Como sísifos contemporâneos,
vivemos na eterna consciência
de que o tempo nos escapa,
de que nos faltará.
Eternamente desinventamos o relógio.
Não no belo sentido de vivermos nosso tempo
livres inteiramente de mensurá-lo,
mas no trágico sentido de ignorá-lo.
Não damos mais do que temos,
mas sem saber se ainda temos,
o que ainda podemos,
do que precisamos.
Mas nos embelezamos.
Como se a virtude sendo impossível
sua aparência bastasse.
Retiramos as pilhas do relógio
para que nada mais acabe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário