Estou no bico do corvo;
daqui já não me movo.
Estou mais inamovível
do que meu amigo juiz.
(Disse-o por pensar neles à palavra;
nem inamovível eu encarava.
Nem ganhando auxílio pra morar,
quando os proventos tão bem sustentavam.)
Mas ao topo de novo:
Estou no bico do corvo
e nem com amigos promotores me salvo:
sou estertores!
Mas sabe, a vista é esta:
Nem "subir Bahia",
nem "descer Floresta";
a vida é o último dia.
Não importa se foi abastada,
não importa se foi modesta;
a vida se vê acabada
e não queremos deixar a festa.
O meu caso seria bem esse;
não fui bem escravo dos prazeres,
mas cultivei meus interesses,
investindo-lhes tempo e dinheiro.
Foi muito A.T.P.,
muita caloria, muito fosfato;
não cedi a percalços e fardos e
Poliana, de tudo tirei um caldo.
Fico pensando nessa gente precavida,
que tem outras preferências;
gente que depreca a vida
por não ser de sua competência.
Desaforam o julgamento,
levam o réu que são a outro foro;
poupam-se todos os tormentos,
e desejam os emolumentos dos outros.
Mas não gasto com eles mais tempo,
estou no bico do corvo.
Já deu a hora: 21:15h:
Corita acertou a hora do pouso.
CNF-BSB, 6/2/15.
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