sábado, 17 de fevereiro de 2018

SILÊNCIO ELOQUENTE

A musa cansou de ser cantada.
Escrever-lhe não me valeu nada!
Gosta de mais movimento
(o do lápis é-lhe muito lento...)

Sou ágil de boca;
que palavra afoita a do homem loquaz!
Mas minha lentidão gráfica
não é garantia de paz.

Ela gosta de baile,
e não tenho jogo de cintura.
ÀS vezes não sei ser suave,
porque sofro o sequestro da fúria.

Prefiro vitimá-la de rapto,
que é infração mais gostosa.
Em meu tempo integrava-lhe o tipo
o ser conduta libidinosa.

Mas claro que só quero  com consenso!
Esse é o verdadeiro concurso!
O que me dá quando me joga o lenço,
não o que se faz pra ser tribuno.

Moça morena, que silêncio é esse
com que fustiga este rapaz?
Será que me aplicou essa pena
pelo crime de cantar demais?

O amor não tem medida!
Me socorra, Santo Agostinho!
Não quero me conformar ao golpe
de já não ser seu melhor destino.

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