Eu talvez nunca chegue a ser mais que um cifra-a-dor. Mas o que não entendo é como os mais engajados do que eu no que só nos serve (e não forma) conseguem ter tempo pra mais do que inventar-se. É possível outra tessitura?
Já não entendo tampouco por que é que a dor havendo tanta alguém não se ocupe de torná-la outra coisa e se empenhe, se jogue mesmo, em ser decifra-a-dor. O decifra-a-dor, parece-me, está sempre ocupado da dor alheia, o que é uma adição. Comisera-se. A dor própria não se decifra. A dor apenas se pode cifrar.
Psicanálise? Já não sei! Tanto brinquei que me daria a "psicanalhices" que já cismo que é só o que é possível. Embora, é verdade, não me pareça haver problema em querer (tentar, é o que se faz) livrar alguém dos sofrimentos estéreis (dos estéreis, porque "inútil" é apanágio de todo o bem. O útil mal se presta, não me enriquece).
E vai-se a vida. E se vai-se em vida morre-se nela. Cosa fatta...
"A gravata ainda está meio enrolada ao redor do colarinho que eu tirei".
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