soube....)? E os que não projetamos senão o daqui no depois?
Já num tempo de muita produtividade apegava-me por vezes, na discussão do sentido daquilo, à opção (que então não era nem parcialmente a minha) daquele “fracassado” que escolheu olhar a Goiabeira, mascando o que seja, pra só vir à lume se lhe aparecesse algum Guimarães de caderneta. É-lhe dado! São seus os dados, e há quem os jogue por um e quem os jogue por seis.
No fim e ao cabo acho inútil a discussão do estilo. Abnegadas figuras de exceção não me convencem de que a trajetória do homem médio (talvez só o urbano?) é a da busca por distinção. E alguns a vemos em pensar o belo e talhá-lo em palavras que o mereçam; outros em retalhá-lo. Uns por saberes que bem se pagam e que, sim, podem ser postos a serviço do “bem"; outros a veem em signos mais prontamente identificáveis de “prosperidade”, em carros, roupas e tais. Alguns até em nada ter nem saber.
Não me curo de mim, mas sou curador de mim.
Não me torno em você e nem você, talvez, então, a mim .
Ah, próspera idade a do respeito à distinção!
“uma faca excelente na mão de um homem mau não é menos excelente por isso(...) Se todo ser possui seu poder específico, em que excele ou pode exceler (assim, uma faca excelente, um remédio excelente...) perguntemo-nos qual é a excelência própria do homem(...) a virtude de um homem é o que o faz humano, ou antes, é o poder específico que tem o homem de afirmar sua excelência própria, isto é, sua humanidade (no sentido normativo da palavra). Humano, nunca humano demais...” André Comte-Sponville - "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes!
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Nau Frágil
...é universo inverso.
E vou, unindo verso em verso e sem inteirar-me na e da vida. Da vida nada entendo, mas há tento. Longa e bela vida, dizem-me. Ah que nem me convém ver tão limpo o convés! Tripulem-no! Ou nada! Eu os avisto mas a mim só a terra avista! Vem! Compõe o time e maneja o timão! Singremos os mares! Precisamos me achar ou estou perdido!
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Cordial
Para um grande impacto em mim, como tudo o que proferia, minha mãe um dia me disse, em desesperança, desilusão, ou antecipação do que lhe viria (dedo em riste, olhos tristes): "Gabriel, você nasce sozinho e morre sozinho..."
Droga! Por que não me disse como vivo entrementes?Entre mentes não se vive.
Corações! Corações!
"...e não culpo a cidade, o pai..."
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Habilidade: Culpa
Quando eu nasci não lembro se houve anjo ou não safado, mas já me diziam que havia muito alguém pagara o pato. Então de onde nos vem tanta culpa? Se quem não deve não teme a minha dívida é inata. O que terei feito de tão mau além de jogar uns balões de água da varanda, fazer um par de provas de inglês pra colegas aflitos, lançar-me a seduções (que não podiam mesmo ser castas), olhar para de onde não me queriam visto, desejar sem fazer por lograr e só querer o que quiser?
Convicto? Convicted!
De onde a culpa de ver deambularem cães vadios pela rua? Os canis que fizeram sua aposta em se nos fazerem familiaris e isso de nada lhes valeu? A de dispensar a diarista que grunhe o incompreensível enquanto reduz a casa a pó quando só deveria tirá-lo? A de dar aulas de línguas de escasso emprego quando os que por elas pagam os tem muito bem remunerados? A de cobrar, sendo panificador, a dívida que lhe têm do pão (mas o pão!) anotada em caderneta os que nem por terem-na deixaram seus turismos e supérfluos?
PS: Oswaldo, e se puder, sem medo!
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