segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

COGITO ERGO SUM PAULO

São Paulo é uma ilha
que contém o arquipélago.
São Paulo me humilha
se por aqui me pego
entregue à velha mania
de achar que o brilho é meu.

São Paulo, quem com você se mede
não sabe que já morreu.
Pois se toda a vida está aqui,
se aqui por toda parte pulsa,
é claro que não está em mim,
como já não está a repulsa.

O que importa se seu sotaque
não é o da gaúcha?
Toda capital é o porto certo
se me ancoro com alegria.
Que bela terra a da garoa!
Mesmo se Poa é mais fria...

Não está escrita no mar.
Não são belos seus horizontes.
Mas só de de tudo se achar,
só porque nada se esconde,
é o bastante pra justificar
que lhe venhamos não importa de onde.

Tudo para aqui se atrai,
como se capital do mundo.
Vem-se para sofrer,
para ser marginalizado.
E dar-lhe novos ares,
dos em outras paróquias batizados.

Venho para desvairar!
Chover no meu já tão molhado!
Eu, que estiolo de mim,
quero estiolar sob seu mau olhado,
que amaldiçoa meu mineirês,
como se vindo do roçado.

Mas os roçados são todos bons,
mandam-lhe os alimentos.
Nenhum gigante se sustenta
se não lhe dão seus suprimentos.
(Todo carretão não prescinde de pavimento...)

Tudo de farto e grande
já foi pequeno e sedento.
Lembra dos Jesuítas?
Lembra de seu nobre Nóbrega?
Lembra de Anchieta,
que o tempo encobre e recobra?

São Paulo, não sei te cantar!
Pra tanto a voz não me chega!
Sempre fujo depois da visita,
pra ver se tudo se me ajeita.
Sou poeta diminuto,
não me cabem imensidões.

(Salvo imensidões mundiais,

como o Sertão de Guimarães...)

Tantos Andrades me habitam,
não sei por que não os grito.
Nem ao de Baependi,
que podia ser meu primo.
(Pelo menos sua galhofa
eu sei que é parte de mim...)

São Paulo, este poeta não te importa,
mas te importa pra si!

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