domingo, 22 de abril de 2018

EDIFÍCIO

Não descanso!
O ranço não me deixa.
Roça-me o ódio sórdido
dessa espécie de seita.

Pensam que não me atingem,
mas sou irmão do quanto se odeia.

Sou judeu.
Sou negro.
Sou mulher.
Sou gay.
Sou trans.
Sou palestino.

O que não me vem à face
revolve-me, intestino.
"Intestino"não sabem o que é.
Não sabem do que está dentro.

Não sabem, pois,
se nos odeiam,
sobre do que estão feitos.

São feitos do mesmo que nós.
São feitos do mesmo,
apenas em nós.
Nós de marinheiros que não sabem seu ofício.
Navegam no preconceito porque amar é-lhes difícil.

Mas não vamos odiá-los,
descartá-los,
olvidá-los.

Com as pedras que nos atiram
vamos edificá-los.
Melhorá-los para todos,
para todos nos habitarmos.

A Escola tá pronta,
o programa já foi dado.
Só falta nos aplicarmos à lição.

E se não querem lhes damos cola,
que cola de Amor é perfeição.

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