...gosto de não ter namorada
de ter gentileza alada
de dar flores a quem aparece
...gosto de não ter compromisso
eu nem nada entendo disso
e sorrio ao que me apetece
...gosto sem muito esforço
...gosto irrestrito torso
mão espalmada à rua
...gosto mas até quando?
...gosto mas não me deixo
estar na vida sem agruras
quarta-feira, 28 de março de 2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
domingo, 25 de março de 2012
Ver Bête
"Amealhar":
Ato em defeito
De dar-se meia vida
Lutando por muito mais
Do que precisa
Te distingue o que
Tu pensas
o que
Tu sentes
o que
Tu fazes
Pazes!
Sois rapazes!
Não rapaces
sexta-feira, 23 de março de 2012
Com Cecília - "Saldosa" Dívida
Canto porque o instante existe
Canto mas já não insiste
Em estar-me o que me instou
Encantos que dobram esquinas
Encantos que viram olhos
E saltam da janela a menina
Aonde vais, pupila, a correr?
E se acaso aqui não estiver
Quando a felicidade acorrer?
Felicidade não é de pressa
E se vai que se despeça
Como antes nos saldou
quinta-feira, 22 de março de 2012
4 no one
Arriving from a city
So far out in the south
I experience such liberty
One has never heard resound
No knows of my coming
No one knew my whereabouts
And I'll be leaving as soon as landing
The sole writer of my plots
No one lives with me
No one lives in me
No one, thus, leaves me
I inhabit all of my parts
I'll endure no depart
Tear me, heart, apart!
Confins, 19/03/12
quarta-feira, 21 de março de 2012
Poa III
Do Salgado Filho à cidade
É um pulo
Cidade espalhada
Desconcentrada
Nada de Galeões nos Confins
Verdespalhados parques
Redenção, Parcão
O sotaque canta simpatia
E me ganha
Poa entoa!
Um cidade em que
N'ua esquina
Castro Alves tem com Goethe
É despir-se a sorte em quina
Loteria literata
("Luz!" pediu o poeta)
Castro Alves ter com Goethe!
Quina literária: Alegrete
Quina literária é Quintana
Cata ventos, Moinho de Vento!
Na Zona Sul existe um rio
Que na verdade nunca existiu
Existido, certo, em lago
Vão minh'alma e o sol à nado
Para biririzontino é cidade prima
Prima por me agradar!
Porto Alegre, 18/03/12
segunda-feira, 19 de março de 2012
Poa II - Tricolarada Refeição
Um dia hei de habitar
Um pastifício de nove andares
A que os comensais chamarão
Satisfeitos
De seus lares
Internancional preferência
Feliz agremiação
Sentemo-nos todos à mesa
Tricolorada refeição
Porto Alegre, 17/03/12
Um pastifício de nove andares
A que os comensais chamarão
Satisfeitos
De seus lares
Internancional preferência
Feliz agremiação
Sentemo-nos todos à mesa
Tricolorada refeição
Porto Alegre, 17/03/12
sábado, 17 de março de 2012
Poa
Meu canto gaúcho começa
Encanto em subversão
Na capital não aportamos
Mas viemos de avião
Mas se pra seguir no pacto
Devo deixar estar-me triste
Ofereço-te o destrato:
Grite!
É alegre que festejo
Este canto é emoção
Arquitetura disfarçada
De engenhoso coração
Olhos que daqui vislumbram
Outras paragens, capitais
São os que me cegam lúcido
Luzidio das Gerais
Aqui aportarei
É certo!
Inda outra muita vez
Que já levei o quinto em ouro
Sem derrama, decreto ou rei
Anoiteceu em Porto Alegre
Uma aurora bem 90
Anoiteci em Porto Alegre
Quem não vem que se arrependa!
Porto Alegre, 16/03/12
Encanto em subversão
Na capital não aportamos
Mas viemos de avião
Mas se pra seguir no pacto
Devo deixar estar-me triste
Ofereço-te o destrato:
Grite!
É alegre que festejo
Este canto é emoção
Arquitetura disfarçada
De engenhoso coração
Olhos que daqui vislumbram
Outras paragens, capitais
São os que me cegam lúcido
Luzidio das Gerais
Aqui aportarei
É certo!
Inda outra muita vez
Que já levei o quinto em ouro
Sem derrama, decreto ou rei
Anoiteceu em Porto Alegre
Uma aurora bem 90
Anoiteci em Porto Alegre
Quem não vem que se arrependa!
Porto Alegre, 16/03/12
sexta-feira, 16 de março de 2012
Trás-o-Horto Tão Ainda
Percorrendo os corredores
belorizontinos
Sinto sobrepor-se-me um prazer
Que só poderia ser excedido
Se não sucedendo o sucedido
Pudesse mirá-los
Com olhos de 40
E cabeça tão de agora
Que visse no haver verde
Algo extraordinário
Vejo da janela
Tão Seattle
A torre de Nova Lima
Qual spaceship
Topo do meu mundo
E deslumbro o estar nos arredores
Da cidade Trás-o-Horto
E traz-me vivo
De morto
Respirá-la tão ainda
Francisco Sales
Álvares Cabral
Gustavo da Silveira
Que cidade plantadeira
Vejo em traços me deter
E me detém
Plantado tem
Muito mais que me retém
O trânsito
Se transito pela janela
Muito mais que
Pára brisa
Tardes de dias de feira
Vagabundos
Em que tantos correm mundo
E eu só quero repousar-me
Repousar-me arte
Repousar-me em parte
Que um fluxo resistente
Esse fluxo insciente
É vivente
Zona Sul, centro
O diabo!
Me insulam no meu quarto
Eis-me um'ilha
Só de ver
quinta-feira, 15 de março de 2012
737 Land Yin
Os campos como vistos do avião
São como os vivo
Imagem em ação
Fílmica
Música
Bíblica
Intocáveis
Inconsúlteis
Belos
Inúteis
Torno a eles porque voo
Entorno-me neles
porque sonho
Porque sonho...
...solo
Que verdade É
se não a interpreta
ação?
São como os vivo
Imagem em ação
Fílmica
Música
Bíblica
Intocáveis
Inconsúlteis
Belos
Inúteis
Torno a eles porque voo
Entorno-me neles
porque sonho
Porque sonho...
...solo
Que verdade É
se não a interpreta
ação?
quarta-feira, 14 de março de 2012
Amaturus
A manhã amarei
até à tarde
À manhã armarei
um sol que arde
En pasant sei-me ter
Gozo em alarde
À noite apascentei
Com a noite a paz sentei
E foi-me parte
até à tarde
À manhã armarei
um sol que arde
En pasant sei-me ter
Gozo em alarde
À noite apascentei
Com a noite a paz sentei
E foi-me parte
terça-feira, 13 de março de 2012
A Certa
Certas coisas são impossíveis
Incertas coisas...
Certas coisas não se provam
Mas prova-se delas
Incertas coisas...
Certas coisas não se provam
Mas prova-se delas
segunda-feira, 12 de março de 2012
Belas a tramar
Mesuras nos salões
Usuras de sacristia
Frescuras de portões
Ternuras não se vão aos dias
Mas há na noite quem se afoite
em dar-se
E quem em açoites do prazer
se esquece
Entre os que as gozam, os que as grafam
ou medem
as belas tramas do querer
Se tecem
Marinado em supetão, em aula sobre os que grafam.
domingo, 11 de março de 2012
sexta-feira, 9 de março de 2012
Cravata Miséria
Sou sem vergonha burocrata
Se o fazes por necessidade, transige-o!
Mas não me deixo cair, isso me exijo
Na condição de burro de gravata
E não podendo mais me dar que pálio, abrigo
Saibas que não o digo por bravata
Mas pra verter a alma, o intestino
E evitar deixar-me em pólo, o que maltrata
Do que o real impõe não me dês pista
Que bem maior atinjo em radicar no sonho
E não no quadro que o mundo habita
Esse que vem pronto, tão medonho
E este palavrório, o que lanço
Não sei se o cunho ou se me alcança
Mas serve à expressão da esperança,
O bem que superá-lo não alcanço.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Uma Ideia Pangeia
Lá estávamos nós, na aurora dos anos 2000, matriculados em um curso de francês com ares de coisa oficial, todos animados e orgulhos do heroico esforço de nos despojarmos da cama, por conta própria, em plena manhã de sábado, para pagarmos tributo a Balzac, Voltaire, Descartes, Sartre, Rimbaud, Baudelaire, e companhia quase ilimitada, apesar de exclusiva, de um certo ponto de vista.
Sacrifício, sim, mas as aulas de sábado na Aliança, no entanto, têm um je ne sais quoi... Aliás, vírgula! Je sais! Têm um ponto social bacana, já que a aula é cindida, havendo um intervalo que superfavorece a socialização.E sempre me joguei...
E eu me apegara a isso! Tendo como tantos contemporâneos ido cedo bater à porta de um curso de inglês, adorava já esse tipo de ambiente. E já dali à Ibéria de Almodóvar e Cervantes para passar então a essa nossa boa empresa francófona.
E não era privilégio meu. Lembro-me bem desse cara, Juliano, que estudava por força do trabalho também o espanhol, e que não hesitava, muito positivo, a responder a todas as perguntas de Madame Suzana com um corajoso “Si!”. Só lhe faltava o “como no!?”. Tinha também a Grazi, que também cumpria pena em Faculdade de Direito (coisa endêmica naquela família) e que também já zanzara outras línguas.
Mas, como diria o Oswaldo, não era isso que queria falar!
Como bem mostrava meu exemplo, e o do tal Juliano, e tantos outros, lá estávamos nós, em meio à globalização feroz do virar do século, cumprindo uma sua suposta imposição, passo árduo-prazeroso do processo: a aquisição da língua do outro. Eu, já em vias de me tornar servidor público, não via utilidade imediata naquilo, privado que seria dos livres concorrentes, mas bem me aprazia então me lançar um dia ao em que agora me vejo metido, a leitura de originais.
O fato, cara, é que como sabemos, bem antes de aviões e internets e tais, já o povo perambulava por aí. E não pense o senhor que a Aliança veio dar aqui no navio que trouxe o Tomé de Souza. Atrevida gente zanzando o Globo!
E não é que já nas primeiras aulas lá estava o Flávio, primo do nosso bom Ronaldo, pedindo dicas turísticas parisienses à Madame? Assustado daquela aparente ousadia, indaguei:
-Mas Flávio, a gente ainda está no básico 1 e lá vai você sem par à França?
-Gabriel, Gabriel! E o senhor acha que mudos não viajam?
Atrevimento avança!
Fiquei mudo; besta já era, está visto.
Com ou sem visto, mundos viajam!
Com ou sem visto, mundos viajam!
quarta-feira, 7 de março de 2012
Umpo Ema - Batista Livorno
Um poema não tem cheiro
Um poema não tem nojo
Um poema não tem dono
Um poema não é novo
Um poema sai sem pena
Um poema entra em todos
Um poema bem se rima
Em poemas eu me morro
Mas poemas me renovam
Um poema não é estorvo
Um poema porque quero
Um poema sai do forno.
Um poema é o que houve
Porque ouve de você
terça-feira, 6 de março de 2012
Queen's Bath= In the Nude
It is not easy
To feel at ease
Not when your soul freezes
Not when your core burns
But do it, please!
Take it easy
Take a turn
Make it right
Left lust
Purity
Clarity
Cup of tea
Purity
Clarity
Cup of tea
segunda-feira, 5 de março de 2012
Apotropaico - Sonato Insoneto
Um querer opaco de consumação
Um laivo diáfano de supressão
Acima o de baixo, o do alto ao chão
Locus propício ao desejo e à razão
Se rola na relva ou hidrata o grotão
Nem mesmo por isso o esforço é em vão
A carne em juízo de retratação
Não pede o açoite ou se perde em oração
Fendido o desejo
Deixado o ofendido
Previsto o ensejo de amor mal carpido
Fingida distância
Encoberta operância
Nada ferisse o desejo em jactância
Es nobis nobilis
Es no bis
Brasília, 03/03/12
Um laivo diáfano de supressão
Acima o de baixo, o do alto ao chão
Locus propício ao desejo e à razão
Se rola na relva ou hidrata o grotão
Nem mesmo por isso o esforço é em vão
A carne em juízo de retratação
Não pede o açoite ou se perde em oração
Fendido o desejo
Deixado o ofendido
Previsto o ensejo de amor mal carpido
Fingida distância
Encoberta operância
Nada ferisse o desejo em jactância
Es nobis nobilis
Es no bis
Brasília, 03/03/12
sábado, 3 de março de 2012
Medo Mendaz
Sou o que fala ou o que faz?
Sou o malfeito ou o falaz?
O bem que deito veraz!
Recluso à resposta
Cerrado em meu peito
Se reverbero mais dito que feito!
Se reverbero bem dito: que efeito!
Já não ecoo o maldito defeito
Recluso à resposta
Cerrado em meu peito
Se reverbero mais dito que feito!
Se reverbero bem dito: que efeito!
Já não ecoo o maldito defeito
Ruborizado o rosto que afeito
Não do pendor imoral... contrafeito!
Cortado no couro, por coro desfeito
Cortado no couro, por coro desfeito
Pensando melhor: dito e feito!
Brasília, 1 de março de 2012
sexta-feira, 2 de março de 2012
V'iniciado - intragáveis ao antes
Com vinhas nesta varanda
Convinha às vezes a gente
Pisar
Fermentar
Beber
Mas certas muito boas coisas
Só se tragam envelhecidas
Envelhecidos...
A ver!
Brasília, 29/02/12
Convinha às vezes a gente
Pisar
Fermentar
Beber
Mas certas muito boas coisas
Só se tragam envelhecidas
Envelhecidos...
A ver!
Brasília, 29/02/12
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