domingo, 30 de junho de 2019

BEM NISSO TUDO

Para Fá.


Meus pés vêm molhados
de uma água que me invadia,
fugindo do que ela mesma fazia,
e desconhecendo que a inundação me vem de dentro.

Os sentimentos não conhecem fronteiras.
Amalgamam-se e vou uno,
mas repartindo-me e,
de fazê-lo, sorrindo.

Essas coisas não se podem deixar,
elas têm de se arrumar.
"De se arrumar rápido!".
Porque são um descaminho.

Mas se são o descaminho
do caminho pra que ia sem elas
quem é que se importa?
Não existem tristes festas!

Existe é tristeza de a festa terminar.
Mas quem é que pra preveni-lo
deixaria de festejar?

Quando da festa me inflamo
é como se me tivesse feito
para ela, para isso!

Sulca-me o rosto
por muito sorrir.
Sinto-me professor
de tudo que proferir.

E profiro (prefiro!)
alegrias.
De serem-se só de tristezas
vão-se longe os dias!

Na forma que aprendi,
na em que agora me fundo,
a tristeza é um instante
que separa duas alegrias.

Como uma pequena melancolia,
dessas de corda Sol,
que separa a alegria esfuziante
da cerimoniosa que se lhe segue.

E essa mesma melancolia,
em mim,
por falta de método que a obrigue a outra coisa,
não é uma tristezinha mas uma tristeza alegre,
se no dia estou adjetivo.
E alegria triste, se me deixo estar substantivo.

Mas do que lhes quis falar,
sem lhe dar destaque imerecido,
é que o medo eu não o convido!

E se não o convido não pode restar.
É só um passageiro que está de saída.

E vem o dia e ele se presta
a nos achar contentes.
Rentes!
E, sim,
amalgamados no que isso tem de bom.
Porque há sempre bem nisso tudo!


REC-CNF, 17/6/2019.

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