segunda-feira, 10 de junho de 2019

COESÃO

O porto de partida
é o de destino.

Sob a pressão macia
de um bálsamo lento
(lento porque cuidadoso).

Descendo como limpeza
por sobre todo o viscoso.

Sempre será santa
a disposição de se melhorar.
Mesmo quando não tanto
a que nos conduz até lá.

Porque sendo ainda homens
é própria de nós a inflamação.
É próprio buscar concurso
e abdicar da inação.

É metafísico, e físico até,
a propulsão vir-nos do atrito
provocado pelos pés.

Os pés são pro chão,
dispensa-se coragem.
É natural,
é voragem.

É linda a consciência.
É celestial conduzir.
Saber o que superar.
Saber no que insistir.

O bem-estar perde garra.
A paz, que cesse a porfia.
Pras estrelas maiores as noites,
pra mais próxima, o dia.

Tudo em equilíbrio.
Nada há que seja vão,
inútil, na Criação.

Existem matemáticas sob tudo,
que não chego a alcançar.
Na Música, na Química,
na Astrologia, na Física
há!

Mas algo indômito pulsa,
inscrito nessa pauta.
Tanto alcança o verme
quanto alcança o astronauta.

Uma vontade de coesão,
de unidade.
E a unidade mais bonita
é de multiplicidade.

Só o que quis dizer
é que a imagem de Deus é o Amor!
Quem não tiver tido pista
pergunte a algum escritor.

Criador de microcosmos,
vivencia-O, é certo.
Fá-lo sentir-se vivo.
Fá-lo sentir-se completo.

Sua forma simples de socorro
é inocular o Verbo.



(REC-CNF, 3/6/2019)

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