terça-feira, 25 de novembro de 2014

ME ARRANJO

Todos os dias sou parido,
e pasmo: Que mundo é este que me tem acontecido?
E vêm-me dias surpreendentes:
"Nem tentes! Não há abrigo!"

Não há como proteger-se
dos efeitos da rotação da Terra.
E o dia se dá por inteiro,
numa conta que nunca erra.

São vinte e quatro horas, é certo.
São vinte e quatro horas, exceto
as horas que você durma.

Ou talvez nem adiante dormir,
porque os sonhos tidos assim
são um tempo vivido em penumbra.

Então crio forças pro dia
(Eu as crio, porque não as tenho!)
E porque forças puras não me rendem,
eu as ponho a serviço do engenho.

Porque trafegar pelo mundo
é pura decifração.
E a cada passo, atento, depuro
as notas da estranha canção.

Mas, em que pese o tumulto,
parece às vezes tudo tão perfeito,
que não me resta pensar sobre o mundo
senão que não é acaso, foi feito!

E já que do mundo não me evado,
vou trilhá-lo de pauta na mão.
Pra ver com que arranjos me conserto,
ou se me concerto com a composição.

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