domingo, 11 de março de 2018

CANCIONEIRO

Haurido de mim, 1berto Gessinger, Guns N' Roses, Nirvana, Metallica, Sepultura, Queen, Sá & Guarabyra, Titãs, Drummond, Cecília, Machado, Vinícius, Herberto Helder, Lô Borges, Beatles, Hilda Hilst.




Tudo que amei terei pra sempre
na vastidão sem paredes da memória.
Na amplidão sem peias da gratidão,
com a detença que me franqueie a sentença infalível do tempo,
essa tela linda em que me desenho no traço que posso.

O exército de um homem só,
mesmo se detesto exércitos 
e só pratico a solidão a tempos e por escolha.

A Cidade Paraíso,
de grama verde e garotas bonitas,
mesmo se não acredito que o paraíso seja isso,
que não me confino no pasto.

Achar amigos na minha cabeça,
acender a vela de mim,
ou içá-la em deslumbre por ter-me encontrado Deus.

Saber que há o que seja triste mas verdade,
e absorver o peso do compasso,
girá-lo a círculos mais bonitos.

Ver o mundo velho, velho.
Morto, morto.
E saber que renasce e renasço
e já tudo pode ser novo.

Notar que não sucumbi à pressão que parecia esmagar-me,
esmagar-nos.
E que o amor é uma palavra velha e demodé que merece todas as chances e será nossa última dança e nossa redenção.

Fugir com o circo, nos braços do palhaço, cheio de paixão,
ou trepar em pernas de pau, num panorama,
porque lá do alto deve ser bonito.

Lançar-me à diversão à balé, 
mas saber que será sempre o que a vida quer,
mas que estou inscrito desde sempre como seu parceiro
para todo a ser escrito, em pautas e solturas,
e em suturas até. 

Saber que as Minas são mais bonitas vistas de longe,
mas porque é de lá que lhes volto, devoto,
e com os olhos cheios de cores e a alma expandida.

Saber que o instante existe e a minha vida se completa,
se completa sem cessar.
Que o poeta nem alegre nem triste não precisa se entregar ao pesar,
pesar-se.

Valer-me da pena da galhofa, da tinta da melancolia.
Mergulhar uma na outra para que a minha tristeza sorria,
nessa curva que sabe que sobe,sabe que desce
e o aceita com sabedoria.

Saber que sonetos se fazem da fidelidade,
da separação, e que não preciso ter-lhes o fôlego
ou saber-lhes a escansão. 

Saber que todos os lugares são no estrangeiro
e todos os estrangeiros têm pátria em mim.

Que homens se fazem de sonhos e sonhos não envelhecem.
Basta que o fiador cumpra a fiança e saiba que são seus
porque sempre os tece.

Saber que há lugares de que me lembrarei toda a vida,
malgrado muito se mudem, às vezes em meu desagrado.
Que os amores estão mortos e vivos,em aclive e declive, 
e que não são meus porque nunca os tive,
foram sempre foro livre,reinos de movimentação.

Saber que sou Gabriel e só anuncio minha própria verdade,
tanto quanto a conheça,
tanto quanto permita que aconteça.
Que não existe dedo em riste em lição que não se esquece
que diga, melhor poeta, que poesia não dá camisa,
pois o que importa é que aquece!

E te olhando me olhar
te vi vendo,
vivenda da paz.
E escrevendo
hás!

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