quinta-feira, 31 de outubro de 2013

INFANTE

Se eu pudesse voltar atrás,
até quando voltaria?
Até resgatar a inocência
que não cabe nos meus dias?

Nunca me causou terror
a mão que balançava o berço,
mas a acidental anca adjacente
já me acendia o desejo.

E não sei se minha infância
foi a casa da branca ternura;
pode ser que a verdade
fosse outra bem mais dura.

Na esperança de que as moças bem feitas
fossem esperar por mim,
gastando em minhas bochechas
todo o seu batom carmim.

E de que me valeria
voltar na cadeia causal,
se sou um justo criminoso,
justo por ser animal?

Então interrompo a história
da pequena vilania.
Traga-me a moça, depressa,
sua rica sesmaria e

recuperado encetemos
hereditária capitania.

Nenhum comentário:

Postar um comentário