quarta-feira, 19 de novembro de 2014

#hodierno

Lá vai a moça, carente.
Coração na mão, 
como batata quente.
Oferece-o ao ateu,
oferece-o ao crente.
Mas não são tempos de fervor
(para nenhuma gente!)


O tempo é o da solidão,
mesmo aquela acompanhada.
Tem-se todos na mão,
e não se tem nada!

Tinham mais conexão
o vovô e as cartas.
Quando do Turcomenistão
não se sabia nada.

E quem entende os macetes
dos tempos modernos,
em que se está de longe
mesmo se estando perto?

Melhor era o desfile alegre
pelo passeio público,
que as moças tinham esperança
que as levasse ao púlpito.

Onde o padre, inspirado, proferiria,
ora escravidões, ora alforrias,
misturando (quase sempre) 
o lamento e a alegria.

Mas não esteja a moça combalida,
estes são tempos de festa!
Jamais antes se viu
tamanha oferta!

Muita gente estrepitosa,
num mercado em expansão.
(Há órgãos muito mais prementes
do que o coração!)

Adapte-se já! ESqueça o lamento!
Não há mesmo como voltar no tempo!
O que houve outrora já não existe,
e só nos resta perfilar a alegria triste!

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