CRIATURA
Vivo e respiro cultura;
quero até ver o que cria
a mais torpe criatura!
E decanto a realidade
do que outras cabeças inventam.
E do que urdimos, eu e outros,
vai-se fazendo meu sustento.
E me nutro e fortaleço
do néctar de vária flor.
E vai ditar o quanto cresço
o de que puder dispor.
Em tão espesso caldo se cultua
o que me basta a anos a datar;
e me conhece o que no que eu faça,
disfarçado, me consegue achar.
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