domingo, 29 de julho de 2018

TRANSLÚCIDO (Astrais)

Para Pepe Mujica


Atento ao que debatem os astros,
alvejando-me de branco em translúcido,
pergunto-me quando foi que tive
sorte no amor.

Ou será que  a tive até desperdiçá-la,
e que era certa toda aquela profusão de moças?
Se era certa a profusão fiz certo,
andei bem!

Pergunto-me se terei tido sorte no amor.
Que posicionamentos o garantiriam
se não tive a melhor posição?
Se não adotei a melhor postura
como aliviar esta muita contratura?

O mais culpado dos músculos,
o mais ingrato, que nunca se voluntariou,
esse não se fadiga!
Garante que o espetáculo prossiga,
apague-se ou acenda-se a luz.

Que senda mais te seduz?
A de andar sob o sol ou a de se enganar sob a lua
fingindo que é outro o belo lume que te ajuda?

Nada há de belo em caçar borboletas,
porque nada há de belo em caçar.
Nada há de belo em colecionar selos,
que não há beleza em colecionar.
Nada há de belo em amealhar.
Não sente?
Fulgura!
Faz triste figura o possuído das posses!

(A leveza é melhor sorte.
 Aceita esse suspirado toque!)

Fui, sim, brumas,
até meu sol brilhar.
Até meu sol me brilhar,
lapidar, sol-estação!

Não se gabe do que te orbita.
tudo é concêntrico,
ou correspectivo!

Ser exclusivo não é bonito,
só desculpa pra avareza.
A beleza é o comum a todos.
É ninguém ter estojos.
Tudo ser útil e só ser útil o necessário.

Pra que o voluptuário?
A gente mais canhestra faz as regras,
e a que finge não sê-lo as aplica.
Ninguém atina!
Ninguém cogita
do grande mal que há nisso.

Volte a ser menino,
mas esse menino já formado.
Menino aceso, consciente.
Uma vida é tão de repente!,
só retenha as cores.

E se as retivermos faremos aquele branco.
Você se lembra?
Aquele velho manto branco
que é o belo manto da paz.
O branco de todas as cores,
de todas as cores astrais.

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