Às vezes me pergunto se estou aqui,
embora as pessoas me atendam (se solicitadas)
e sejam gentis.
A música que me move não fiz.
Toca-me e não sei tocá-la.
O que eu escrevo não move, paralisa
ou espanta ninguém.
Mas, num segundo olhar,
viver não é para quem.
Não é para que nem aonde.
Viver é como.
Como se Deus existisse e
a justiça fosse plena (extraterrena).
Como se o amor fosse o modo,
a moda e fizesse sentido.
Como se não nos apegássemos, tanto,
a isso do "não preciso de nada disso".
Como se fôssemos a mais.
Como se qualquer um fosse capaz.
Como se a suposta exumação do Cristo interno
se revelasse resgate.
Como se para o paraíso não se precisasse de reserva,
passagem ou ingresso, mas da imitação sincera dos bem-aventurados.
Como se herdar a Terra não fosse açambarcar a herança alheia.
Como se pudéssemos nos alegrar com o retorno do extraviado mais
do que com quem nunca errou.
Como se estivéssemos certos (mas certos)
dos sinais e do que sinalizam.
E sobretudo como se soubéssemos estarmos,
pela escassez do tempo, de sobreaviso.
Espero que tenhamos a certeza.
E que mantenhamos a lâmpada acesa.
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