Do proscênio observo o tablado
e me pergunto do meu lugar,
de fora, calado.
Me abrigo no escuro.
Há luzes no palco.
Talentos se desenvolvem.
Há muitas cores e vozes.
Das minhas ninguém sabe nada.
Eu, que me anoto nesta folha pautada.
O Carnaval dura pouco
e muitos o chamam ilusão.
Do que discordo por muito.
Há tanto confete no chão.
Tanta serpentina.
Como pode ser falso o vivido
com intensidade tão bonita?
Com tanta verdade?
A fantasia sendo, de fato,
o de que mais me contento?
E foi nesse espalhafato
que verti o que me ia dentro.
Alegria não tem confim.
Alegria muda de plano.
Columbinas, Arlequins.
A gente segue sonhando.
O sonho é tão vivo
quanto se acredite nele.
E noto que ainda respiro.
(É meu perpétuo lembrete).
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