quinta-feira, 9 de maio de 2019

UM PASSO

Vá,
discreto como os essênios,
ao mais profundo de si.
Perceba o que chora,
o que implora,
o que ri.

Repare o que pede reforma,
labor lento que não se detém.
E note: o progresso da obra
vale cada vintém.

E o vintém só vale suado,
a conquista cotidiana.
Não há de vir de pura sorte,
nem de nenhuma gincana.

Vai o empenhado à essência,
desconhece filigranas.
Sabe ser o consorte
de tudo que em volta ama.

E amar amam todos,
mesmo se não se consagram.
Ama o que se sente inteiriço
e o que se tem por retalho.

Sobra-aqui-falta-ali,
e tudo integrado se completa.
E a cada um que repara
menos um passo pra meta.

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